O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 31 de maio de 2013

Ruy de Carvalho criticado no Facebook

Fórum das Regiões: Pois é Ruy de Carvalho, muitos de nós nos enganamos redondamente... e agora há que aguentar. Brevemente poderemos iniciar a nossa "vingança", pela mentira em que nos induziram...


O ator de 86 anos escreveu na passada sexta-feira um texto, o qual mostra a sua indignação para com o ministro das Finanças, que acusa de “institucionalizar o roubo”, perante “o silêncio do Primeiro--Ministro e os olhos baixos do Presidente da República”.

Ao CM, Ruy de Carvalho esclarece que decidiu manifestar a sua indignação depois de ter recebido uma carta das Finanças que indica que já não é “artista” e passou a ser apenas “prestador de serviços”, deixando de ter direitos conexos e de propriedade intelectual.

No entanto, foram muitos os utilizadores daquela rede social que criticaram o ator, afirmando que este sempre foi apoiante do PSD, especialmente de Cavaco Silva, e que agora que se sentia “roubado” é que se tinha pronunciado contra as políticas de direita.

“Se o Passos Coelho está lá e o Cavaco também, é porque muita gente votou e acreditou neles, tal como o Ruy de Carvalho, e só agora todos viram a asneira e se sentiram roubados”, lê-se num dos comentários publicados na página do ator.

“Recuemos até ao ano de 2011 quando o senhor foi um assumido apoiante de Passos Coelho e do PSD e avancemos para 2012, quando o senhor foi condecorado por Cavaco Silva (…). Sabe que neste País, há dois fatores decisivos que influenciam as pessoas no voto - a manipulação dos media e os homens ou artistas do regime. Portugal vota sem consciência, mas o senhor apoiou de consciência os políticos de direita que agora acusa de arrasarem a cultura em Portugal. Por isso, a responsabilidade de tamanho desastre também é sua, não se queixe agora só porque lhe foram ao bolso, como foram e estão a ir a milhões de portugueses”, escreve outro utilizador do Facebook.

Ruy de Carvalho decidiu responder a estas críticas e publicou outro texto no sábado passado.
“Cada um lida com a sua honestidade, no tempo que lhe é próprio. Sou e serei um Social-democrata, porque acredito nesse tipo de formatação política”, explica o artista.

“Ergo agora a minha voz (…) por ver que aqueles em quem acreditei fogem aos princípios que juraram defender. Foram eles que juraram e não eu. São eles que enganam. E por me sentir enganado, não precisei de recorrer a grupos, quer políticos, quer profissionais para abrir uma frente de protesto” escreveu Ruy de Carvalho.

“Todos os que me conhecem sabem que estou sempre na primeira linha das lutas contra a mentira e as injustiças. (…) Tenho pena que todos nós, todo o povo português, tenhamos tido pouca sorte nas escolhas que fez”, desabafa o ator, admitindo assim ter errado nas opções políticas que tomou.


