Fórum das Regiões: Há quantos anos andam a discutir estas questões? Mas fica sempre tudo na mesma, ora é uma coisa, ora é outra, enfim...!
Presidente da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e líder da Junta da Galiza
concertaram posições em Bruxelas.
Já
nem falam de TGV – sigla que os recuos do lado português tornaram um escolho em
qualquer negociação luso-espanhola – nem sequer de “linha Porto-Vigo” ou “linha
do Minho”. Aquilo que os presidentes da Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Emídio Gomes, e da Junta da Galiza,
Alberto Nuñez Feijóo, acertaram nesta terça-feira de manhã em Bruxelas, onde se
reuniram, foi reivindicar uma linha Vigo-Porto-Lisboa “decente e competitiva”.
Nomeadamente, capaz de ligar Vigo ao Porto em hora e meia, no máximo, e Vigo e
Lisboa, em quatro horas.
À margem da 11.ª Semana Europeia das Cidades e Regiões que
decorre até quarta-feira em Bruxelas, os dois líderes regionais encontraram-se
para relançar o grupo de trabalho da euro-região Norte de Portugal-Galiza e
definir a agenda da cimeira que marcaram para Janeiro de 2014, em Santiago de
Compostela.
Mas
algumas das posições comuns a assumir nessa altura ficaram já decididas na
manhã desta terça-feira, na sequência da análise de alguns dossiers de
importância estratégica para os dois territórios. “Precisamos de garantir uma
linha decente e competitiva que ligue Porto e Vigo em uma hora e vinte, uma
hora e meia, porque a actual linha Porto-Vigo não chega, não serve”, disse
Emídio Gomes, no final da reunião, aos jornalistas portugueses.
O
presidente da CCDRN sublinhou que usava a expressão “linha decente”, e não
“alta velocidade” ou “TGV”, por haver uma “sintonia total”, dos dois lados da
fronteira, quanto à “necessidade de abordar a cooperação com realismo e
pragmatismo” e de deixar para trás uma “fase em que se falava de projectos
irrealizáveis”. Por isso, destacou ainda Emídio Gomes, procuraram-se “propostas
realistas e adequadas”, susceptíveis de provocarem uma reacção “rápida” e
positiva nas economias “muito interligadas” do Norte de Portugal e da Galiza.
Por
outro lado, Emídio Gomes falou de uma linha Vigo-Lisboa , e não Vigo-Porto,
para enfatizar que esta “não é uma petição regional”, mas a reivindicação de
algo que pode ajudar a euro-região e Portugal. O líder da CCDRN acrescentou que
não será sequer preciso muito dinheiro para concretizar este objectivo
estratégico: “Basta uma boa dose de sensatez e realismo”, “tem de ser
concretizado no próximo quadro comunitário” de apoios 2014-2020, enfatizou.
O
presidente da Junta da Galiza, Alberto Nuñez Feijóo, não prestou declarações
aos jornalistas. Emídio Gomes garantiu, contudo, ter ouvido do seu interlocutor
a garantia de que o governo espanhol mantém o compromisso de retomar a
modernização da linha Vigo-Tui – que Espanha suspendeu à espera que Portugal
inicie as obras do seu lado da fronteira – “mal tenha um compromisso e um
calendário do lado português”.
Recordando
que a modernização, até 2016, do troço da Linha do Minho entre Nine e Valença,
já foi um compromisso assumido por Portugal na última Cimeira Ibérica, em Maio,
no Porto – em que os governos dos dois países criaram o serviço de comboios
expresso Celta, entre Vigo e Porto –, Emídio Gomes recusou que a presente
reivindicação signifique que não tinha fé nessa meta. O que significa,
respondeu, é que, “como dizem os galegos, há que fazer, “hay que probar”.
Fonte: Publico, por ÁLVARO VIEIRA