O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Stiglitz diz que austeridade está a empurrar Europa "para o suicídio"

O economista e vencedor do prémio Nobel, Joseph Stiglitz, afirmou hoje que a Europa está numa situação complicada devido às medidas de austeridade que estão a empurrar o continente "para o suicídio".

"Nunca houve um programa de austeridade bem sucedido num país grande", declarou o economista de 69 anos aos jornalistas, quinta-feira, em Viena, citado hoje pela Bloomberg.

"A abordagem europeia é, sem dúvida, a menos prometedora. Penso que a Europa caminha para o suicídio", salientou.

Os governos dos 27 estados-membros da União Europeia estão a aplicar medidas de austeridade que atingem os 450 mil milhões de euros, numa altura em que se vive uma crise da dívida soberana.

A dívida da zona euro disparou, no final do ano passado, para valores recorde desde que foi criada a moeda única, à medida que os governos aumentavam os empréstimos para travar os défices orçamentais e financiar resgates aos países com mais dificuldades.

Se a Grécia fosse o único país europeu a aplicar medidas de austeridade, os responsáveis europeus poderiam ignorá-lo, considerou Stiglitz, "mas com o Reino Unido, a França e todos estes países a sofrer a austeridade é como se fosse uma austeridade conjunta e as consequências económicas vão ser duras".

Embora os líderes da zona euro "tenham percebido que a austeridade por si ó não funciona e que é preciso crescimento", não houve ações nesse sentido "e o que acordaram fazer em dezembro é uma receita para garantir que vai morrer", afirmou, referindo-se ao euro.

E acrescentou: "A austeridade combinada como os constrangimentos do euro é uma combinação fatal".

Stigltiz admite uma zona euro de "um ou dois países", constituída pela Alemanha e possivelmente a Holanda e a Finlândia, como "o cenário mais provável se a Europa mantiver a abordagem de austeridade" que levará a altos níveis de desemprego, como o de Espanha que atinge 50 por cento nos jovens desde a crise de 2008, "sem esperança de melhorias nos próximos tempos".

"O que estão a fazer é destruir o capital humano, estão a criar jovens alienados", alertou.

Para impulsionar o crescimento os líderes europeus terão de redirecionar as despesas públicas para "utilizar ao máximo" instituições como o Banco Europeu de Investimento e introduzir impostos que melhorem o desempenho económico

Fonte: Jornal I

A maior ameaça ao 25 de Abril

O JN publica nesta edição um conjunto de conteúdos em torno do essencial do 25 Abril: a descolonização, a democracia e o desenvolvimento. Não valendo a pena chorar sobre o leite derramado, ou seja, sobre os termos do processo de democratização ou de consolidação do regime, importaria que nos concentrássemos no que ainda possamos fazer sobre o único processo ainda em curso: o do desenvolvimento.

Encerrado que está o ciclo do desenvolvimento básico, importaria percebermos que, muito para além das partidarizações paroquiais, as grandes ameaças ao regime saído do 25 de Abril são de natureza global. Verdadeiramente, são as mesmas que ameaçam a Europa nos seus níveis de qualidade de vida e de garantias sociais.

Essas ameaças, que são nossas por estarmos inseridos numa comunidade de nações que respeitam o Estado de direito e partilham o mesmo modelo social, estão sinalizadas por vários analistas políticos: o crescimento do comércio mafioso encontra na União Europeia atual um enorme campo para entrar e circular no mundo financeiro do capitalista como se de negócio limpo se tratasse. Refiro-me à permeabilidade de um território sem fronteiras, à inoperância das leis relativas à circulação de capitais e à exposição à corrupção em que acabam por cair figuras públicas que não conseguem gerir adequadamente o objeto da política e permitem que interesses particulares alcancem a dimensão de interesse público sem o mínimo cotejo quanto à sua utilidade social.

Embora já nos seja possível ir verificando quanto a Europa está a pagar com língua de palmo a concorrência desleal de países para os quais transferiu tecnologia e que, não sendo verdadeiramente democracias, conseguem, agora, colocar no nosso mercado global produtos a preços ditados por salários, horários de trabalho e condições laborais abaixo de cão, ainda há uma parte muito grande desse mercado negro que escapa aos olhos mais leigos.

Ainda assim, as tolerâncias da Europa para com os circuitos desse comércio negro já vão sendo sinalizadas nos relatórios das polícias de investigação. O último que li, da nossa Polícia Judiciária, identifica como portas de acesso ao branqueamento de capitais personalidades particularmente expostas e gabinetes de homens de leis.

Não sendo uma novidade completa, esta identificação das portas de branqueamento de capitais exige uma nova resposta europeia em que Portugal deveria ter o papel inerente à sua posição geoestratégica e às suas relações internacionais.

Se a Europa não enfrentar as suas próprias fragilidades, é provável que a democracia, tal como a conhecemos, acabe por sucumbir à força dos fabulosos lucros ilícitos gerados no mercado negro e lavados pela nossa tolerância.

Manuel Tavares, no JN