O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Ferreira Leite teme que Governo esteja a esconder situação do país pior que a revelada

Fórum das Regiões: Se ela o diz e, normalmente, sabe o que diz, quem somos nós para contrariar? Já vimos que estamos perante um governo incompetente e uma classe política incapaz, logo...


Social-democrata fala em “birras” para explicar crise política.

Manuela Ferreira Leite está preocupada e desconfiada. Preocupada pela demissão de Vítor Gaspar não ter sido ainda explicada. E desconfiada que essa falta de explicação possa significar que a situação do país possa ser “muito pior” que aquela que é revelada pelo Governo.
No seu habitual comentário na TVI24, a antiga presidente do PSD diz não compreender que o ministro das Finanças “se demita a meio da tarde”, algumas semanas depois de dizer que o país estava a entrar no caminho do investimento.
Por isso, acrescentou, “tem de ser muito bem explicada a saída”. “Tenho receio que estejamos numa situação muito pior do que aquela que nos é dada a conhecer e o ministro sai porque não a consegue resolver”.
Quanto às explicações dadas por Gaspar na carta ao primeiro-ministro e que tornou pública, Ferreira Leite faz o seguinte resumo: “Eu sou muito bom e agora vocês vão ver o que é isto sem mim.”
Admite mesmo que Paulo Portas queira “saltar fora” pelas mesmas razões, por a situação estar pior do que a que é explicada aos portugueses.
Ferreira Leite admite mesmo que possa estar em causa um segundo resgate.
Sobre a crise política, a antiga ministra de Cavaco Silva classificou-a como “birras”. O que a incomoda, diz, é que “depois dos sacrifícios feitos pelos portugueses” se “esteja a lançar mais angústias”. “O que me preocupa é que ninguém saiba o que isto significa para o país.”
Ainda assim, Ferreira Leite defende que não se realizem eleições legislativas antecipadas “se houver entendimento entre os partidos”. Acredita, porém, que a coligação "com alguma dificuldade" vai durar toda a legislatura. [PSD e CDS] vão viver sob o mesmo tecto, mas em quartos diferentes.”
Sobre o papel de Cavaco Silva, Ferreira Leite diz que ele “está a apadrinhar um Governo que mantenha a estabilidade”.
Fonte: Jornal Público

A farsa continua...

Passos Coelho explicava anteontem em Berlim, com inconcebível candura, que não se demite do cargo porque os portugueses "querem ver o filme até ao fim". Viajou até Berlim para assistir a uma conferência sobre o desemprego jovem na Europa, e ali descreveu à imprensa internacional o desconchavo das intrigas e cobardias que minaram o seu Governo e destruíram a maioria parlamentar que o suportava, declarando com displicência que "meras preferências quanto a nomes para pastas do Governo" não eram motivo suficiente para que se demitisse! Na véspera, Cavaco Silva prosseguia a cerimónia de posse dos novos governantes já depois de conhecer o pedido de demissão do ministro promovido a número dois desse mesmo Governo, mas cuja exoneração Coelho preferiu não lhe solicitar. A farsa continua. Vítor Gaspar demitiu-se da pasta das finanças publicando uma carta que arrasa o Governo e assume os fracassos da sua política... o que todavia não impediu Cavaco e Passos de lhe testemunharem os mais ternos afetos e penhorada gratidão, na hora da despedida!

Este espetáculo inimaginável que expõe cruamente a generalizada degradação das instituições soberanas da República vai continuar por mais algum tempo.

Dois anos antes, com o intuito de vencer a "obstinação" do Governo minoritário do Partido Socialista que teimava em recusar a apresentação do pedido de resgate financeiro, foi dissolvida a Assembleia da República e foram convocadas eleições legislativas antecipadas, numa atmosfera de inusitada unanimidade. Um Governo já demissionário, com meros poderes de gestão, viu-se então obrigado a negociar um programa de emergência com o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu.
O Governo seguinte faria do "memorando de entendimento" o seu único programa de governo e decidiu à cabeça duplicar as medidas de austeridade nele previstas.
Dois anos depois, com terríveis custos económicos, sociais, políticos e financeiros, demonstrava-se cabalmente o fracasso do tão almejado programa de resgate, uma derrota aliás confessada, por escrito, pelo seu principal executor - o ex-ministro das Finanças. Contudo, paradoxalmente, é pelo mesmo caminho que querem prosseguir e é em seu nome que rejeitam a antecipação de eleições legislativas - único meio viável para a recuperação da autoridade e da legitimidade democráticas que os atuais governantes desbarataram com extraordinária leviandade em tão curto tempo.

