O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Governo italiano baixa impostos e prevê subida anual do PIB de 2%

Fórum das Regiões: Talvez não fosse má ideia, que Passos Coelho e Maria Albuquerque e, quiçá  todo o governo, se deslocassem a Itália para uma ação de formação!

Letta assegurou que a Itália vai cumprir com os prazos marcados por Bruxelas para reduzir o défice para 2,5% do produto interno bruto em 2014.

O Governo italiano anunciou hoje que a lei de estabilidade para o triénio 2014-2016 inclui uma redução dos impostos sobre as famílias e empresas e exclui cortes na saúde e educação.

O primeiro-ministro de Itália, Enrico Letta, divulgou hoje o documento, que deve agora ser aprovado no parlamento.

Letta assegurou que a Itália vai cumprir com os prazos marcados por Bruxelas para reduzir o défice para 2,5% do produto interno bruto em 2014.

“Na lei de estabilidade há uma redução significativa dos impostos sobre as famílias, os trabalhadores e as empresas”, disse, acrescentando: “Esperamos fazer mais reduções no futuro.”

Na ocasião, o ministro da Economia, Fabrizio Saccomanni, considerou o documento como “um instrumento de crescimento de 2% nos próximos anos”, o que disse “reforçar o potencial de crescimento da economia e do consumo em Itália”.



Fonte: Jornal I

E o povo, pá?

Com consumidores depauperados e empresas descapitalizadas, o crescimento é impossível.

Sem qualquer ponta de sensibilidade, a ministra das finanças apresentou um orçamento do estado para 2014 (OE) cruel, injusto e até anti-económico.

É cruel. Prevendo cortes salariais a quem ganhe pouco mais de seiscentos euros por mês, condena as pessoas à fome e agrava a sua situação de miséria. É iníquo, pois reduz os recursos aos idosos, a portugueses com mais de oitenta ou até noventa anos, revelando uma absoluta ingratidão face às gerações que nos precederam na construção do país.


A Lei do OE é, além do mais, injusta: fustiga os trabalhadores com mais impostos, reduz salários e pensões, ao mesmo tempo que garante um acréscimo colossal em pagamentos aos concessionários das parcerias público-privadas. É ainda através deste documento que o estado premeia o setor financeiro, priorizando o pagamento de juros da dívida pública, que orçam em muitos milhares de milhões. Acresce ainda que este OE manterá as escandalosas isenções fiscais a detentores de fundos de investimento imobiliário fechados. Ou seja, o OE apela ao pagamento da crise a todos, exceto àqueles que mais para ela contribuíram: banca e especuladores imobiliários.


Por último, o OE é recessivo. Em primeiro lugar, porque transmite o sinal de que tudo é alterável, à exceção da intocável dívida pública. Incentiva a Banca a especular com títulos da dívida, como vem acontecendo, em detrimento do financiamento da atividade económica. Até os empréstimos internacionais destinados à recapitalização da Banca estão a ser desviados para a especulação. Mas também a redução salarial generalizada tem efeitos perversos. Uma poupança forçada de caráter geral é negativa, porquanto implica menor consumo, consequente escassez de recursos nas empresas, maior desemprego. Com consumidores depauperados e empresas descapitalizadas, o crescimento económico é impossível.

A ministra Maria Luís Albuquerque fez um longo discurso aquando da apresentação do OE. Mas poderia ter resumido assim: "Portugueses, temos de gastar mais dinheiro em juros e parcerias público-privadas em 2014. Por isso, temos de baixar os salários da função pública, reduzir pensões e reformas, limitar o crédito à atividade económica e aumentar os impostos a todos. Aguentem!".

Por:Paulo Morais, professor universitário, no CM

António Costa defende descentralização de competências na reforma do Estado

Fórum das Regiões: Até pode ser uma opção inteligente - a descentralização de competências - mas, terá de se ter em conta que, mesmo com as competências atuais já há asneiras que chegue, o que será com novas e mais competências?

O reeleito presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, defendeu esta quinta-feira, no discurso de tomada de posse para o seu terceiro mandato, o papel central da descentralização de competências na reforma do Estado.

"A descentralização devia ser a verdadeira pedra angular de uma reforma do Estado assente na eficiência, na desburocratização, na simplificação, na modernização, na participação, transparência e proximidade dos cidadãos", afirmou António Costa.

Num mandato que terá como primeiro desafio a passagem de competências e de meios humanos da autarquia para as 24 freguesias da cidade, o autarca dirigiu-se aos trabalhadores do município para assegurar que "todo o processo se desenvolverá em permanente diálogo", numa altura de "ataque sem precedentes aos serviços públicos".

Dirigindo-se depois à administração central, António Costa afirmou que "falta agora ao Estado fazer a sua parte: descentralizar o que deve ser descentralizado. Para os municípios em geral, para o município de Lisboa em particular, para as áreas metropolitanas e regiões".

