O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Residente da República

Este regime constitucional está agonizante: a Assembleia da República, sede da democracia, abastardou-se, os governantes mentem todos os dias, o povo tem sede duma justiça que nunca chega. O representante máximo do sistema, Cavaco Silva, já não exerce as suas funções presidenciais.

Ao Parlamento está atribuída a função constitucional de legislar. Mas os deputados entretêm-se apenas a fazer negócios. Várias dezenas acumulam a função parlamentar com a de administrador, diretor ou consultor de grupos económicos que beneficiam de favores do estado. Os restantes pactuam com esta promiscuidade. A Assembleia também não fiscaliza, como lhe competiria, a atividade governativa. Os deputados da maioria apoiam acriticamente as atitudes do governo, os da oposição são cadeias de transmissão das direções partidárias, os grupos parlamentares estão reduzidos à condição de claques. Entretanto, a legislação de maior relevância económica é produzida nas grandes sociedades de advogados. Os seus associados apresentam-se nos tribunais a litigar com base em leis que eles próprios produziram, violando o princípio constitucional da separação de poderes.

O governo, esse, está sem rumo. As medidas mais relevantes deste executivo são contrárias ao que Passos Coelho havia prometido em campanha, rompem o compromisso assumido com o eleitorado. Passos mentiu-nos e é, afinal, um mero seguidor das políticas de José Sócrates: reduz pensões e salários, fustiga cidadãos e empresas com impostos. Continua a beneficiar os bancos, aos quais garante elevada remuneração pela dívida pública e fundos para recapitalização; mantém os privilégios dos especuladores imobiliários, nomeadamente isenções fiscais, a nível de IMI e IMT. Garante taxas de rentabilidade obscenas nas parcerias público-privadas.

Entretanto, o sistema judicial claudica. Sem independência e sem meios, revela-se incapaz de combater a corrupção que sequestrou o regime.

Só uma intervenção da Presidência da República poderia agora desencadear um processo de regeneração. Mas o residente de Belém, que jurou a Constituição e é o responsável pelo regular funcionamento das instituições, assiste, imóvel, ao estertor desta democracia moribunda.


Por:Paulo Morais, Professor Universitário, no CM

Passos precisa estagiar na Noruega

Já passou um terço do mês de agosto e, estranhamente, há poucos sinais da cíclica "silly season". É certo que o fim do verão ainda está longe e que já este fim de semana a imprensa nos brindou com uma longa matéria sobre a palpitante e extraordinária existência de 500 anões a viver em Portugal, mas a explicação para não termos dado pela "patética estação" pode ter a ver com habituação. De tanto disparate nos entrar pela vida adentro, este ano não há "silly season" capaz de nos surpreender. Vem isto a propósito de uma notícia publicada ontem à tarde na edição digital do Jornal de Notícias. Desta vez, a aparente tolice (e era mesmo só aparente) vinha da Noruega, onde o primeiro-ministro decidiu revelar que, recentemente, se tinha disfarçado de taxista de Oslo, para aferir das preocupações dos seus conterrâneos. Sem intermediários. Contava a notícia do JN.PT que Jens Stoltenberg vestiu um uniforme de taxista e colocou óculos de sol, ainda que o disfarce não tenha enganado todos. As conversas do inusitado motorista com os seus passageiros foram gravadas por uma câmara oculta, para uso posterior num vídeo da campanha para a reeleição de Stoltenberg. A explicação para a aventura do primeiro-ministro é simples: "Se há um sítio onde as pessoas dizem realmente o que pensam sobre quase tudo, é no táxi".

A 3600 quilómetros de Oslo, há outro líder de Governo que nem disfarçado conseguiria evitar ouvir as queixas dos seus compatriotas. Chama-se Pedro Passos Coelho e usa óculos de sol, mas para encarar a claridade do dia no Algarve, onde se encontra a gozar férias. Merecidas, claro, após um ano de cortes intensos e trabalhosas remodelações sem fim à vista. Ontem, a segurança do veraneante ilustre afastou uns prudentes 100 metros da casa na Manta Rota, onde Passos descansa, os elementos da Comissão de Utentes da Via do Infante que, uma vez mais, saíram à rua para contestar as portagens naquela importante estrada. O protesto será certamente inglório. Um dos membros da dita comissão queixava-se de já no ano passado ter tentado, sem sucesso, entregar a Passos Coelho uma carta. Este ano, insistiu na façanha, mas vai certamente ficar a falar sozinho. Se fosse na Noruega, pouparia o megafone, as panelas e os cartazes. Bastaria apanhar um táxi. E, para que não restassem dúvidas, seria o próprio governante, como fez Stoltenberg, a colocar no Facebook, Twitter e YouTube o resultado do contacto com o povo.