Fonte: Correio da Manhã

Uma agressão gratuita

1.Muito se tem dito e escrito, nestes últimos tempos, sobre a posição insustentável do Governo em relação à reabilitação urbana na cidade do Porto. Tão insustentável e incompreensível, quanto é certo que o setor da construção civil, altamente criador de emprego e claro dinamizador da atividade económica, está a atravessar no nosso país uma das mais sérias crises de sempre. Estando o Governo a anunciar sucessivos programas de apoio ao investimento privado e à criação de postos de trabalho, como pode menosprezar um instrumento tão eficaz, que tem à mão de semear, com provas dadas e história feita? Como pode não enxergar aquilo que para quase todos é evidente?
Segundo um estudo referido pela CIP, creio que de 2010, o volume de investimento necessário para reabilitar todos os edifícios de Portugal que precisam de intervenção, sejam residenciais ou não, públicos e privados, ronda os 150 mil milhões de euros, o que criaria 600 mil postos de trabalho para 20 anos. Estamos a falar de números enormes que a estarem desatualizados só o serão por defeito. Enquanto a média de 14 países europeus analisados no estudo nos diz que 23% da produção total da construção respeita à reabilitação urbana, atingindo 32% na Alemanha, em Portugal quedamo-nos pelos 6,2%. Os centros tradicionais do Porto e de Lisboa apresentam hoje largos quarteirões com habitação degradada que os desfeiam e os tornam inabitáveis, feridas cada vez mais visíveis resultantes da política de congelamento de rendas que vingou, nas duas metrópoles, no pós-guerra.
É inquestionável que há, neste domínio, muito para fazer. Tem-se aqui uma oportunidade de peso, cujo efeito multiplicador é inquestionável logo no curto e médio prazo. Ora sabendo-se tudo isto, não faz sentido o comportamento do Governo em relação à reabilitação urbana na cidade do Porto.
Diz-nos o exemplo vindo de outros países europeus que o sucesso destas intervenções em tecido urbano consolidado será tanto maior quanto mais forte for a cooperação entre a Administração Central, a Administração Local e o setor privado. E, no Porto, tudo começou bem.
O Governo e o Município constituíram em 2004 uma sociedade de reabilitação urbana ( SRU ) em que o primeiro subscreveu 60% do capital, o segundo 40% e os privados participavam com investimento direto face a projetos concretos. Os primeiros destes projetos foram lançados e tudo parecia ir dar certo.
Eis senão quando tudo se alterou. O Governo, maioritário na sociedade, recusou pagar a quota-parte da sua responsabilidade na gestão, referente aos anos de 2010 e 2011, no montante de 2,4 milhões de euros. Não estamos a falar de 2,4 mil milhões de euros, o que por certo traria a troika ao controlo indireto da sociedade.
Falamos de 1,2 milhões por ano quando, segundo dados da SRU, entre 2005 e 2013 o investimento privado realizado em reabilitação ultrapassou os 500 milhões de euros. Mesmo em tempo de crise, aquele montante de 1,2 milhões é irrelevante no orçamento de um ministério. Acresce a tudo isto a recusa do Governo na recomposição do Conselho de Administração, o congelamento das alterações estatutárias por si propostas e o voto contra todos os pontos da agenda na última assembleia-geral.
Não se entende. A menos que o conflito aberto na sociedade seja, afinal, um instrumento para atingir outros fins - os da luta pelo poder nas estruturas do PSD. É público que o presidente da Câmara do Porto não morre de amores pela atual liderança do seu partido e é notório que não se inibe de discordar abertamente da atuação do Governo. Quando se fala de alternativas dentro do PSD, o seu nome é sempre referido. Ora seria lamentável que o Governo se servisse de um grave problema da cidade para dirimir conflitos partidários apoucando o presidente da Câmara. Quero acreditar que não será isso. A sê-lo, atingiu-se o patamar mais mesquinho e degradante da luta política.
2. O Futebol Clube do Porto sagrou--se uma vez mais campeão quando já muitos pensavam ser impossível. Foi empolgante, com disputa acesa até ao último minuto. A cidade, uma vez mais, afirmou-se através do desporto, no futebol, no hóquei em patins e no andebol. Que bela oportunidade, lamentavelmente perdida, para se poder manifestar, na casa de todos os portuenses, o reconhecimento pelo sucesso alcançado.

