O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Economista alemão recomenda suspensão da austeridade nos países mais vulneráveis

Fórum das Regiões: Parece-nos haver aqui um qualquer lapso, de uma das partes. Ou este cavalheiro não sabe o que diz, ou então Passos Coelho e o governo Português não sabem o que fazem. Em que ficamos?


O economista Peter Bofinger, membro dos "Cinco Sábios" que aconselham o Governo alemão, defendeu hoje que os países em crise da zona euro suspendam medidas de austeridade até saírem da recessão, em entrevista ao matutino Die Welt.

Na opinião do professor de economia da Universidade de Würzburg, a fraca conjuntura na zona euro, que "está longe de ter atingido o auge, tornar-se-á mais visível na Alemanha" e, por isso, é necessário atenuar as políticas de cortes sociais nos estados mais vulneráveis da moeda única.

"Os países em crise devem suspender as medidas de poupança até as suas economias saírem da recessão", afirmou Bofinger, lembrando que o novo endividamento na zona euro continua a ser "muito menor" do que o dos Estados Unidos da América, Reino Unido ou Japão.

Bofinger advogou também uma descida ainda mais pronunciada dos juros básicos pelo Banco Central Europeu (BCE), que definem o preço dos empréstimos aos bancos e foram colocados ao nível mais baixo de sempre (0,75 por cento) no princípio de julho, para tentar injetar mais dinheiro na economia.

As advertências de Bofinger coincidem com os dados publicados hoje no relatório mensal do Ministério das Finanças alemão, que constatou um abrandamento da maior economia europeia na última primavera.

Os mesmos números apontam para uma queda maior do Produto Interno Bruto (PIB) germânico entre abril e junho do que no trimestre anterior, afirma o ministério no seu relatório mensal.

Analistas consultados pela imprensa alemã apontam para um crescimento do PIB de 0,2 por cento no segundo trimestre, depois dos 0,5 por cento registados nos primeiros três meses deste ano.

A redução da produção industrial e a descida do índice de clima de negócios anteriormente divulgados apontam no mesmo sentido e o banco central (Bundesbank) também se referiu, ultimamente, a um menor dinamismo da economia no segundo trimestre deste ano.

O principal elemento estabilizador é agora o consumo privado, sustentado por uma baixa inflação.

Já as exportações, pilar fundamental da economia germânica, sofrerão um abrandamento ao longo do ano, diz-se ainda no relatório do Ministério das Finanças.

Fonrte: Jornal I

Passos: Relvas ou o país?

Pedro Passos Coelho tem uma só oportunidade de atenuar a perda de credibilidade política enquanto primeiro-ministro: ou faz Relvas sair em agosto ou fica irremediavelmente ligado à ideia de que é refém de um grupo de interesses indissociável de si. Pais, alunos, professores, analfabetos, doutorados, mas também gente que faz leis e cumpre leis, enfim, a generalidade do país, não aceita este pressuposto de que vale tudo, principalmente em algo tão estrutural quanto o mérito e a ascensão social.

Os pais que pagam os cursos aos filhos sentem-se traídos quando veem os miúdos horas a fio a estudar para que, depois, alguém avance na vida apenas porque tem um cartão partidário. Melhor do que entrar na faculdade é entrar num partido político? Não reagir contra esta prática é aceitar a corrupção da democracia como coisa natural. É aceitar as licenciaturas por decreto. É destruir a credibilidade das licenciaturas nas universidades portuguesas, sobretudo nas privadas.

É verdade que há quem não valorize se o ministro Relvas tem ou não um canudo mas essa não é a questão de fundo. Interessa sim como ele se coloca face à lei - se lhe respeita o espírito ou se aproveita as lacunas para contrariar o espírito da lei. O diploma legal que pretendia dar equivalências por "experiência de vida" não tinha, de certeza absoluta, intenção de formar pessoas em clara violação do que é uma licenciatura universitária.

Um ministro dos Assuntos Parlamentares, que coordena toda a atividade legislativa do país (Assembleia da República e Governo), tem forçosamente de ter uma outra noção sobre o que são as leis e qual o interesse público. Não pode ser, ele próprio, um orgulhoso aproveitador das sempre valiosas lacunas das leis para ser doutor sem estudar. E não se arrepender disso.

Por isso é incrível verificar que não há pela parte de Miguel Relvas outras palavras que não sejam uma defesa ridícula: a de que busca a "simplicidade na procura do conhecimento permanente". Fazer exames a quatro cadeiras numa licenciatura de 32 não é nem simplicidade, nem procura, nem conhecimento. É uma mentira.

Sócrates é realmente um "turboengenheiro" que andou a arrastar-se por algumas universidades até conseguir um diploma. Ficou muito descredibilizado mas em contraponto tinha uma legitimidade: havia sido votado pelo eleitorado para gerir o país pelas suas supostas qualidades de líder e não de engenheiro. Relvas, pelo contrário, é ministro apenas porque, no critério de Passos Coelho, o pode ser. Quanto às políticas, é o que se vê com o caso das secretas e dos lóbis a que supostamente esteve (está?) ligado. Quanto à competência académica, não existe.

