O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cidadãos da cidade de Paredes "enganados" pela autarquia

O Fórum das Regiões tem recebido alguns mail`s de cidadãos (residentes, comerciantes, etc) da nossa cidade de Paredes e que se referem à instalação de novas máquinas de parcómetros por toda a cidade, para além das já existentes.
Ora, de acordo com um artigo de opinião publicado recentemente no jornal Verdadeiro Olhar e da autoria de José Henriques Soares e que se referia a este assunto:

- "Na sequência de mais um negócio ruinoso para o município (uma parceria público privada), o autarca de Paredes adjudicou a construção de um parque de estacionamento nos terrenos junto à antiga Junta de Freguesia de Castelões de Cepeda, cujo contrato foi assinado há cerca de 6 meses, sendo que até hoje não há sinal de obras, mas valha a verdade que ainda ninguém (a não ser o próprio) entendeu a necessidade daquele parque. Uma coisa é certa, o orçamento municipal já se "sentiu" lesado, uma vez que as receitas dos parcómetros, desde aquela data, passaram a cair diretamente na conta da empresa privada. Será isto a boa gestão da coisa pública?".

Mais grave que isto e segundo fontes da própria autarquia, o que os muncípes ainda não se aperceberam é que, se até agora o valor da tarifa era de 35 cêntimos/hora, conforme o acordado entre a autarquia e a empresa (privada) concessionária o valor passou para 65 cêntimos/hora, ou seja mais de 100% de aumento do valor.
É ou não uma boa gestão da "coisa" pública (em benefício dos privados)? E o autarca que é a cara deste negócio, fez ou não um bom negócio (não certamente para os seus cidadãos)?

Vale do Sousa, 7 de Setembro

As "gorduras" da AR


A AR anunciou ontem, pela voz da sua presidente, que o seu orçamento para 2012 prevê uma despesa de 95,5 milhões de euros, o que é, segundo Assunção Esteves, " um corte notável". E é. Com efeito, este ano, já com o país com a crise às costas, a AR gastará 130,5 milhões e, em 2010, gastou 50% mais: 196,5 milhões.
Mesmo assim, a AR ainda conseguiu pôr de parte uns trocos (335 mil euros) para "estudos, pareceres, projectos e consultadoria", porque as sociedades de advogados do costume e as dispersas clientelas de "consultores" disto e daquilo também têm que viver. E, do mesmo modo, guardou em pequeno pé-de-meia (141 mil euros, quase 12 mil por mês) para "prémios, condecorações e ofertas" e "artigos honoríficos e decoração", mais do dobro, pois há prioridades, do que lhe foi possível arranjar (70 mil euros) para "limpeza e higiene".
O que mal se compreende, a não ser pelo facto de não se tratar de dinheiro que sai do bolso dos administradores da AR, mas do dos contribuintes, é que, sendo afinal possível, sem prejuízo do funcionamento e luzimento da AR, poupar tantos milhões, por que motivo apenas agora (sob pressão da "troika" e como quem só depois de ver a casa em chamas é que corre a fazer o seguro contra incêndios) isso foi feito.
Entretanto, Vítor Gaspar encontra-se há tempo indeterminado a "raciocinar" para descobrir onde estará a tal "gordura" do Estado de que tanto falava Passos Coelho.

Artigo de opinião JN 8 Setembro 2011 Manuel António Pina

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

D. Quixote em Campo Maior

Quando andava no liceu, fui muito gozado por causa do meu apelido. Nos anos 60 e 70, era moda baptizar os cães com o meu nome de família.

No tempo em que os jecos se alimentavam dos nossos restos e a pet food ainda não entrara no vocabulário, um daqueles empreendedores de olho vivo que se perdem por terem razão antes do tempo resolveu comercializar comida enlatada para cães com a marca Fiel. Foi um inferno!

Reagi com uma mentira. Quando implicavam comigo, dizendo que tinha o nome de comida para cães, deixava-os na dúvida ao confidenciar-lhes, com o ar mais sério do mundo, que a fábrica era de um tio meu que morava em Setúbal.

Os danos nesta frente pareciam estar controlados quando, já no estertor da Primavera Marcelista, fui arrumado pela campanha televisiva da tentativa de capitalismo popular dos irmãos Silva, protagonizada por uma família portuguesa tipo e que por isso tinha acções da Torralta e um cão chamado Fiel.

Já adulto, quando tive um rafeiro a que chamava Júlio, até encorajava os meus amigos a repetirem a graçola óbvia de comentar que eu tinha nome de cão e um cão com nome de gente.

Apesar dos incómodos que involuntariamente me causaram, sempre adorei os cães (e detestei gatos), pela sua lealdade, dedicação, inteligência e capacidade de aprendizagem. Não é por acaso que escolhi um alegre e sonoro latido para toque do meu telemóvel.

Vêm estas recordações a propósito das inesperadas declarações produzidas por Passos Coelho em Campo Maior exorcizando o demónio de tumultos nas ruas à moda de Londres ou das capitais árabes.

Quando o ouvi diabolizar "os que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal" a primeira que me veio à cabeça foi: "O homem anda a ver telejornais a mais e isso não faz bem à cabeça de ninguém - e por maioria de razão à saúde mental de um primeiro-ministro".

Depois pensei melhor e fiquei preocupado. O caso pode ser grave. Passos parece não estar a aguentar o facto do seu estado de graça durar tão pouco como o de um treinador do Sporting . Quinta à noite, na SIC Notícias, Pacheco Pereira criticou a política do martelo, enquanto na TVI 24 Marques Mendes acusava o Governo de dar um murro no estômago da classe média. Sexta, Vasco Graça Moura avisou para a desorientação e frustração do eleitorado do PSD. Sábado, no "Expresso", Ferreira Leite arrasou a política fiscal.

Agastado com a opinião de correligionários que se comportam como cães que não conhecem dono, Passos chegou a domingo (o dia da homilia de Marcelo) e disparatou, imitando as incursões de D. Quixote contra os imaginários moinhos de vento ao investir contra os que "se entusiasmam com as redes sociais e esperam trazer o tumulto para as ruas de Portugal".

O discurso de Campo Maior foi um tremendo erro político. O primeiro-ministro não percebeu que os cães só atacam quando farejam o medo na sua presa. Não compreendeu que cão que ladra não morde. E desprezou a imensa sabedoria do dito popular "os cães ladram mas a caravana passa".

Artigo opinião: Jorge Fiel
Por-JN 5 Setembro 2011