Fernando Gomes, no JN

Os velhinhos servos e os outros

O sol, o vinho do Porto, as sardinhas assadas ou o fado deviam ser por si só razões bastantes para potenciar no estrangeiro a indústria do turismo portuguesa. São poucas alíneas de atratividade? Junte-se-lhes a riqueza histórica e paisagística, a monumentalidade ou a excelência de certos serviços e um custo de vida relativamente barato, quando comparado com outros destinos. Vender um potencial assim não está ao alcance de todas as nações, mas por cá existe sempre quem tente inovar pela via menos adequada: pôr o país de cócoras.
Descontados os muitos vídeos promocionais conhecidos por serem marcados por cenas de puro servilismo nacional, chegou uma nova moda: atrair os cidadãos estrangeiros em idade de reforma para gozarem o fim de linha das suas vidas em território português.
Lançado em janeiro, o programa visa o chamado dois em um.
Por um lado, o convencimento de fixação de residência em Portugal de ingleses, franceses, russos ou chineses fará mexer a economia, esteja ela ligada à compra de salsichas ou de remédios para o reumatismo; por outro lado, quem para o Algarve ou o Alto Douro venha viver precisa de dispor de uma habitação e o país está encharcado de imóveis às moscas - no essencial da responsabilidade dos bancos responsáveis pela promoção e concessão de crédito fácil a qualquer bicho- -careta ou pato-bravo da construção civil quando ainda se pensava que o Terreiro do Paço dispunha de uma fábrica de fazer notas de euro.
A tese da captação de investimento pela fixação de cidadãos estrangeiros em Portugal não contém em si nenhum pecado mortal. Num mundo cada vez mais concorrencial dá-se é o caso de, a páginas tantas, tornar--se desvantajosa a condição de ser português em Portugal.
Mais interessado nos vícios e nas guerras de alecrim e manjerona dos protagonistas do Poder, o país prestou pouca atenção, por exemplo, à grande movida de gauleses ao Salão Imobiliário português realizado no último fim de semana em Paris. O objetivo da mostra era, naturalmente, o de divulgar as vantagens da compra de uma casinha em Portugal, obtendo benefícios se cumprido o compromisso de passar a residir fiscalmente por cá e comprovar a presença no país pelo prazo mínimo de 183 dias por ano. Um belo isco!, fundamentado na legislação existente a partir de 1 de janeiro e segundo a qual os residentes em Portugal que recebam reformas de fontes estrangeiras estão isentos de impostos sobre as suas pensões privadas.
As vantagens do programa para um estrangeiro ficaram bem caracterizadas no jornal "Le Figaro", classificando a costa portuguesa como o novo eldorado e apelidando Portugal como "o novo paraíso fiscal para os reformados franceses".
Sim, a tese poderia ser só elogiosa, mas não. Quando em Portugal a esmagadora maioria dos pensionistas e reformados recebem menos de 600 euros por mês e os que auferem acima de tal patamar de quase miséria estão sob o cutelo de mais e mais impostos e contribuições extraordinárias, não é nada de louvar os traços gerais do chamariz à terceira idade de outros países para as fronteiras nacionais.
É aconselhável não ultrapassar mínimos de dignidade. Portugal precisa de investimento e de novas fontes geradoras de riqueza. Deve, no entanto, dispensar a aviltação de tornar mais pobres os seus reformados e pensionistas pretendendo colocá-los como servos de velhinhos endinheirados a quem o país concede benesses.

Fernando Santos, no JN

Para lá da revolta do Porto

Um conjunto de notáveis do Porto entendeu, nos últimos dias, dar a cara pela causa da reabilitação urbana na cidade. "Grito de revolta no Porto", titulava o JN de ontem. Um sinal positivo que, contudo, não esconde a timidez do protagonismo do Norte e da liderança do Porto.
Esta tomada de posição coletiva, liderada por Rui Rio, merece-me uma análise a partir de três ângulos: a questão de fundo, isto é, a problemática da reabilitação urbana propriamente dita; a visão e o comportamento do Estado, leia-se do Governo português; e, por fim, o significado desta demonstração de músculo a partir do Porto.
Começando pela reabilitação, importa dizer muito claramente que não há inocentes no estado de degradação a que chegaram alguns dos centros urbanos das nossas cidades, sobretudo no Porto e em Lisboa. Na máquina imobiliária que se apoderou do país a partir de 1976, a aposta esteve sempre na construção nova pela simples razão de que gerava mais-valias incomparavelmente mais interessantes no curto prazo. Envolvia negócios de terrenos, que seriam objeto de (re)classificação em sede de planos diretores e de urbanização, operações e taxas de urbanização, construção massificada e, finalmente, a transação através de empréstimos bancários com os respetivos impostos. Todos os agentes, incluindo câmaras municipais, Estado, indústria da construção e Banca, ganharam numa lógica imediatista, ignorando ostensivamente o património construído. Entretanto, as reformas necessárias, como a da lei das rendas, nunca foram feitas em tempo útil.
A criação da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Porto Vivo foi pioneira na tentativa de alterar esta situação numa cidade cujo Centro Histórico estava (está!) extremamente desqualificado. O modelo foi mesmo inspirador na definição do quadro legal enquadrador de outras iniciativas e pode dizer-se que, sem a extensão que todos desejaríamos, os resultados visíveis são encorajadores. Para um Porto que se afirma internacionalmente como destino turístico e que quer fazer caminho como destino de negócios, a continuação do esforço de reabilitação é crítica para o sucesso.
O papel do Estado neste processo é para mim paradoxal. A SRU é participada pela C. M. do Porto e pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), com este a deter uma posição maioritária de 60%. Sempre vi esta presença do Estado como o assumir de responsabilidades numa matéria importante e mal tratada no passado. Para surpresa de todos, o IHRU passou nos últimos anos a adotar uma estratégia de asfixia da SRU, não transferindo a sua quota-parte dos défices de exploração. Falamos de 2,4 milhões de euros. Um valor que é importante para a subsistência da SRU, mas que para a reabilitação do Porto é uma migalha sem qualquer significado. Ou seja, o valor desta participação é sobretudo simbólico, representando uma poderosa mensagem para a sociedade, em especial para os privados, os quais contribuem com nove em cada dez euros investidos na requalificação urbana. Uma vez mais, o Governo da República deixa claro que despesa é despesa e que a "narrativa" do investimento reprodutível não tem lugar no seu conceito de crescimento nem, certamente, merece uma célula na folha de cálculo da austeridade.
Olhemos agora para o grito do Porto. É positivo. É muito positivo. Mas é preciso ir para além da questão da SRU. O Porto e o Norte não têm demonstrado capacidade de liderança e não deixa de ser sintomático o timing para este avanço: fim de mandato de Rui Rio e eleições autárquicas à porta.
Não terão existido, no último par de anos, questões relevantes e lesivas do Porto e do Norte que teriam merecido um ranger de dentes coletivo como este? Todos nos recordamos dos dossiers da ANA, da RTP-Porto, do Porto de Leixões, da Casa da Música, do túnel do Marão, do comboio Porto-Vigo, dos voos para Bragança e Vila Real, apenas para referir alguns.

