O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Vindo da irrealidade Cavaco pousou ontem

Como dizia no sábado, no seu blog, o muito avisado José Medeiros Ferreira: "É preciso muita paciência para assistir às notícias sobre o malogro das negociações interpartidárias promovidas pelo PR como se fosse uma novidade." 

De facto, o malogro do acordo e o discurso de Cavaco de ontem estavam escritos nas estrelas. Na verdade, verdadinha, o discurso de Cavaco de ontem estava escrito no discurso de Cavaco do dia 10. O grémio dos comentadores nunca me há de desculpar eu ter aberto a minha crónica do dia 11, assim: "O Presidente lá deu o aval esperado, uma semana depois de ouvida tanta gente. Previsível, a situação política...." Deu o aval?! Mas então as palavras de Cavaco Silva não estraçalhavam o remodelado Governo PSD/CDS? Não introduziam a novidade de um PSD/CDS com acordo do PS? Não continham a genialidade de amarrar o PS com o rebuçado de eleições em 2014? Não - dizia eu a 11, o que o PR confirmou a 21. Mas dizia eu, admito agora, de forma bruta. Agi como aquele empata de um programa antigo da SIC que veio expor os segredos da magia. 

Foi injusto para um grémio que, diga o que se disser, vai a contracorrente da crise: na comentadoria política não há desemprego. Até os há sábios, como o Lobo Xavier, da Quadratura do Círculo, que há dias disse: "Quando se diz uma coisa fora da lógica, desconfio..." Foi dele que me servi quando vi o PR a esbracejar ideias absurdas. Disse-me: deixa-o pousar. Pousou ontem.


por FERREIRA FERNANDES, no DN

Alemanha. Ex-ministro das Finanças do SPD defende fim da moeda única

Fórum das Regiões: Não será que Lafontaine terá razão no que diz?....


Depois dos partidos da direita terem advogado a saída do euro, agora é a vez de Oskar Lafontaine dizer que só assim países como Portugal podem sair da crise.

Apesar de ser o único país a beneficiar da moeda única, é na Alemanha que o debate sobre o futuro da zona euro está mais conturbado. Enquanto os partidos mais à direita, neoliberais e nacionalistas, sempre se mostraram eurocépticos, agora é a esquerda que se revela receosa acerca do destino da moeda única.

Numa entrevista recente ao site do Partido da Esquerda Alemã, Oskar Lafontaine, ex-ministro das finanças alemão do SPD e um dos arquitectos da moeda única, avisou que o caminho seguido pelos países da zona euro está "a conduzir à desgraça", enquanto "a situação económica piora de dia para dia". Lafontaine sublinhou ainda o perigo de países em assistência financeira virem a ser "forçados a combater a hegemonia alemã mais cedo ou mais tarde". E foi mais longe, referindo-se a Portugal, Chipre, Grécia e Espanha, que "os países em crise só podem sair dela, quando a moeda única for rasgada".

ESTADO DE SÍTIO Com a taxa de desemprego na zona euro a ultrapassar os 12% e países como a Grécia e Espanha a verem o desemprego jovem chegar aos 60%, a Alemanha permanece um oásis no meio do deserto - ou, pelo menos, assim parece. A realidade externa alemã é diferente do que ocorre no economia interna do país e, ainda que as exportações estejam em posição hegemónica, a procura interna alemã está estagnada. Com eleições para o parlamento alemão à porta e os países em ajuda externa demasiado assustados para desejarem a saída do euro, é na Alemanha que se acende o debate.
Da parte dos conservadores já se tinham ouvido críticas. O economista neoliberal Hans-Werner Sinn defendeu que os países da periferia estariam melhor se saíssem da zona euro e pudessem, assim, restaurar a sua competitividade. Enquanto isso, a esquerda preferia culpar o excesso de austeridade e pedir mais investimento, mais controlo sobre os bancos e uma maior redistribuição de rendimento - fosse como fosse, a culpa não era do euro. Era dos neoliberais, das políticas de direita e do excesso de austeridade. Agora, a conversa é outra.

ESTUDO O Instituto Rosa-Luxemburgo, uma fundação de investigação associada à esquerda alemã, publicou um estudo em que culpa a Alemanha dos males da Europa. No documento conclui-se que o euro foi utilizado como um mecanismo para o aumento da hegemonia alemã à custa dos seus vizinhos, forçando os países da periferia a aumentar a sua dívida e o seu défice, enquanto a Alemanha se tornava o grande fornecedor e agiota da zona euro. Fica a dúvida se esta contaminação à esquerda pode ter implicações futuras.



Fonte: Jornal I

O pesadelo

Não me recordo de um Presidente, na II República, ter sido criticado com tanta veemência e haver sido objecto de tantos enxovalhos como este dr. Cavaco que nos coube no infortúnio

Pelos vistos e feitos, tem tripudiado sobre a natureza da função, denegrido as características de "independência" constitucionais que jurou defender e resguardar, e tomar atitudes de soba com a displicência de quem não tem satisfações a dar. A sua presença em Belém tem sido assinalada por uma série de disparates, incúrias, pequeninas vinganças, intrigas baratas, aldrabices indolentes como a das falsas escutas. O pobre homem, por lacuna cultural e outras, não está hipotecado aos princípios republicanos que o 25 de Abril reanimou, embora fugazmente. Pertence a outra vigília, a outra aposta, e a um passado vazio de sentido histórico. Não soubemos evitar o triste incidente do seu surgimento, que se tornou uma pavorosa ameaça. Os cavaquinhos que por aí pululam correspondem às debilidades das nossas respostas, à alteração dos sistemas ideológicos e ao facilitismo da "era de acesso."

Houve, no Brasil dos anos 60, século passado, um cómico famoso, o Chacrinha (aliás, homem culto e lido), que dizia: "Eu não estou aqui para explicar; estou aqui para complicar." O epítome pode, e deve, ser aplicado ao dr. Cavaco. Nada, ou pouco mais do que nada, se lhe pode aduzir, politicamente, em seu abono. Onde toca, dificulta ou emaranha. A bizarria de criar um "compromisso de salvação nacional" que envolve três partidos e exclui outros três alimenta, ainda mais, as divisões na sociedade portuguesa e não soluciona nenhuma questão. O que, retoricamente, separa o PS do PSD e do CDS parece, no momento, irreparável. Seguro quer, nos diálogos, a presença de todos; porém, o PCP, e explica as razões, "não tem nada a ver com aquilo." Os dados estão, à partida, viciados, e a manobra resulta numa piada de mau gosto. E Seguro envolve-se numa ambiguidade grotesca: diz que vai "dialogar" com partidos e não com o Governo, como se aqueles não fossem componentes deste. A confusão acentua-se quando afirma apoiar a moção de censura de "Os Verdes". Entrámos, em definitivo, no reino da feira cabisbaixa.

Ninguém sabe em quem acreditar. Para salvaguarda da nossa saúde mental é melhor, pura e simplesmente, não acreditar em nada. Com perdão da palavra, penso que Seguro está longe da solução adequada, pois pertence ao sistema; mas também penso que é a solução emergente que se arranja. Como dizia o outro, pior do que está, é impossível. Haverá outros caminhos a percorrer, fora deste sistema horroroso de "alternância", que nos leva até ao desgosto de tudo. Mas a organização das "democracias ocidentais" impede a mudança, porque isso conduziria a uma substancial alteração do próprio capitalismo. Todavia, esta impossibilidade aparente não significa que nos resignemos. Capitular é deixar de ser.


por BAPTISTA-BASTOS, DN