O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

A maior ameaça ao 25 de Abril

O JN publica nesta edição um conjunto de conteúdos em torno do essencial do 25 Abril: a descolonização, a democracia e o desenvolvimento. Não valendo a pena chorar sobre o leite derramado, ou seja, sobre os termos do processo de democratização ou de consolidação do regime, importaria que nos concentrássemos no que ainda possamos fazer sobre o único processo ainda em curso: o do desenvolvimento.

Encerrado que está o ciclo do desenvolvimento básico, importaria percebermos que, muito para além das partidarizações paroquiais, as grandes ameaças ao regime saído do 25 de Abril são de natureza global. Verdadeiramente, são as mesmas que ameaçam a Europa nos seus níveis de qualidade de vida e de garantias sociais.

Essas ameaças, que são nossas por estarmos inseridos numa comunidade de nações que respeitam o Estado de direito e partilham o mesmo modelo social, estão sinalizadas por vários analistas políticos: o crescimento do comércio mafioso encontra na União Europeia atual um enorme campo para entrar e circular no mundo financeiro do capitalista como se de negócio limpo se tratasse. Refiro-me à permeabilidade de um território sem fronteiras, à inoperância das leis relativas à circulação de capitais e à exposição à corrupção em que acabam por cair figuras públicas que não conseguem gerir adequadamente o objeto da política e permitem que interesses particulares alcancem a dimensão de interesse público sem o mínimo cotejo quanto à sua utilidade social.

Embora já nos seja possível ir verificando quanto a Europa está a pagar com língua de palmo a concorrência desleal de países para os quais transferiu tecnologia e que, não sendo verdadeiramente democracias, conseguem, agora, colocar no nosso mercado global produtos a preços ditados por salários, horários de trabalho e condições laborais abaixo de cão, ainda há uma parte muito grande desse mercado negro que escapa aos olhos mais leigos.

Ainda assim, as tolerâncias da Europa para com os circuitos desse comércio negro já vão sendo sinalizadas nos relatórios das polícias de investigação. O último que li, da nossa Polícia Judiciária, identifica como portas de acesso ao branqueamento de capitais personalidades particularmente expostas e gabinetes de homens de leis.

Não sendo uma novidade completa, esta identificação das portas de branqueamento de capitais exige uma nova resposta europeia em que Portugal deveria ter o papel inerente à sua posição geoestratégica e às suas relações internacionais.

Se a Europa não enfrentar as suas próprias fragilidades, é provável que a democracia, tal como a conhecemos, acabe por sucumbir à força dos fabulosos lucros ilícitos gerados no mercado negro e lavados pela nossa tolerância.

Manuel Tavares, no JN

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