Fórum das Regiões: Não será que Lafontaine terá razão no que diz?....
Depois dos partidos da direita terem advogado a
saída do euro, agora é a vez de Oskar Lafontaine dizer que só assim países como
Portugal podem sair da crise.
Apesar de ser o único país a beneficiar da moeda única, é na
Alemanha que o debate sobre o futuro da zona euro está mais conturbado.
Enquanto os partidos mais à direita, neoliberais e nacionalistas, sempre se
mostraram eurocépticos, agora é a esquerda que se revela receosa acerca do destino
da moeda única.
Numa entrevista recente ao site do Partido da Esquerda Alemã,
Oskar Lafontaine, ex-ministro das finanças alemão do SPD e um dos arquitectos
da moeda única, avisou que o caminho seguido pelos países da zona euro está
"a conduzir à desgraça", enquanto "a situação económica piora de
dia para dia". Lafontaine sublinhou ainda o perigo de países em
assistência financeira virem a ser "forçados a combater a hegemonia alemã
mais cedo ou mais tarde". E foi mais longe, referindo-se a Portugal, Chipre,
Grécia e Espanha, que "os países em crise só podem sair dela, quando a
moeda única for rasgada".
ESTADO DE SÍTIO Com a taxa de desemprego
na zona euro a ultrapassar os 12% e países como a Grécia e Espanha a verem o
desemprego jovem chegar aos 60%, a Alemanha permanece um oásis no meio do
deserto - ou, pelo menos, assim parece. A realidade externa alemã é diferente
do que ocorre no economia interna do país e, ainda que as exportações estejam
em posição hegemónica, a procura interna alemã está estagnada. Com eleições
para o parlamento alemão à porta e os países em ajuda externa demasiado
assustados para desejarem a saída do euro, é na Alemanha que se acende o
debate.
Da parte dos conservadores já se tinham ouvido críticas. O
economista neoliberal Hans-Werner Sinn defendeu que os países da periferia
estariam melhor se saíssem da zona euro e pudessem, assim, restaurar a sua
competitividade. Enquanto isso, a esquerda preferia culpar o excesso de
austeridade e pedir mais investimento, mais controlo sobre os bancos e uma
maior redistribuição de rendimento - fosse como fosse, a culpa não era do euro.
Era dos neoliberais, das políticas de direita e do excesso de austeridade.
Agora, a conversa é outra.
ESTUDO O Instituto
Rosa-Luxemburgo, uma fundação de investigação associada à esquerda alemã,
publicou um estudo em que culpa a Alemanha dos males da Europa. No documento
conclui-se que o euro foi utilizado como um mecanismo para o aumento da
hegemonia alemã à custa dos seus vizinhos, forçando os países da periferia a
aumentar a sua dívida e o seu défice, enquanto a Alemanha se tornava o grande
fornecedor e agiota da zona euro. Fica a dúvida se esta contaminação à esquerda
pode ter implicações futuras.
Fonte: Jornal I
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