O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Os perigos das autárquicas


A eleição autárquica que aí vem não é igual às anteriores: o jogo será realizado em condições muito específicas, bem capazes de alterarem resultados que, à partida, estariam decididos mesmo antes de a contenda começar. Basta olhar para os sinais que todos os dias chegam do inquieto povo.
Sendo verdade que ao mínimo sinal de crise e dificuldade há quem clame por um Salazar que ponha "isto" na ordem, não é menos certo que cresce todos os dias o número dos que, na mesma linha de pensamento, desejam um governo de não políticos, ou mesmo um governo que escorrace os políticos. A tendência é para o fenómeno crescer, na exata medida em que há uma correlação evidente entre a dimensão da crise e a dimensão destes (perigosos) fenómenos.
O que tem isto a ver com as eleições autárquicas? A consequência disto é o voto de protesto, justamente contra a política, os políticos que estão e os que estão para chegar. Nas freguesias urbanas das pequenas, médias e, sobretudo, grandes cidades ele far-se-á sentir com especial vigor, prejudicando mais os candidatos mais próximos de quem manda: a coligação PSD/PP.
Há mais duas consequências indesejáveis, mas expectáveis, que os tempos de crise aguda provocarão nas autárquicas.
Primeira: muito provavelmente, a abstenção elevar-se-á para níveis que ajudam ao raciocínio dos que desejam o regresso de um Salazar.
Segunda: estas eleições tenderão a agudizar a divisão entre autarcas que teriam tudo a ganhar se conseguissem lutar democraticamente pelo posto que desejam, mas mantendo-se unidos nas questões que são estruturais para os seus concelhos, para os seus distritos e para as suas regiões. E a agudizar porquê? Justamente porque o caráter excecional deste ato eleitoral conduzirá ao extremar de posições. Ora, posições extremadas são o oposto de soluções consensualizadas.
Sucede que nunca como agora os autarcas precisaram - e precisarão - de estar tão unidos. A política de confronto desenhada nos gabinetes de Miguel Relvas e de Vítor Gaspar, num certo conluio com o gabinete de Assunção Cristas, aconselham o estudo dos dossiês e a preparação de respostas firmes.
No Alto Minho já se percebeu o alcance da coisa: à trapalhada da junção de freguesias feita a regra e esquadro junta-se o esvaziamento político das comunidades intermunicipais e a tentativa de gestão centralizada de fundos comunitários, apenas para citar três exemplos do que está em causa.
Hão de dizer-nos que a discussão destes e doutros temas acontece num ano de eleições porque calhou. Acreditará quem quiser. Na política não costuma haver coincidências assim tão certeiras. E lá diz o provérbio: quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte. Ora, quem está, neste caso, a repartir é o Governo. Um perigo, um perigo...

Paulo Ferreira, no JN

Sem comentários:

Enviar um comentário