Cá, onde a classe política faz de conta que usa as modernas ferramentas para comunicar com as pessoas, seria certamente diferente. Passos Coelho, que também está no Facebook, resolveu baldar-se para os eleitores que lhe deram os votos e os "likes" e, mal começou a ser contestado no mundo digital - como se fosse diferente das ruas -, decidiu deixar de atualizar a página. Parou a 26 de Dezembro do ano passado, após uma patética mensagem de Natal que mereceu qualquer coisa como 28 mil comentários, para não dizer insultos. Imagine-se o que seria desde então com tanta trapalhada governativa...

É também nas redes que Jens Stoltenberg revela que em Oslo nenhum dos passageiros do camuflado chefe de Governo pagou a corrida. Por cá, não temos a mesma sorte e a coisa vai piorar. É só esperar pelo Orçamento do Estado para ver quantas corridas vamos ter que pagar a Passos Coelho.


Alfredo Leite, no JN

Ferreira Leite acusa Governo de fazer 'bluff'

Fórum das Regiões: Ainda bem que não somos nós que o dizemos, é o próprio PSD!


Ferreira Leite acusa Governo de fazer 'bluff'


A ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite acusou o Governo de fazer 'bluff' ao dizer que o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) ao regime jurídico da "requalificação de trabalhadores em funções públicas" poderá provocar medidas mais duras para os portugueses.

"Isto é um 'bluff' de todo o tamanho. Tudo isto é um processo que demoraria muito mais de um ano, porque só na qualificação eles estariam um ano, mesmo que não tivesse sido considerado inconstitucional nunca isto teria qualquer efeito orçamental nem este ano, nem no próximo", afirmou Manuela Ferreira Leite na quinta-feira à noite na TVI24.

Os juízes do TC chumbaram a 29 de Agosto o regime jurídico da "requalificação de trabalhadores em funções públicas", cuja "fiscalização abstracta preventiva" tinha sido pedida pelo Presidente da República.

No dia seguinte, a reagir a este chumbo, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou que se o Governo não puder baixar os salários, nem as pensões, o caminho será um segundo resgate.

Manuela Ferreira Leite defendeu que o chumbo do TC "não tem nada a ver nem com a necessidade de redução de despesa do próximo ano, nem com o orçamento do próximo ano, nem com a oitava avaliação da 'troika', não tem a ver com nada do ponto de vista orçamental".

A antiga ministra das Finanças defendeu mesmo que "só pode ser mais fácil [negociar] com uma criatura que quer que se faça determinada coisa, ao dizer-lhe 'eu queria fazer, mostrei que queria fazer, mas não me deixam".

"E ele vai ter que compreender", disse.

Quando questionada sobre qual seria o objectivo do Governo com o novo regime da requalificação dos funcionários públicos, a ex-líder do PSD respondeu: "Era provavelmente para ter a hipótese de vir a libertar-se dos funcionários, admito que sim".

"Por este motivo, por estas normas não terem sido consideradas constitucionais para o orçamento de 2014 não se perde um cêntimo", reiterou.

Manuela Ferreira Leite acusou ainda o executivo de amedrontar os funcionários públicos com o "bicho papão".

"Aquilo que eu acho aqui preocupante é que, a propósito desta possibilidade de despedimento, se amedronte as pessoas com o papão de que 'agora que grande desgraça aconteceu, como é que nós fazemos a consolidação das contas públicas?'", disse.

A antiga ministra das Finanças considerou que "se [o regime jurídico] era inconstitucional, [o TC] fez muito bem em ter chumbado".

"Nós estamos ou não estamos num Estado de Direito? Como eu acho que cada vez que há medidas muito violentas de corte de despesa, e isso só nos prejudica, eu continuo a achar que o chumbo do TC nalgumas situações só nos ajudou a não nos afundarmos tanto", defendeu.



Fonte: Lusa/SOL