A resposta poderá estar na complexa geometria de forças que se está a desenhar em véspera de eleições para a liderança do Município do Porto. É seguramente assunto que fará correr muita tinta nos próximos meses.

José Mendes, no JN

O Norte exportador

É quase uma notícia de rodapé. Como se já fosse hábito. O Porto de Leixões teve em abril um aumento das exportações de 30%, com um máximo histórico de 1,7 milhões de toneladas carregadas num só mês! E, mais do que um mês bem sucedido, o acumulado de subida das exportações é até agora de 13% em 2013 face a 2012.
O que exportamos mais? Combustíveis refinados, ferro e aço, bebidas, papel e cartão, máquinas e produtos químicos. Os países onde as empresas portuguesas encontraram novos clientes são a Argélia (mais 150%), Marrocos (mais 61%), EUA (mais 45%), Reino Unido (mais 44%) e França (mais 39%).
É extraordinário. Há dois países em Portugal. Este é o silencioso, fruto de sangue, suor e lágrimas. Há dezenas de milhares de trabalhadores e algumas centenas de empresários e diretores comerciais de mala na mão por este mundo fora a fazer a tal 'coisa' sempre pomposamente dita pelo Governo: fazer a inversão da balança comercial do país e fazer a retoma. Este país merecia então duas coisas que continuam a não garantir: organização no Governo e segurança (fiscal e criminal) no país.
Sobre esta última, está na hora de começar a dizer ao ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que as coisas estão a passar dos limites. São demasiados os assaltos às empresas, às infraestruturas elétricas e em tudo o que está nas ruas e pode ser vendido a peso. Este Governo está a ser cúmplice com os "Godinhos das sucatas" (generalização que permite aos leitores compreenderem do que falo) por falta de vigilância aos locais de receção de material rapinado. Obviamente que o primeiro crime é de quem aceita as peças técnicas, tampas de ruas, cobre, etc.. Mas a era das "sucatas" continua impune, tal como nos governos anteriores com as negociatas de ferro velho da Refer e outras empresas públicas. Não quero pensar em corrupção tácita (nos grandes ou pequenos centros de poder), mas isto é demasiado gritante para que continue assim, às descaradas.
Por outro lado começa a ser cada vez mais questionável a segurança pública de pessoas e bens. Dir-se-á que é o estado do país. Mas desde quando isso legitima a violência e o furto? Sei bem que os países vão parar 'aqui' quando a escalada de degradação social avança. Mas não podemos aceitar isto como um facto consumado. Além disso, a criminalidade corrói outro centro vital da recuperação do país: o turismo.
Por fim, o ministro Miguel Macedo deveria mostrar mais respeito pelas forças de segurança e pelo seu brutal estoicismo em defender o indefensável. O exemplo, caricato, de considerar que uma esquadra como a que está ser reabilitada, em Aldoar, no Porto, não deve ter camaratas básicas para os guardas poderem descansar umas horas em dias em que cumprem 16 horas de trabalho (entre horário-base e horas extraordinárias obrigatórias para fazerem vigilância a eventos desportivos, por exemplo), é exemplo da absoluta insensibilidade. É pior: é ridículo e envergonha simbolicamente o esforço da PSP e GNR ao longo deste país.
Mas este Norte exportador precisa igualmente que se estalem os dedos e se retire a opinião pública do hipnotismo de considerar que os investimentos em ferrovia são inúteis. Por exemplo, seria muito bom que o Porto de Leixões e a Galiza estivessem ligados por ferrovia de bitola europeia - mais do que o canto da sereia de curto prazo com que o ministro Álvaro acenou ao 'Norte': o da ligação Porto-Vigo mais rápida, como foi manchete deste jornal ainda há dias.
Talvez o Minho tire partido da ligação. Duvido que o aeroporto o possa fazer (os horários são irreais para esse fim). Mas estamos a esquecer o essencial. E o essencial é o vazio de propostas do Governo para conseguir pôr a funcionar uma rede ferroviária de bitola europeia que possa unir o Norte a Espanha, e daí até ao resto da Europa. Manter as pequenas e médias empresas portuguesas, que exportam para a Europa, totalmente dependentes da rodovia é um erro que só compreenderemos quando for tarde de mais. Mas cinco ou dez anos de distância é a eternidade para governos que passam a medir o seu sucesso pela estratégia de propaganda paga a peso de ouro às agências de comunicação. Tal como na fase final de Sócrates, voltamos aqui: é tudo a fazer de conta. Só Cavaco não vê.