Já não há Governo, nem coligação, nem maioria parlamentar. Por seu turno, a Presidência deu o último sinal de vida em março de 2011, quando o seu titular acusou o anterior primeiro-ministro de deslealdade institucional, precipitando uma crise política.

A farsa continua porque todos tentam evitar o reconhecimento das responsabilidades próprias e nenhum se atreve a desligar o moribundo da máquina, sem obter prévia autorização da troika - a única soberania que de facto reconhecem. Promovem o medo e invocam a "estabilidade", alegam que dentro de 15 dias começa a oitava missão de avaliação, que a reforma do Estado e o Orçamento para 2014 ficariam comprometidos, que um segundo resgate se tornaria inevitável...

Evitar um segundo resgate é com efeito um imperativo incontornável pelo qual respondem estes governantes. Mas se um Governo minoritário com meros poderes de gestão foi outrora considerado competente para negociar o atual "memorando de entendimento", apesar de demissionário, porque não poderia este Executivo cumprir agora tudo o que lhe resta cumprir para satisfazer a oitava avaliação? Será legítimo acorrentar o país por mais um ano ao Orçamento do Estado de uma maioria "contrafeita" e de um Governo de farsa? Por tudo isso, parece da maior prudência dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas, imediatamente!


Pedro Bacelar Vasconcelos, no JN

Bem-vindos ao Circo Portugal

Por muito que o proclame no Parlamento - e a TSF o explore para autopromoção -, Pedro Passos Coelho pode namorar apenas com a mulher, mas é com Paulo Portas que tem o mais truculento dos arrufos. Relevando a importância política dos intervenientes, o caso daria excelente mote para o enredo imaginado por qualquer guionista de telenovela mexicana. De terceira categoria, tal é o nível da atual política nacional.

A cena dos capítulos anteriores resume-se rápido: Vítor Gaspar abandonou o Governo e divulgou uma carta que arrasa o primeiro-ministro, pondo a nu as políticas seguidas até agora. Portas, que nunca morreu de amores pelo ministro das Finanças, viu na sua saída uma hipótese de inverter o caminho de austeridade seguido com punho de ferro pelo implacável Gaspar. Só que Passos Coelho traiu o parceiro de coligação e nomeou Maria Luís Albuquerque, ex-ajudante do todo-poderoso Gaspar para o lugar deixado vago pelo professor. E, dessa forma, tentou perpetuar a política austera que o populista Portas tantas vezes engoliu em seco. Com uma mulher desavinda pelo meio, Portas demitiu--se. Posição "irrevogável", disse-o em comunicado violento, tão típico das relações complexas. "Irrevogável" pelo menos até anteontem, altura em que, com surpreendente cara de virgem ofendida, o primeiro-ministro apareceu solene na TV, dizendo que não aceitava a saída de Portas e que se ausentava para Berlim em defesa dos magnos interesses do país.

Enquanto Passos e Portas se digladiavam, ora com balas ora com flores, atirando para o outro a responsabilidade da crise, bastava ler a carta de demissão de Vítor Gaspar para perceber que a agonia durava há muito e que o desmoronamento do país político não acontecia por acaso. Entretanto, o país económico somava prejuízos: a Bolsa nacional registou as mais fortes perdas desde abril de 2010, os juros da dívida pública regressaram aos perigosos valores do final do ano passado, a Moody's vaticinou dificuldades no regresso aos mercados e vários especialistas já falam da inevitabilidade de um segundo resgate. Mas foi esta desunião de facto de Pedro e Paulo que nos trouxe até aqui? Naturalmente que não.

Ambos protagonizam há muito um casamento de conveniência sem amor e, sobretudo, sem perspetivas de futuro. Se pudesse ser televisionada, a tentativa de reconciliação que se realizou ontem à noite (Paulo e Portas reuniam para evitar a rutura da coligação e, consequentemente, a queda do Executivo) daria uma cena inesquecível de amor e traição, daquelas rodadas em Acapulco. É que, por muito que tentem a reanimação, este é um Governo morto. Internamente ninguém acredita nesta trupe de trapezistas e contorcionistas que nos entedia em degradantes espetáculos. Externamente, perdemos capacidade política para negociar o que quer que seja. Todos sabíamos que chegaríamos aqui. Nem todos imaginavam era que fosse tão depressa. É por isso que, à falta do guionista mexicano, é imperiosa a intervenção do presidente da República. Até porque se Cavaco Silva dizia há tempos que não podemos juntar uma crise política a uma crise económica tem agora todos os condimentos para finalizar esta novela.

Alfredo Leite, no JN

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Gaspar força Segurança Social a gastar até 4000 milhões

Fórum das regiões: É por estas e por outras que depois dizem que a Segurança social não é sustentável! Claro que não pode sustentar as "asneiras" que os governos cometem continuadamente.

