O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ups, mais uma catanada!


A estratégia de desenvolvimento regional levou ontem (mais) uma valente catanada. A saída de Almeida Henriques, secretário de Estado que tutelava o setor, é uma péssima notícia. Os empresários, os autarcas e as instituições ligadas ao desenvolvimento regional tinham nele um interlocutor à altura. Quando ele sair, deixarão, simplesmente, de ter interlocutor.
A dimensão da tragédia mede-se pela seguinte circunstância: Passos Coelho não vai substituir Almeida Henriques, fazendo passar os decisivos dossiês que tinha em mãos ou para o portentoso ministro da Economia, ou para outros secretários de Estado. É toda uma estratégia: a estratégia da diluição do desenvolvimento regional.
Em abono da verdade, é preciso dizer que se trata de uma estratégia louca, populista mas coerente com o pensamento dos "chefes". Quem, como Passos Coelho e Miguel Relvas, tira o tapete às comissões de coordenação e desenvolvimento regional; quem, como Passos e Relvas, deslegitima politicamente as comunidades intermunicipais e permite mesmo que elas se partam em vez de se unir (caso da CIM do Alto Trás-os-Montes); quem, como Passos e Relvas, lidera um Governo crescentemente autista e hipercentralista, não pode, de fato, dar grande importância a essa coisa chamada desenvolvimento regional.
De modo que distribuir por personalidades"várias dossiês com a importância dos programas operacionais, dos fundos comunitários, do apoio às empresas, da defesa dos consumidores, da ligação ao território é, como está bom de ver, a melhor forma de não responsabilizar ninguém pela ausência de uma estratégia de desenvolvimento regional com cabeça, tronco e membros. O país precisa dela como de pão para a boca, mas isso, nas ocupadas cabeças de Passos e Relvas, é apenas um pormenor. Quando se aperceberem do erro, a catanada estará dada.
Acresce que não há estratégia sem dinheiro. Ora, Almeida Henriques foi o governante que, muitas vezes em surdina e outras tantas colocando os recados nos sítios certos, mais se bateu contra a centralização dos fundos comunitários no Ministério das Finanças, batalha que não está ainda ganha: Vítor Gaspar adoraria transformar o QREN - de forma encapotada, claro - num instrumento de política orçamental...
E tudo isto porquê? Por uma prosaica razão. Almeida Henriques será candidato à Câmara de Viseu porque o PSD corre o risco de perder uma das suas mais emblemáticas autarquias, o centro do "cavaquistão". O atual presidente, Fernando Ruas, baralhou de tal forma a sua sucessão que acabou por esfrangalhar o partido. Agora terá de engolir dois sapos: Almeida Henriques, que ele nunca desejou, e a falta de um secretário de Estado que defenda o desenvolvimento regional. Ruas, que é presidente da Associação Nacional de Municípios, ajudou à catanada. Não é coisa que fique bem no seu recheado currículo.

Paulo Ferreira, no JN

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