Entretanto, os senhores do PSD que defendem Relvas, tenham calma. Esteja Relvas onde estiver, irá certamente manter as suas competências no ativo e no seu lugar ficará certamente alguém que cumpra reverencialmente ordens superiores, não se aflijam. Todos sabemos que não estaremos livres de Relvas enquanto Passos mandar.

Tudo se resume, portanto, a um pedido de decoro ao primeiro-ministro. Infelizmente Passos Coelho parece apostar no tempo, até que tudo se esqueça. E é verdade, tudo se esquece, mas o caminho para o precipício político faz-se de passos assim, irreversíveis quanto à direção, ao estilo, à responsabilidade, ao modelo. Por muito que valham os amigos que o levaram ao colo até São Bento é importante relembrar que eles não cegam um sentimento coletivo de milhões de portugueses por uma batota atirada à cara de todos com um sorriso. Se o primeiro-ministro não vê isto, então não vê realmente nada.

P.S.: Sobre o caso Freeport digo hoje o que penso desde o primeiro dia: um ministro do Ambiente que assina a destruição de uma área natural a poucos dias de sair do Governo é um péssimo ministro do Ambiente. Quanto à sentença do caso Freeport, ela é um bom exemplo de como o Ministério Público é 100 vezes pior que a Polícia Judiciária. Fico ainda assim com uma dúvida: houve ou não milhões de euros numa conta offshore do BPN-Caimão a favor de pessoas próximas de José Sócrates? Por que lá foi parar aquele dinheiro?

Daniel Deusdado, no JN

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Carta Negra!

Verdizela, 2012/06/24

Exmº Senhor Primeiro-Ministro de Portugal


Exmº Snr:

Tenho 74 anos, sou reformado (descontei para a reforma durante 41 anos apesar de ter trabalhado durante 48) e esperava acabar os meus dias com a tranquilidade que uma vida de trabalho honesto justificava, mas tal está a mostrar-se impossível e daí a razão desta “carta aberta”.

Não, não lhe escrevo para lhe dizer que me mentiu, como mentiu a todos os portugueses, já estou (estamos) habituado à falta de verticalidade daqueles que aparecem nas campanhas eleitorais a prometer o céu para chegados ao poleiro nos transportarem ao inferno, também não lhe escrevo para lhe dizer que sou um dos que, em nome da salvação da Pátria e dos sacrifícios para todos, foi espoliado dos subsídios de férias e Natal, nem ao menos para lhe dizer que o curriculum de V/Exª não justificaria mais do que ser presidente do clube lá do bairro e muito menos para lhe dizer que o falar grosso não representa autoridade e competência, pode, isso sim, ser disfarce de autoritarismo e incompetência…

Porquê então esta carta?

Ignoro as muitas razões que tenho para lhe manifestar o meu protesto e fixo-me apenas numa palavra: VERGONHA.

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem comunicou, com ar pungente, aos reformados, aos funcionários públicos e ainda a alguns trabalhadores de empresas com alguma ligação ao estado que lhes ia retirar os subsídios de férias e Natal por ganharem a exorbitância de algo mais de 1100 € e em contrapartida nomeia para o seu governo centenas de adjuntos, conselheiros, especialistas com ordenados três ou quatro vezes superiores e direito aos subsídios que aos outros retirou, tem um pingo de vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem fala na necessidade dos sacrifícios serem repartidos por todos os portugueses e requisita para os gabinetes ministeriais funcionários públicos com aumentos de vencimentos mensais de centenas, quando não milhares de euros e direito aos subsídios de férias e Natal, tem alguma vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem disse aos que depois de terem trabalhado durante dez, vinte ou trinta anos perderam o emprego que isso era uma nova oportunidade, tem qualquer tipo de vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem disse aos jovens do nosso país, talvez a geração mais bem preparada de sempre, para procurarem no estrangeiro o pão que Portugal lhes nega, tem réstia de vergonha?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem trocou os direitos dos portugueses pela caridadezinha das refeições nas escolas para os filhos famintos de Portugal e pelas cantinas sociais, tem vergonha na cara?

Acha o Senhor Primeiro-Ministro que quem, ar ridiculamente cândido de menino do coro ou chefe de quina da mocidade portuguesa com a bandeira na lapela, aparece a falar aos portugueses, num discurso que eu julgava enterrado em 25 de Abril, com frases enfáticas que em português corrente podemos traduzir como: Morre de fome hoje que amanhã tens comida, sente alguma vergonha do que diz?

Eu respondo Senhor Primeiro-Ministro.

Eu tenho vergonha Sr Primeiro-Ministro

Eu tenho vergonha de o ter como Primeiro-Ministro do meu país.

Embora no Alentejo, onde nasci, o cumprimento seja devido a todas as pessoas (os velhos da minha meninice chamavam-lhe “salvação”) não posso, por coerência ainda que com mágoa, cumprimentar V/Exa.

