O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A erosão democrática

O PS venceu as eleições de domingo e conquistou um número recorde de 150 câmaras.


Mas o melhor resultado de sempre é alcançado com uma perda superior a 250 mil eleitores face a 2009. Até António Costa, que reforçou a maioria em Lisboa, registou menos votos. A hecatombe no PSD foi impressionante, com menos meio milhão de eleitores.

O CDS, que multiplicou por 5 os municípios, e o Bloco, que desapareceu do poder local, também sofreram a erosão, um fenómeno a que só escapou à CDU. E nem a existência de independentes, a maioria deles políticos de carreira zangados com os diretórios partidários, levou quase metade dos portugueses à urna de voto. Algo vai mal na democracia portuguesa.


Por:Armando Esteves Pereira, Diretor-Adjunto do CM

A cadeira de Rui Rio

Na noite das eleições, entre os festejos do PS na sede de António Costa, em Lisboa, a jornalista da CMTV, Lídia Magno, chamou a atenção para uma cadeira vazia na primeira fila à frente do palanque, onde o candidato proferiu o discurso da vitória.

A cadeira devia aguardar a possível chegada do líder socialista, António José Seguro, mas foi escondida pelos homens da campanha de Costa.

O embaraço da situação vai continuar, mesmo que os dois protagonistas o tentem disfarçar. São inevitáveis as comparações entre a vitória esmagadora do PS na capital e os resultados nacionais, em que os socialistas perderam mais de 200 mil votos em relação a 2009.

Ainda na CMTV, viram-se imagens da sede de Rui Moreira, no Porto, que assistia ao apuramento dos resultados sentado ao lado de Miguel Veiga. Na sala estava outro ex-dirigente do PSD, Valente de Oliveira, antigo ministro de Cavaco. Faltou apenas uma cadeira para Rui Rio, que foi o ausente mais presente na pesada derrota do PSD no domingo. Passos Coelho que se cuide.


Por:Paulo Pinto Mascarenhas, Jornalista, no CM

Portugal beneficia elite económica

Organização internacional preocupada com o fosso cada vez maior entre ricos e pobres em Portugal


Estudo diz que País arrisca-se a ser dos mais desiguais do Mundo

Portugal tem beneficiado as "elites económicas" e corre o risco de se transformar num dos países com maiores desigualdades sociais se insistir em medidas de austeridade. O alerta partiu ontem da organização não governamental (ONG) Oxfam, que estima que a austeridade na Europa pode empurrar mais 25 milhões de pessoas para a pobreza até 2025.
A diretora para a Europa da Oxfam, Natalia Alonso, avisa que os países sujeitos ao regime de austeridade, com a ONG a particularizar os casos de Portugal e Grécia, em troca de assistência financeira da troika , "situar-se-ão em breve entre os países mais desiguais do Mundo", se prosseguirem pelo caminho dos cortes.

Entre os efeitos de políticas governamentais austeras, alerta a Oxfam, estão o recuo dos direitos sociais, "os cortes radicais nos orçamentos da segurança social, da saúde e da educação, a redução dos direitos dos trabalhadores e uma fiscalidade injusta", ingredientes desde há três anos das purgas económicas destinadas, alegadamente, a recuperar as finanças públicas na Europa.

A Oxfam salienta ainda, especificamente no caso português, que o País já é um dos mais desiguais na Zona Euro e ocupa o sétimo lugar da tabela em termos de desigualdades económicas na União Europeia. Em Portugal os rendimentos dos 20 por cento mais ricos é quase seis vezes superior aos dos 20 por cento mais pobres.


Por:Pedro H. Gonçalves, no CM

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Residente da República

Este regime constitucional está agonizante: a Assembleia da República, sede da democracia, abastardou-se, os governantes mentem todos os dias, o povo tem sede duma justiça que nunca chega. O representante máximo do sistema, Cavaco Silva, já não exerce as suas funções presidenciais.

Ao Parlamento está atribuída a função constitucional de legislar. Mas os deputados entretêm-se apenas a fazer negócios. Várias dezenas acumulam a função parlamentar com a de administrador, diretor ou consultor de grupos económicos que beneficiam de favores do estado. Os restantes pactuam com esta promiscuidade. A Assembleia também não fiscaliza, como lhe competiria, a atividade governativa. Os deputados da maioria apoiam acriticamente as atitudes do governo, os da oposição são cadeias de transmissão das direções partidárias, os grupos parlamentares estão reduzidos à condição de claques. Entretanto, a legislação de maior relevância económica é produzida nas grandes sociedades de advogados. Os seus associados apresentam-se nos tribunais a litigar com base em leis que eles próprios produziram, violando o princípio constitucional da separação de poderes.

O governo, esse, está sem rumo. As medidas mais relevantes deste executivo são contrárias ao que Passos Coelho havia prometido em campanha, rompem o compromisso assumido com o eleitorado. Passos mentiu-nos e é, afinal, um mero seguidor das políticas de José Sócrates: reduz pensões e salários, fustiga cidadãos e empresas com impostos. Continua a beneficiar os bancos, aos quais garante elevada remuneração pela dívida pública e fundos para recapitalização; mantém os privilégios dos especuladores imobiliários, nomeadamente isenções fiscais, a nível de IMI e IMT. Garante taxas de rentabilidade obscenas nas parcerias público-privadas.

Entretanto, o sistema judicial claudica. Sem independência e sem meios, revela-se incapaz de combater a corrupção que sequestrou o regime.

Só uma intervenção da Presidência da República poderia agora desencadear um processo de regeneração. Mas o residente de Belém, que jurou a Constituição e é o responsável pelo regular funcionamento das instituições, assiste, imóvel, ao estertor desta democracia moribunda.


Por:Paulo Morais, Professor Universitário, no CM