Daniel Deusdado, no JN

terça-feira, 28 de maio de 2013

Isto não é no Dubai, é na Assembleia da República de Portugal

Forum das Regiões: Assim, qualquer um de nós vivia bem. Com ordenados e mordomias fantásticas e refeições a este custo, vai lá vai...porque será que aqui não se "corta" um  bocadinho?



Um jornalista tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da Assembleia da República


A propósito de uma tabela de preços do bar da AR (Assembleia da República), postada ontem na página do facebook da Maior Tv, um comentário de um dos nossos leitores lançou-me o desafio. Escreveu ele: “gostava era de saber como é que ainda há pessoas que acreditam nisto!!!! Percam tempo com coisas concretas e inventem menos!!”

Pois bem, seguindo o conselho deste nosso leitor, vamos então “perder” um pouco do nosso tempo com coisas sérias.

Consta do Orçamento da AR para este ano (publicado em Diário da República) a rubrica: “Serviços de restaurante, refeitório e cafetaria - 960.850,00” (quase 1 milhão de euros). Prevendo-se a receita de 260 mil euros proveniente da venda de senhas de refeição. Isto é: tendo em conta o preço de custo, as receitas não ultrapassam os 30 por cento, o que equivale a uma venda abaixo de custo na ordem dos 70 por cento.

Mas pior do que isto, é o facto de ser o povo português a pagar a diferença que existe entre os 260 mil e os 960 mil euros.

Para que não restem dúvidas, o povo português paga cerca de 700 mil euros/ano para que os deputados da AR comam e bebam do melhor.

Segundo o caderno de encargos, no refeitório terá de ser servido:

Sopa: normal e dieta (obrigatoriamente elaborada com base em vegetais frescos e/ou congelados, sendo proibido o uso de bases pré-preparadas. São admissíveis sopas com elementos proteicos uma vez por semana – sopa de peixe, canja de galinha, etc.).


Carne, peixe, dieta, opção, Bitoque. Pão, integral ou de mistura; Salada; Sobremesas incluindo, no mínimo, 4 variedades de fruta e 4 de doces/bolos/sorvete, além de maçã assada e salada de frutas.
Exige ainda o caderno de encargos, uma mesa com complementos frios (saladas), com no mínimo 8 variedades entre as quais se incluem, obrigatoriamente, tomate, alface e cenoura, além de molhos e temperos variados.

Uma mesa com um prato vegetariano e mais 4 componentes quentes vegetarianos (cereais, leguminosas e legumes).