José Nogueira Pardal


Nota: Papel preto porque estou de luto




Rendimento máximo

O destino do país está na mão de aposentados. O presidente Cavaco Silva, a primeira figura do Estado, é reformado. A segunda personalidade na hierarquia protocolar, Assunção Esteves, é igualmente pensionista. Também nos governos nacional e regionais há ministros que recebem pensão de reforma, como Miguel Relvas ou até Alberto João Jardim. No Parlamento, há dezenas de deputados nesta situação. Mas também muitas câmaras são presididas por reformados, do Minho, ao Algarve, de Júlia Paula, em Caminha, a Macário Correia, em Faro.

É imensa a lista de políticos no activo que têm direito a uma pensão. Justificam este opulento rendimento com o facto de terem prestado serviço público ao longo de doze anos ou, em alguns casos, apenas oito. Esta explicação não convence, até porque uma parte significativa deste bando de reformados não só não prestou qualquer relevante serviço à nação como ainda utilizou os cargos públicos para criar uma rede clientelar em benefício próprio. Foi graças a esta teia que muitos enriqueceram e acederam a funções para que nunca estiveram curricularmente habilitados. A manutenção até hoje destes privilégios e prebendas é inaceitável, em particular nos tempos de crise que atravessamos. Sendo certo que a responsabilidade por este anacronismo não é de nenhum destes políticos e ex-políticos em particular - também é verdade que todos têm uma culpa partilhada por não revogarem este sistema absurdo que atribui tenças milionárias à classe que mais vem destruindo o país. Urge substituir este modelo pelo único sistema admissível que é o de que os titulares de cargos públicos, quando os abandonam, sejam indemnizados exactamente nos mesmos termos que qualquer outro trabalhador.

E que passem a reformar-se, como todos os restantes cidadãos, quando a carreira ou a idade o permita. É claro que dirigentes habituados a acumular reformas de luxo com bons salários jamais compreenderão os problemas dos que têm de viver com salários de miséria; ou sequer entenderão as dificuldades dos que sobrevivem apenas com pensões de valor ridículo. Não serão certamente estes reformados de luxo que conseguirão proceder às reformas estruturais de que Portugal tanto está a precisar.

Por:Paulo Morais, Professor Universitário, no CM

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Bispo das Forças Armadas acusa Governo de ser “profundamente corrupto”

Fórum das Regiões: D. Januário Torgal Ferreira tem toda a razão para proferir as afirmações que fez, se não for mais, pelo menos pela obrigação que tem de defender os "indefesos"! A dúvida que nos resta é se os membros do anterior executivo eram "anjos"...e aqui estamos em desacordo...


O bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, considera que o Governo liderado por Passos Coelho é “profundamente corrupto” e compara “alguns” ministros a “diabinhos negros”, por oposição aos “anjos” que integraram o anterior Executivo.


“Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir”, disse D. Januário Torgal Ferreira em entrevista à TVI24, ontem à noite. Numa crítica à forma como o Governo tem lidado com as exigências da troika, o bispo prosseguiu: “Nós estamos numa peregrinação em direcção a Bruxelas e quando tudo estiver pago daqui de Portugal, sai uma procissão de mascarados a dizer: vamos para um asilo, salvem-nos”.

"O problema é civilizacional, porque é ético”, sustentou o bispo. “Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube, porque pressionam a comunicação social, o que significa que os anteriores, que foram tão atacados, eram uns anjos ao pé destes diabinhos negros que acabam de aparecer”, afirmou, no programa “Política Mesmo”.

Contactado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa de Pedro Passos Coelho, Rui Baptista, disse que as declarações do bispo das Forças Armadas "não merecem comentário".

 
Fonte: Jornal "O Publico"

O valor das palavras

Os jovens candidatos a "boys" do PSD ouviram da boca do homem que assegurou, jurou, afiançou, afirmou, asseverou, prometeu, garantiu que não aumentaria o IVA e que "do nosso lado, não contem com mais impostos" e ainda que acusá-lo de tencionar confiscar os subsídios de férias e Natal era um "disparate", que é "perverso" "o recurso à via do trabalho temporário para resolver necessidades permanentes" do SNS e que o país não pode aceitar a "proletarização da juventude portuguesa baseada em recibos verdes, em que as pessoas são obrigadas a pagar com os recibos verdes aquilo que as entidades que as contratam não estão disponíveis para pagar".

As afirmações foram proferidas por Passos Coelho na festa do 38.º aniversário da JSD em resposta a uma questão do presidente desta estrutura, Duarte Marques, sobre o caso dos enfermeiros do SNS contratados a empresas de trabalho temporário a 3,96 euros por hora.

Fixemos este nome, Duarte Marques, porque, com tal capacidade para dar, no momento certo, a deixa certa para que o líder possa dizer o que os eleitores querem ouvir, o rapaz irá decerto longe.

Os futuros "boys" aprenderam ainda uma lição fundamental: em política faz-se o que se quer mas diz-se o que, em cada momento, convém. Se for necessário até, como o mestre, que "precisamos de valorizar a palavra para que, quando ela é proferida, possamos acreditar nela".

Manuel António Pina, no JN