O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 9 de março de 2012

O recuo nos cortes salariais

Uma decisão corre o risco de esboroar-se na eficácia e produzir ricochete perverso sempre e quando é mal explicada ou entra em recuos estratégicos sob o argumento da exceção - muitas vezes sinónimo de falta de coragem para resistir às pressões corporativas.

Sobretudo quando se trata de exercitar cortes, em putativos direitos adquiridos ou privilégios circunstanciais, há demasiados exemplos de como a universalidade desejável é transformada, acabando por produzir mal-estar escusado.

No universo da Função Pública ou das empresas de capitais públicos, genericamente geradoras de prejuízos e como tal alimentadas por impostos pagos por cada um de nós, têm os trabalhadores sido causticados por cortes de natureza salarial. Sob a fórmula eufemística do "provisório", ficaram já funcionários e pensionistas sem subsídios de férias e de Natal, juntando a esse sacrifício cortes salariais médios da ordem dos cinco por cento.

Apenas compreensível pela necessidade de reajustar as contas públicas e estancar a permanente sangria deficitária, um tal esforço só é aceitável se aplicado um princípio de solidariedade.

A perversão da tese de aplicação de sacrifícios desiguais é do pior que há. E o caso da TAP é paradigmático de como algumas decisões são controversas, por se basearem em argumentos do mundo esotérico. A transportadora aérea nacional, uma das imagens de marca de Portugal e em esforço permanente de credibilização numa zona de negócio demasiado turbulenta à escala internacional, acaba de obter do Ministério das Finanças o direito à exceção: os seus trabalhadores estão livres do corte médio de cinco por cento aplicável aos ordenados dos restantes funcionários públicos, empresas ou entidades públicas. E porquê? O facto de operar num segmento concorrencial e estar em processo de privatização são as razões apontadas. Mas ininteligíveis....

Além da conversa da treta da operação em mercado concorrente - é assim que também se explica o não plafonamento de ordenados chorudos de alguns conselhos de administração - a inversão nas políticas restritivas é detonadora de espíritos ainda mais acabrunhados de milhares de cidadãos. E aos argumentos para a volta atrás na redução dos ordenados na TAP outros se seguirão - a Comissão de Trabalhadores da RTP também já veio a terreiro reclamar igual critério, como se o país dependesse da televisão estatal......

Não tenhamos dúvidas: as exceções ou se planificam e explicam na origem das decisões ou, então, tomadas ao ritmo de conta-gotas, soam a recuo e alimentam grupos de pressão insaciáveis.

Fernando Santos, no JN

Dias de servidão

A tese do aluno bem comportado, o que papagueia a "sebenta" do professor e vai até mais longe do que ele exige, esteve em voga nos governos de Cavaco e deu no que hoje se sabe.

O Governo PSD/CDS adoptou idêntica estratégia de submissão acrítica. Foi humilhante ver os olhos luzentes de alegria com que Vítor Gaspar deu conta ao país que os capatazes dos mercados que, por intermédio da actual maioria, nos governam, lhe deram nota positiva (um 10 interrogado mas, de qualquer maneira, uma nota positiva). E, quando Olli Rehn, depois de umas carícias ("Lindos meninos..."), anunciou ainda mais "desafios" e "sacrifícios", Gaspar há-de decerto ter murmurado: "Venham eles!".

Diogo Feio, eurodeputado do CDS, é um bom intérprete dessa estratégia. Ao "Público" diz que "Portugal é bem visto por ter uma maioria de governo sólida" e uma situação social "pacificada". O único problema, parece, é haver (ainda) direito à greve: "Nós somos observados ao mais pequeno pormenor e cada greve que é feita mancha a imagem de Portugal".

Não mancham "a imagem de Portugal" o empobrecimento generalizado que em tempos o primeiro-ministro anunciou como objectivo político do Governo, o desastre social, os afrontosos números do desemprego, mas o facto de os trabalhadores serem mal comportados e lutarem pelos seus direitos. A sra Merkel deve ter gostado de ouvir, afinal sempre há portugueses "mais alemães do que os alemães".

Manuel António Pina, no JN

"Se a solução for cortes e mais cortes não vai funcionar"

Fórum das Regiões: Era bom que Coelho e Relvas ouvissem o que Selassie lhes tem para ensinar...

Em entrevista exclusiva ao Negócios, o novo chefe de missão do FMI para Portugal admite que o desemprego está em níveis inaceitáveis. E lembra que o apoio do PS ao programa de ajustamento "é crucial".

Abebe Selassie chefiará daqui em diante a missão do FMI para Portugal. Com um perfil muito distinto do de Poul Thomsen, Selassie está agora apenas a começar a sua análise à economia portuguesa. Mas de uma coisa não tem dúvidas: Portugal só sairá da crise se as reformas estruturais que estão a ser implementadas tiverem sucesso.



Rui Peres Jorge - rpjorge@negocios.pt