Economista defende que mesmo com o Governo italiano a mudar a liderança, o país precisará de reestruturar a dívida e de sair do euro. A única solução possível passa por um BCE como "credor de último recurso", com fonte de liquidez ilimitada e com juros em 0%.
“A Zona Euro pode sobreviver com a reestruturação da dívida e a saída de um pequeno país como a Grécia ou Portugal. Mas se a Itália e/ou a Espanha forem reestruturadas e saírem do euro, isso será efectivamente um desmembramento da Zona Euro. Infelizmente, este desastre em câmara lenta é cada vez mais provável”.
O parágrafo é do economista Nouriel Roubini, num artigo hoje escrito no “Financial Times”, em que refere que há já pouco espaço para que o euro não se desfaça e que os países voltem a ter as suas próprias divisas nacionais.
A verdade é que, para Roubini, Itália é “grande demais para falir” mas é também “grande demais para salvar”. O economista conhecido por ter previsto a crise financeira do final da década passada indica que isso poderá levar a uma reestruturação forçada da dívida pública italiana.
“A única opção vai ser uma reestruturação coerciva mas ordenada da dívida do país. Nem mesmo a alteração do Governo italiano para uma coligação liderada por um respeitado tecnocrata não vai mudar o problema central”, aponta o profeta das crises, numa altura em que Mario Monti, antigo comissário europeu, é apontado para suceder a Sílvio Berlusconi como primeiro-ministro.
Roubini contraria a ideia de que a Itália é solvente mas que está apenas a sofrer com liquidez. O “chairman” da Roubini Global Economics diz que o problema pode ser a falta de liquidez, mas que isso poderá torná-la insolvente.
“A não ser que haja um credor de último recurso que compre a dívida soberana enquanto a credibilidade não é restabelecida, uma nação ilíquida mas solvente pode tornar-se insolvente”, indica o professor universitário.
Por essa razão, os países do euro precisam de uma “grande bazuca”, considera Roubini. “O problema é que, contudo, não há um credor de último recurso credível na Zona Euro”: nem as obrigações europeias, nem a quadruplicação do montante do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
BCE como credor de último recurso é única solução
A única solução a nível europeu para resolver os problemas a nível regional é um BCE como “credor de último recurso”, com fornecimento de liquidez ilimitado, e a cortar as taxas de juro para zero.
Além disso, o valor euro tem de cair para a paridade com o dólar, algo já defendido por Roubini noutras alturas. E, à medida que os países periféricos se entretêm com a implementação de austeridade, as nações centrais devem impor estímulos orçamentais.
E, talvez assim, se possa impedir a reestruturação da dívida de países como a Itália e a sua saída do euro, que, na opinião de Roubini, iria ditar o desmembramento da moeda única.
Diogo Cavaleiro - diogocavaleiro@negocios.pt
Ups, Krugman e Roubini em sintonia quanto à crise europeia. Ora cá está o k eu tenho dito, o busilis da questão está no BCE!
ResponderEliminarSó os políticos é k não (querem) veem isso.