Sobre os ingredientes é exigido o seguinte:

Café: “O café para serviço nas Cafetarias deverá ser de 1ª qualidade, em grão para moagem local, observando lotes que incluam um mínimo de 50% de “arábica” na sua composição”.


Bacalhau: “O Bacalhau deverá ser obrigatoriamente da espécie Cod Gadusm morhua. Pode apresentar-se seco para demolha, fresco ou demolhado ultracongelado, observando-se como tamanho mínimo 1 Kg (“crescido”), para confecções prevendo “desfiados” (à Brás, com natas ou similares) ou 2 Kg (“graúdo”) para confecções “à posta”.

Carnes de Aves: “Peru (inteiro em carcaças limpas com peso superior a 5 Kg, coxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos peitorais). Frango (inteiro em carcaças limpas com peso aproximado 1,2 Kg, coxas e antecoxas, bifes obtidos exclusivamente por corte dos músculos peitorais).

Agora vamos aos preços:

Um jornalista meu amigo tomou pequeno-almoço, almoçou, lanchou, jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da AR.


Recorde-se que as refeições escolares no ensino básico atingem os 3,80 euros. O jornalista comparou os preços do bar da Assembleia da República frequentado por deputados e ministros, e ficou abismado.

Eram 8 da manhã. O jornalista pediu um café e um bolo de arroz, afim de tomar o pequeno-almoço, tendo pago 15 cêntimos, 5 do café e 10 do bolo.

Vendo ali “mama da grossa”, o jornalista bebeu 10 (Dez), repito 10 minis, tendo pago apenas 1 euro, (pois cada mini custa apenas 10 Cêntimos)!

A meio da manhã, o jornalista “mamou” um gin Bombay Sapphire (1,65 euros), e já perto do Almoço um vodka Eristoff (1,50 euros), para abrir o apetite.

Ao almoço, o jornalista comeu gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do lombo, regado com Palácio da Bacalhoa, por 3 euros!

Depois e para rematar um whisky Famous Grouse, que custou (2 euros). Já de tarde solicitou uma garrafa de champanhe Krug (3 euros a garrafa) e caviar beluga (1 euro).

O jornalista passou a tarde no bar da AR, rodeado das deputadas Rita Rato (PCP), Francisca Almeida (PSD), Ana Drago e Marisa Matias do (BE).

Assim, por tudo isto, o meu amigo jornalista gastou qualquer coisa como13,30 €uros, num pequeno-almoço, almoço de marisco, com entradas de queijo da serra, presunto e caviar, com vinho do Palácio da Bacalhoa, e pelo meio alternadamente bebeu whisky, vodka e gin, rematando com champanhe Krug.

Obviamente saiu com uma piela de caixão à cova, mas que foi barato lá isso foi...

Agora sim, acabamos de perder um pouco do nosso tempo com coisas sérias.

Fonte: Vítor Santos - circula na NET

Estaremos a ver o mesmo jogo?

