O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

O elogio da roulotte Samuely

Das duas vezes, nos santos populares, andámos entre o Fluvial e o Passeio Alegre. A oferta de diversões, comes e bebes é satisfatória e circula-se mais à vontade do que na Ribeira ou Afurada. No S. João não vimos o fogo de artifício ao vivo, mas, para compensar, no S. Pedro assistimos de palanque - primeira plateia, coxia central - ao foguetório, que não foi pior, antes pelo contrário.
Nas festas, a Marginal tem matrecos, carrosséis, pistas de carrinhos de choque, roulottes de bifanas e pão com chouriço, barracas de doce da Teixeira, e o Cabeças, tenda com mesas corridas onde vendiam deliciosas sandes de um porco assado no espeto, à vista de todos, empurradas por cerveja fresca em canecas de grés estupidamente geladas.
Faltavam os pimentos e sardinhas, assadas na hora, mas não as incontornáveis farturas. Na noite de S. João, fiquei freguês das do Pavilhão Samuely. Voltei no S. Pedro e demorei-me a analisar o processo produtivo, enquanto comíamos as farturas empoleirados na colina de relva do jardim do Cálem, ali ao lado do monumento que celebra a conquista de Ceuta e nos recorda porque somos tripeiros.
Eram só três a trabalhar. O pai (presumivelmente Samuel) e duas filhas, ambas sub-18 (cruz, credo, canhoto! exploração de trabalho infantil!). O Samuel manejava com destreza o tubo, espalhando circularmente a massa na frigideira XXL com o óleo a ferver, virava a rosca gigante e depois, com ela já tostada, depositava-a no tabuleiro lateral, e voltava ao início, enchia o tubo...
Ao lado uma da outra, sem nunca se atropelarem nem deixarem cair um sorriso verdadeiro (se não era contratem-nas já para os Morangos com Açúcar!), as duas miúdas atendiam a freguesia, faziam marketing (um irresistível: "Meia dúzia são quatro euros, mas olhe que por cinco leva nove " ), cortavam as farturas, polvilhavam-nas com açúcar e canela, davam o troco e passavam ao cliente seguinte.
Enquanto esperava o fogo, maravilhei-me a apreciar a eficiência, precisão e profissionalismo do trabalho na roulotte Samuely, onde apesar da forte procura nunca se chegou a formar bicha.
Depois, para matar o tempo, entretive-me a imaginar o pesadelo que seria se nacionalizassem os carrinhos de choque e guarnecessem com funcionários públicos as roulottes de bifanas e farturas. Meeeeedo! Seria um Inferno - pior que o do Dante e do Dan Brown juntos.
Belmiro disse uma vez que o Marques Mendes nem para porteiro da Sonae servia, porque com a sua verborreia confundiria os visitantes. Na noite de S. Pedro, convenci-me que o Cavaco, o Passos e Portas nem para gerir a pista dos carrinhos de choque serviam. E que o Seguro, o Carlos Silva e o Arménio, todos juntos, levariam à falência, enquanto o Diabo esfregava um olho, a roulotte Samuely. Meeeedo!
Arre porra!, que tristeza que é haver neste país tanta gente boa e amante do trabalho e nós termos de aguentar com um cambada de incompetentes e ladrões de impostos instalados no poder em Lisboa.



Jorge Fiel, no JN

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