O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sem medo, pânico ou resignação

1. A pior coisa que nos pode acontecer neste momento é ficarmos tolhidos pelo medo. O facto é claro desde 15 de setembro: os portugueses não querem Passos Coelho nem as pessoas que pensaram ser possível fazer a TSU. Uma ideia tão absurda como esta, face à realidade do país, eliminou a credibilidade do primeiro-ministro para liderar Portugal. Até Gaspar o compreendeu quando se quis demitir em outubro. Passos deve sair o mais urgentemente possível de cena. Só mesmo ele não percebe que se tornou o principal entrave para sairmos desta crise política. Mas como não parece perceber, alguém tem de lhe fazer um desenho. Ou seja, a rua. Passos está à espera de ser vítima da revolta popular. Vai lançar a polícia de choque contra manifestantes revoltados pela falta de legitimidade de quem quer manter-se no poder a todo o custo. Senhor primeiro-ministro: quer que isto vire definitivamente a 'Grécia', humilhando-nos internacionalmente ainda mais?

2. Sejamos lúcidos: façamos eleições já. A economia privada e exportadora vão tentando remar contra a maré mas Passos e Gaspar conseguiram sempre tornar mais difícil o que já era hercúleo. Quanto mais cedo se clarificar isto, melhor. Um novo ciclo não tem de ser pior do que a situação atual. Estamos sob a 'proteção' do empréstimo da troika até setembro de 2014 - antes de chegarmos aos mercados. Não precisamos de crédito já. Não estamos a sofrer com as "subidas" dos juros de ontem - é falso, é virtual! Façamos isto já porque há liquidez nos cofres do Estado para aguentar as contas até ao fim do ano e entretanto teremos um rumo diferente que os mercados acabarão por valorizar - se tivermos uma estratégia. Os mercados sobem e descem. Se fosse igual todos os dias ninguém investia. Não há que ter medo 'deles'. As taxas de juro sobre a dívida portuguesa ou as bolsas estão a subir hoje mas descerão 'amanhã' se tivermos um Governo com outra visão. Portugal não perdeu ontem 2,6 mil milhões de euros na Bolsa! Desvalorizou apenas. Há de valorizar a seguir. É virtual! As televisões, rádio e jornais geram sistemático pânico por informação sem enquadramento.

3. O ponto central é que não há investimento nem confiança com este primeiro-ministro e este projeto de Governo - e isso é que é decisivo. "Esta estabilidade" não nos dará taxas de juro melhores para a dívida portuguesa se não houver crescimento e emprego. E é mentira que percamos tudo o que sofremos até agora só por irmos para eleições. Se continuarmos assim é que a troika fica cá para sempre.

4. O presidente da República tem a obrigação de ouvir os portugueses, tem de acabar com aceleração para o caos social. A única coisa nova que Passos trouxe para a política portuguesa foi a do "Manual de como sequestrar Paulo Portas", que exerceu com sadismo durante dois anos. Agora queixa-se de deslealdade? É a hipocrisia total. Obviamente Portas colheu aquilo que andou a semear toda a vida política.

5. Esperemos que o Governo não ouse por um momento invocar qualquer ligeira recuperação da economia, do emprego ou das exportações, como se fosse mérito seu. Vai haver números macroeconómicos melhores dentro de semanas/meses? Há quem resista a tudo - até a este caos. Alguém se lembra de uma medida estrutural que tenha estimulado o crescimento ou a confiança?

6. Passos Coelho tem ainda um dever com o PSD: a sua saída rápida permite um congresso para uma nova liderança. Isso permitirá ao partido apresentar-se com um ideário realmente social-democrata às urnas e evitar o desastre total em todos os próximos atos eleitorais.

7. Paulo Portas tinha, pelo menos, o benefício da dúvida de não ter apoiado Gaspar & Companhia e obter alguma legitimidade para ir a eleições como líder, ou, pelo menos, entregar o CDS dignamente a sufrágio com outra liderança. Se preferir o rótulo de um partido que quis/tentou/derrubou o Governo e, ao mesmo tempo, o manteve artificialmente contra a vontade dos portugueses, decidirá pela mais cobarde das opções.

8. Este não é um tempo para meias-medidas e meias-palavras. Este Governo acabou. Se não for a bem, infelizmente vai ser a mal.



Daniel Deusdado, no JN

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