O paralelismo continua! O percurso dos dois Vítores (Gaspar e Pereira) parece continuar alinhado, cada um no seu domínio. Após semanas negras, o panorama desanuviou-se para ambos na semana que passou. Em rigor, no caso de Gaspar, algumas das boas notícias (alargamento de prazos e do limite do défice) já vinham de trás. E, em rigor, ainda, nem tudo foram boas notícias: o desemprego atingiu níveis históricos. Coisas da economia real. Como é ministro das Finanças, o que contou mesmo foi a emissão de dívida a 10 anos. Um sucesso. Para o seu homónimo Pereira, a semana foi, ainda, melhor: viu o Benfica começar por empatar, o que deu ao jogo no Dragão, contra o rival, outra importância, e, depois, ganhou quando já nada nem ninguém o previa. Se o paralelismo se mantiver, o desfecho da reunião de hoje do Eurogrupo poderá antecipar o do campeonato. Se os resultados da cimeira não forem bons, a emissão de dívida da semana passada será como a vitória sobre o Benfica: uma alegria momentânea que de pouco serviu: testaram-se os mercados que nos acolheram a um preço insustentável; quebrou-se a invencibilidade do adversário sem tirar daí tirar outro proveito.
Na verdade, os paralelismos acabam aqui. Ganhar o campeonato é quase uma questão simbólica. O que conta mesmo é a presença, que tanto Porto como Benfica já asseguraram na chamada liga milionária, a Champions. No caso das Finanças, ou melhor, do país, o simbólico esteve na emissão. Faltam os milhões da liga milionária, não sendo óbvio que tenhamos treinador, equipa e táctica para nos sairmos a contento. O treinador não dá a cara. Instalado em Bruxelas ou Frankfurt, fala por interpostas pessoas, os seus adjuntos, Passos e Gaspar. Os adeptos desesperam com o que ouvem e vêem. Portugal é uma equipa à deriva em que até o massagista aparece a mandar palpites sobre os erros a evitar. O presidente nada diz. Os treinadores, autocráticos, insistem na mesma receita, perdendo jogo atrás de jogo, falhando meta atrás de meta. Exaurem a equipa e desmotivam a massa associativa.
O assunto é demasiado sério para continuar com metáforas. As ideias de base são simples e estão correctas: aquilo que gastamos a mais na frente interna tem de ser compensado através do aumento das exportações e da substituição de importações. Não se compra português, nem sequer cá dentro, só por o ser. É preciso ter preço. Para isso é necessário que os custos baixem (daí a pressão sobre os salários), a produtividade aumente (a importância da gestão) e, eventualmente, as margens diminuam. Se não houver os incentivos certos, aquilo que, de outro modo poderia ter efeitos virtuosos, traduzindo-se em ganhos de competitividade e criação de emprego, pode redundar apenas num aprofundamento da desigualdade na distribuição de rendimentos. Descem os custos, aumentam os lucros e nada se altera. A insistência na facilitação do crédito, sem critério, contém o risco de perpetuar o modelo que nos trouxe até aqui. Os incentivos hão-de ser para a mudança desta lógica, premiando o autofinanciamento do investimento e o saneamento da estrutura de capitais. Uma simples descida do IRC sem condicionalidades não chega.
Consciente de que a margem de crescimento das nossas exportações e a capacidade de substituição de importações são, no curto prazo, limitadas, é natural que o Governo tente diminuir a pressão, reduzindo as necessidades de financiamento, contendo o défice público e reformando o Estado. Era e é inevitável. A sua concretização, em forma e ritmo, é que pode diferir. É uma das reformas necessárias. Não suficiente. Em conjunto com algumas das outras (mercado de trabalho, justiça, concorrência, sistema fiscal, etc.) talvez dê para começarmos a entrar no radar dos investidores estrangeiros dignos desse nome, que não se limitam a comprar dívida pública e criam riqueza. Esses, se apreciam as reformas, exigem estabilidade. Detestam a incerteza. O que não se consegue sem uma visão de longo prazo e acordos interpartidários sobre como lá chegar. Governo, Oposição e presidente estarão mesmo a ver o jogo?


Alberto Castro, no JN

Crise agravou assimetria de rendimentos de forma substancial

Fórum das Regiões: É sempre assim, em época de crise económica, os pobres são cada vez mais e mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, logo as assimetrias económicas acentuam-se.



A crise económica global agravou de forma substancial a desigualdade de rendimentos nas principais economias e há um risco crescente de os mais desprotegidos continuarem a ser os que mais sofrem, alertou a OCDE na terça-feira.

Um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) evidenciou que a crise económica global "reduziu os rendimentos do trabalho e do capital na maior parte dos países".
A base de dados da OCDE sobre a distribuição de rendimento revelou ainda que a desigualdade de rendimentos cresceu mais entre 2008 e 2010 do que durante os 12 anos anteriores para o conjunto dos 34 estados-membros da organização, depois de se excluir a mitigação dos efeitos negativos pelos sistemas de proteção social.
"Depois de impostos e transferências, o rendimento dos 10% mais ricos da população dos estados da OCDE é 9,5 vezes superior ao dos 10% mais pobres, o que compara com 9% em 2007", especifica o documento.
"A diferença é maior no Chile, no México, na Turquia, nos EUA e em Israel e menor na Islândia, Eslovénia, Noruega e Dinamarca", acrescenta.
O secretário-geral da entidade, Angel Gurria, considerou que "esta conclusão realça a necessidade de proteger os mais vulneráveis na sociedade, em particular quando os governos prosseguem a tarefa necessária de colocar a despesa pública sob controlo".


Fonte: Jornal de Notícias