"Este tem de ser o último mandato sem termos uma verdadeira autarquia metropolitana, com competências e meios próprios e órgãos diretamente eleitos pelos cidadãos, que expressem, sem distorções artificiosas, a efetiva e legitima vontade popular", sublinhou.

Até lá, considerou, é preciso "romper o imobilismo" - pelo menos entre os municípios da Grande Lisboa -, esperando que seja possível "avançar já" na integração de competências, por exemplo na atração de investimento e de eventos internacionais, na integração dos sistemas intermunicipais, na cultura.


Fonte: JN

A ditadura da austeridade

As notícias desta semana sobre as bases do Orçamento do Estado para 2014 são o corolário de uma apaixonada adesão do Governo português à ditadura da austeridade. Na sua azáfama de cortar em tudo o que mexe, Passos e Portas subestimam o facto de terem já cumprido duas das três etapas do ciclo de vida de uma ditadura: a ideologia e a tortura. Falta mesmo só a revolução.
Começando pela ideologia. Dizem os livros que a austeridade é a política de cortar nos orçamentos do Estado para promover o crescimento. Um conceito demasiado complexo para ser vertido nesta simples definição. Na verdade, o presente e a história demonstram bem que a austeridade extrema, ao invés de estimular a economia e elevar os níveis de confiança, tem frequentemente o efeito contrário. Assim aconteceu nos anos 30 nos EUA e assim acontece atualmente numa Europa anémica.
Não há nada de errado na reforma do Estado e na racionalização dos gastos públicos. Simplesmente, tal deve ser feito no conhecimento dos limites de aplicabilidade de programas de austeridade, de forma a não comprometer os mecanismos de criação de riqueza e de consumo. Os pecados da austeridade fundamentalista adotada por Passos Coelho são simples de enunciar. Desde logo, a perceção de que uma quebra generalizada no consumo imobilizou a economia. Depois, a certeza de que o impacto das medidas de austeridade é sempre brutal nos pobres e na classe média e quase não afeta os ricos. Por fim, aquilo que se designa por "falácia da composição", isto é, a crença - errada - de que o que é bom para o todo é bom para as partes. Tudo isto aconteceu em Portugal nos últimos anos, com um Governo manietado por uma troika apostada em limitar o risco sistémico, protegendo justamente os sistemas de interesses que estiveram na origem da crise, encabeçados pelo omnipresente sistema bancário.
A seguir à ideologia vem a tortura. Passado o "período de instalação", onde a narrativa assentou nos muito convenientes inimigo (Sócrates) e contexto (resgate), o Governo apontou o seu arsenal de soluções às vítimas óbvias e fáceis: pensionistas e funcionários públicos. Poupou os verdadeiros responsáveis pela crise da dívida, o sistema bancário e os interesses privados que cresceram à sombra do Estado, ajudados por políticos incompetentes e corruptos, que hoje têm as suas fortunas escondidas em offshores e bem protegidas da tributação. Optou por montar uma máquina de ataque aos desprotegidos, adotando técnicas de tortura inqualificáveis. Aos invés de apresentar ao país um plano global de reforma, onde todos e cada um soubessem qual seria o seu contributo e as metas a alcançar, atira numa base quase diária intenções de cortes generalizados nos rendimentos daqueles que, no passado ou no presente, trabalham para garantir não mais que o suficiente para pagar despesas e alimentação. E não falo apenas daqueles que ganham 500 euros. Falo também dos que ganham dois ou três mil, mas que têm três ou quatro filhos e são tão pobres como os outros.
Não há dia em que não venha de São Bento uma nova ameaça, numa prática brutal indigna de um governo democrático. Como é possível que na semana em que se descobre o corte das pensões de sobrevivência, que cinicamente Paulo Portas escondeu, se acene com o aumento da taxa de audiovisual? Perceberá o Governo o impacto psicológico sobre os idosos quando se ataca, ainda que marginalmente, um dos poucos prazeres que podem ainda suportar, a televisão em canal aberto? A isto chama-se tortura.
O grande final de toda a ditadura é a revolução. Passos Coelho acredita firmemente na brandura dos portugueses. Eu acredito que os subestima. Sobretudo o grupo dos reformados e dos funcionários públicos, que têm sido estigmatizados com base em mentiras redondas vendidas aos restantes portugueses. Pode ser que a revolução chegue apenas pela via formal, derrotando Passos num ato eleitoral ordinário ou antecipado. Mas também pode ser que as vítimas da tortura decidam diferentemente. Que faria Passos se os funcionários públicos imobilizassem o Estado? Que faria Passos se os idosos pensionistas entrassem numa greve de fome coletiva? Que faria Passos se uma boa parte dos portugueses decidisse apresentar-se esta segunda-feira à porta do seu banco e gerar, logo pela manhã, extensas filas para levantar todas as suas poupanças? Como diria um funcionário público, daqueles que o primeiro-ministro tanto odeia, deixo estas notas "à consideração superior".


José Mendes, no JN