DÍVIDA PÚBLICA NACIONAL

Um dos últimos despachos de Vítor Gaspar enquanto ministro das Finanças, assinado no dia em que pediu demissão (segunda-feira) foi uma portaria que força o fundo de reserva da Segurança Social (FEFSS) a comprar até cerca de quatro mil milhões de euros de dívida pública nacional (a preços atuais) nos próximos dois anos e meio, até final de 2015.

A verba acabará por ser um género de almofada caso o Estado tenha problemas adicionais de financiamento ou não consiga completar a reforma do Estado, e tem a vantagem de contribuir para segurar o preço das obrigações e outros títulos de dívida soberana, reduzindo a pressão sobre a subida das respetivas taxas de juro, como aconteceu nesta e nas últimas semanas.

Fonte: Diário de Noticias

Sem medo, pânico ou resignação

1. A pior coisa que nos pode acontecer neste momento é ficarmos tolhidos pelo medo. O facto é claro desde 15 de setembro: os portugueses não querem Passos Coelho nem as pessoas que pensaram ser possível fazer a TSU. Uma ideia tão absurda como esta, face à realidade do país, eliminou a credibilidade do primeiro-ministro para liderar Portugal. Até Gaspar o compreendeu quando se quis demitir em outubro. Passos deve sair o mais urgentemente possível de cena. Só mesmo ele não percebe que se tornou o principal entrave para sairmos desta crise política. Mas como não parece perceber, alguém tem de lhe fazer um desenho. Ou seja, a rua. Passos está à espera de ser vítima da revolta popular. Vai lançar a polícia de choque contra manifestantes revoltados pela falta de legitimidade de quem quer manter-se no poder a todo o custo. Senhor primeiro-ministro: quer que isto vire definitivamente a 'Grécia', humilhando-nos internacionalmente ainda mais?

2. Sejamos lúcidos: façamos eleições já. A economia privada e exportadora vão tentando remar contra a maré mas Passos e Gaspar conseguiram sempre tornar mais difícil o que já era hercúleo. Quanto mais cedo se clarificar isto, melhor. Um novo ciclo não tem de ser pior do que a situação atual. Estamos sob a 'proteção' do empréstimo da troika até setembro de 2014 - antes de chegarmos aos mercados. Não precisamos de crédito já. Não estamos a sofrer com as "subidas" dos juros de ontem - é falso, é virtual! Façamos isto já porque há liquidez nos cofres do Estado para aguentar as contas até ao fim do ano e entretanto teremos um rumo diferente que os mercados acabarão por valorizar - se tivermos uma estratégia. Os mercados sobem e descem. Se fosse igual todos os dias ninguém investia. Não há que ter medo 'deles'. As taxas de juro sobre a dívida portuguesa ou as bolsas estão a subir hoje mas descerão 'amanhã' se tivermos um Governo com outra visão. Portugal não perdeu ontem 2,6 mil milhões de euros na Bolsa! Desvalorizou apenas. Há de valorizar a seguir. É virtual! As televisões, rádio e jornais geram sistemático pânico por informação sem enquadramento.

3. O ponto central é que não há investimento nem confiança com este primeiro-ministro e este projeto de Governo - e isso é que é decisivo. "Esta estabilidade" não nos dará taxas de juro melhores para a dívida portuguesa se não houver crescimento e emprego. E é mentira que percamos tudo o que sofremos até agora só por irmos para eleições. Se continuarmos assim é que a troika fica cá para sempre.

4. O presidente da República tem a obrigação de ouvir os portugueses, tem de acabar com aceleração para o caos social. A única coisa nova que Passos trouxe para a política portuguesa foi a do "Manual de como sequestrar Paulo Portas", que exerceu com sadismo durante dois anos. Agora queixa-se de deslealdade? É a hipocrisia total. Obviamente Portas colheu aquilo que andou a semear toda a vida política.

5. Esperemos que o Governo não ouse por um momento invocar qualquer ligeira recuperação da economia, do emprego ou das exportações, como se fosse mérito seu. Vai haver números macroeconómicos melhores dentro de semanas/meses? Há quem resista a tudo - até a este caos. Alguém se lembra de uma medida estrutural que tenha estimulado o crescimento ou a confiança?

6. Passos Coelho tem ainda um dever com o PSD: a sua saída rápida permite um congresso para uma nova liderança. Isso permitirá ao partido apresentar-se com um ideário realmente social-democrata às urnas e evitar o desastre total em todos os próximos atos eleitorais.

