O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Roberto e o BPN

Tenho de começar por pedir alguma calma ao leitor, porque não quero que seja induzido em erro numa leitura apressada deste título. Já sei que estamos em plena "silly season", mas não se assuste, não, não foi o BPN que comprou o Roberto. Por um lado, nem todos os maus negócios são exclusivo do banco que já patrocinou o Scolari, e por outro, tanto quanto se sabe, o BPN já não tem defesa possível. De que lhe serviria o Roberto?

Não foi a troika que impôs ao Benfica a venda do seu guarda- -redes Roberto, mas é pena que quem foi capaz de o vender nas condições tornadas públicas não possa ser convocado para vender o BPN.

O guarda-redes espanhol que o Benfica foi comprar ao Saragoça (diz-se) por 8,5 milhões de euros acaba de ser devolvido ao seu clube de origem por (diz-se) 8,6 milhões.

Depois de ter sido a maior contratação de sempre de um guarda-redes por um clube português, as suas exibições, a sua insegurança e os seus "frangos" comprometedores pareciam garantir-lhe o único título digno de nota ao serviço do SLB: o maior flop de sempre na história do futebol português. Tendo em conta o binómio falta de qualidade, preço.

Eis senão quando rebenta a notícia futebolística do defeso. Luís Filipe Vieira tinha sido capaz de vender o Roberto... ainda por cima com lucro!

Proponho desde já que ao novo acordo ortográfico se possa acrescentar um acordo sobre a queda em desuso da célebre expressão "desde que vi um porco a andar de bicicleta, já acredito em tudo".

Que seria substituída pela nova formulação, "desde que vi o Luís Filipe Vieira a vender o Roberto por 8,6 milhões de euros, já acredito em tudo".

Mudando ligeiramente de assunto, até para fazer jus ao título desta crónica, também confesso que se visse alguém ser capaz de vender o BPN sem extorquir mais impostos aos contribuintes portugueses passava a ser capaz de acreditar em tudo.

Até mesmo que o "frangueiro-mor" do último campeonato foi capaz de dar lucro ao clube que o tinha comprado por mais de 8 milhões. Esta autêntica novela em que se tornou o caso BPN tem feito correr rios de tinta, mas o que é muitíssimo mais grave é que também tem feito escorrer rios de dinheiro dos bolsos dos portugueses. E como se podia ler no JN de ontem, não se sabe quando se estancará essa corrente.

Como diz com o saber de experiência feito um amigo que muito prezo, quando devemos mil ao banco, temos um problema. Já quando conseguimos ficar a dever um milhão, quem tem um problema é o banco.

Ora aqui temos mais uma sentença que precisa de ser actualizada. Quando passa a ser um banco a dever e em vez de mil ou um milhão, são mil milhões, o problema deixa de ser do banco e volta a ser nosso outra vez.

Infelizmente, parece ser este definitivamente o caso do BPN. Mesmo que o Estado o venha a conseguir vender por uma centena de milhões, ainda ficam para trás muitos e muitos milhões (acho que ninguém nunca saberá ao certo quantos) que entraram directamente para o passivo dos portugueses e de lá jamais sairão.

Sou mesmo capaz de repetir, sem medo de virem um dia a fazer graçolas com a palavra, jamais sairão.

Aparentemente, o BPN foi nacionalizado porque estava falido. Não seria o primeiro e não teria de ser certamente o último a fazê-lo.

Como acontece na vida dos negócios, todos os dias abrem e fecham empresas e um banco não deveria ser muito diferente.

Não me interessam para aqui as circunstâncias rocambolescas do caso, que andam a ser apuradas noutra sede.

O que me interessa e lamento que continue por explicar é por que é que quando uma empresa qualquer declara insolvência, os seus donos e os seus credores têm de se amanhar com o que sobra e no caso do BPN o Estado achou que tinha de lhe pôr a mão por baixo.

Que se saiba, no BPN não havia meninos. E se existiam borrachos, deviam ser só para consumo privado...

JN: Manuel Serrão

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O(s) Mensageiro(s)!

Nasceu um novo governo e um "novo" modelo de governação.