7. Paulo Portas tinha, pelo menos, o benefício da dúvida de não ter apoiado Gaspar & Companhia e obter alguma legitimidade para ir a eleições como líder, ou, pelo menos, entregar o CDS dignamente a sufrágio com outra liderança. Se preferir o rótulo de um partido que quis/tentou/derrubou o Governo e, ao mesmo tempo, o manteve artificialmente contra a vontade dos portugueses, decidirá pela mais cobarde das opções.

8. Este não é um tempo para meias-medidas e meias-palavras. Este Governo acabou. Se não for a bem, infelizmente vai ser a mal.



Daniel Deusdado, no JN

Uma crise patética

Há momentos em que a realidade supera a pior das expectativas. Esta crise política, que vai inevitavelmente conduzir à queda do Governo nos próximos dias, é um desses lamentáveis momentos.
Em menos de 24 horas, desertaram os dois ministros de Estado. Foi nomeada para a pasta das Finanças uma pessoa que está no centro de uma polémica discussão pública e parlamentar e que tomou posse num ambiente digno de um funeral. O líder do CDS ensaiou uma saída de cena que não contemplava a obrigação de explicar qual a posição futura do seu partido na coligação. E, a cereja em cima do bolo, o primeiro-ministro prosseguiu esta peça teatral de baixo nível fazendo um discurso caricato em que se nega a aceitar a realidade - e por isso não pediu até ao Presidente da República a exoneração de Paulo Portas (que foi apresentada como "irrevogável" em carta pública).
Estamos perante um dos mais caricatos episódios da política portuguesa desde que a Democracia se instalou em Portugal, em 1974. Absolutamente patético!
É óbvio que esta crise vai acabar em eleições a muito curto prazo.
Passos Coelho, que hoje vai a Berlim à espera que seja o CDS a explicitar o fim do Governo, está apenas a jogar com Paulo Portas uma incrível partida de xadrez que desmente o sentido de responsabilidade tantas vezes reclamado pelo Governo. Ambos querem empurrar para o outro o ónus de terem frustrado as expectativas do País. Apenas isso. Lamentavelmente, só isso. E, entretanto, os mercados vão fazendo as leituras devidas.
Passos Coelho e Paulo Portas podem querer continuar a reclamar terem ganho a batalha da credibilidade externa do País. Mas aprestam-se para deixarem os juros da dívida pública nacional de novo bem acima dos 7%, acompanhada de um exército de desempregados, um défice ainda descontrolado, um endividamento crescente, uma espiral recessiva instalada, centrais sindicais na rua e confederações patronais unidas na recusa deste caminho para a economia.
Esta é a realidade - e ela desmente o discurso do primeiro-ministro, que tem da ação do seu Governo uma perspetiva delirante.
É obvio que esta crise é má para Portugal. Mas sendo Passos Coelho e Paulo Portas os únicos responsáveis pelo que se está a passar, um elementar sentido mínimo de bom senso deve aconselhá-los a saírem de cena muito rapidamente. Se lhes faltar isso, resta esperar que Cavaco Silva saiba sair do estado de hipnotismo em que entrou e acabar com a palhaçada. O pós-troika, agora, vai ter de esperar. E o País precisa de saber se tem ou não Presidente da República.


JOÃO MARCELINO, no DN

O governo acabou mal mas felizmente sem violência

Há longas semanas que tenho escrito – e falado nas televisões – que o actual governo Passos Coelho estava moribundo. Poucas pessoas me deram crédito, julgando que tomava os meus desejos pela realidade. Finalmente os meus ditos consumaram-se. Primeiro com a demissão de Vitor Gaspar que escreveu uma carta muito inteligente ao primeiro-ministro que aliás divulgou.

A substitui-lo, Passos Coelho fez ministra das Finanças a sua secretária de Estado, Maria Luís Albuquerque, que mentiu sem vergonha ao parlamento. Foi a pior coisa que fez para indignar Paulo Portas. Uma provocação que lhe foi feita, dado que a já nomeada (depois do governo cair), uma vez que ia fazer a mesma política de Vitor Gaspar. O que levou Portas também a demitir-se, com os seus ministros, e assim a tirar a maioria ao governo.

O primeiro-ministro – que fala hoje [ontem] ao país às 20 horas – e que não pode deixar também de demitir-se porque perdeu a escassa maioria que teve. Até agora o Presidente Cavaco Silva não disse nada. Falará seguramente amanhã [hoje], com o governo, finalmente, no chão. E agora? Que vai ele fazer que até a este fim triste sempre apoiou incondicionalmente este governo. Demitir-se também? Era o melhor que poderia fazer… Desacreditado como está.


Mário Soares, no jornal I