Até há cerca de 1 mês atrás, tinhamos um primeiro-ministro que se escondia atrás das estatísticas, mentiroso e falso é certo, um "artista" da política, valha a verdade. Mas, básicamente, era só 1 e nós já sabíamos com o que contávamos.
Hoje, confrontamo-nos com vários "artistas"  da arte política, qual deles o melhor e somos todos os dias surpreendidos com (más) novidades.
Primeiro foi o "artista" que é primeiro-ministro, quem não se lembra das suas afirmações: "...já chega de aumento de impostos...os cidadãos não podem continuar a ser penalizados com aumento de impostos e diminuição de rendimentos...blá, blá, blá"! Chegou ao poder e toma lá aumento de impostos, mais impostos extrordinários, mais aumentos nos produtos básicos, nomeação de 14 motoristas para o seu gabinete, mais 4 administradores para a CGD (passou de 7 para 11), etc, etc.
Depois foi o "artista" das finanças, que veio corporizar muitas das medidas referidas antes e veio também tentar explicar o dito imposto extrordinário e, a talhe de foice, fez questão também de explicar como não se vai mexer nas ditas "gorduras" do estado, municípios, empresas públicas e municipais, privatização da RTP? Onde é que ouvimos isto? da CGD? Não sei do que estão a falar! Imposto extraordinário de 50% sobre os trabalhadores? Isso sim, são uns malandros, temos que lhes sacar o dinheiro!
Agora chegou a vez do "artista" da economia, uma chefe de gabinete a ganhar tanto como o próprio ministro (quase 6 mil euros/mês)? Ah, é uma super chefe de gabinete. Aumento dos transportes em valores que por vezes atingem os 25%? Tem que ser, as empresas dão muito prejuízo. Mas haverão tarifas sociais. Tarifas sociais para quem, para os pobres, aqueles que já são pobres e já não usam os transportes públicos?
Mas este governo está-se a esquecer que estão a desagregar e a empobrecer a classe média? Aqueles que ainda vão pagando os impostos? E quando estes também já forem pobres e não pagarem impostos, as mordomias que eles têm enquanto ministros, quem as vai pagar, a Troika? Só temos mensageiros da desgraça.
O BPN estava na falência, nacionalizaram-no e agora venderam-no ao desbarato. Aproveitem a onda e façam o mesmo ao País, declarem a sua falência, abram um concurso público internacional e, acreditemos, que a família Eduardo dos Santos tenha pena de nós e "compre" o País por 40 milhões e, com um pouco de sorte, pode ser que seja a filha deste a governar Portugal.
Já agora, por falar em mensageiros e para completar o quadro da coisa, só faltava mesmo virem os individuos das Estradas de Portugal dizer, que todas as estradas com 2 ou mais faixas de rodagem deviam ser portajadas e, acrescentamos nós, que estes paguem do seu bolso todas as passagens que por lá fizerem. Esta é uma afirmação vil e que não merece sequer resposta.

Vale do Sousa, 3 de Agosto

Não vou ter de nascer duas vezes

Experiências com ratos demonstram que é possível estar acordado e ter o cérebro parcialmente a dormir. Essa é a explicação mais bondosa para o facto de o governador do Banco de Portugal ter demorado sete anos a perceber que algo de muito errado e ilegal se passava no BPN.

Podem aventar-se outras explicações para o facto de Vítor Constâncio ter ignorado as reservas que os auditores da Deloitte levantavam às contas do banco e os alertas constantes do trabalho publicado em 2001 na capa da "Exame", denunciando irregularidades e levantando bem fundamentadas dúvidas sobre a gestão de Oliveira e Costa.

Falar na desadequada graduação das lentes dos óculos de Constâncio pode ser uma piada de gosto duvidoso. Considerar que se tratou de uma letal combinação de negligência e incompetência é uma hipótese mais plausível, mas também muito dolorosa, pois ele não só não está arrolado como cúmplice involuntário desta gigantesca burla como, ainda por cima, acabou recompensado com uma vice-presidência do Banco Central Europeu.

Enquanto Portugal dormia sossegado, na doce ignorância, uma data de gente conhecida arruinava o BPN, como está documentado nos 70 volumes e 700 apensos que constituem o processo legal de uma catástrofe financeira, que apesar de ainda não ter conhecido o seu epílogo já nos custou, grosso modo, o equivalente a um 13.º mês para todos os contribuintes.

Da longa lista dos beneficiários da catástrofe consta o clássico Vale e Azevedo, que urdiu um ardiloso esquema para sacar dois milhões de euros ao BPN.

Dias Loureiro não poderá devolver um dólar sequer dos 71 milhões USD que gastou a comprar duas tecnológicas em Porto Rico (que faliram logo de seguida...) porque não tem nada em seu nome, nem mesmo o famoso taco de golfe que mandou fazer no Japão e ele garante ser o melhor do Mundo.

Duarte Lima, outro nome do Gotha cavaquista, comprou uma off-shore ao BPN e sacou um empréstimo de dois milhões de euros ao Insular, o banco fantasma de Cabo Verde do grupo.

Cavaco e a sua filha Patrícia lucraram, em menos de dois anos, 375 mil euros (mais ou menos o que ganha numa vida um português médio), num negócio com acções da SLN (a holding que controlava o BPN), vertiginosamente valorizadas em 140%.

Tenho a certeza de que Cavaco e Vale e Azevedo não são madeira da mesma árvore. Sei que o PR deve estar arrependido da amizade e protecção que deu a Dias Loureiro e Duarte Lima. E acredito que se soubesse o que sabe hoje não aceitaria o negócio de favor que lhe foi proporcionado pelo seu ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Mas estamos a viver aqueles tempos em que "já não é possível dizer mais, mas também não é possível ficar calado" (cito Manuel António Pina). Por isso declaro que não sinto a necessidade de nascer duas vezes para ser tão honesto como Cavaco

Jn: Jorge Fiel