O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pela boca morre o Carlos


O candidato do PSD à presidência da Câmara de Gaia deu, anteontem, uma valente paulada no sacrossanto ministro das Finanças. Basicamente, Carlos Abreu Amorim agradeceu os trabalhos prestados ao país por Vítor Gaspar e, a seguir, pediu a cabeça do ministro. Argumento: "É preciso que os problemas sejam tratados através de uma perceção dos anseios e necessidades das pessoas e isso é muito mais vasto do que a visão tecnocrática afunilada com que muitos dos problemas do país têm vindo a ser tratados até agora". Resumo: basta de Excel! Que regresse a política!
Em nome do rigor, é preciso dizer que esta não é primeira investida de Abreu Amorim contra Vítor Gaspar: é, porventura, a mais dura. E é preciso dizer também que, ao falar assim, o candidato a Gaia diz em tom alto o que muita gente dos partidos da coligação pensa em tom baixo.
Mas, dito isto, é necessário dizer também que Carlos Abreu Amorim escolheu o pior momento para reclamar o afastamento de Vítor Gaspar. Ao fazê-lo na sessão de apresentação dos candidatos do PSD às juntas de freguesia de Gaia, o deputado eleito nas listas do PSD pelo círculo de Viana do Castelo confundiu o inconfundível, misturou o que não dever ser misturado.
É uma tentação para qualquer candidato do PSD querer afastar-se o mais depressa possível dos males que as políticas deste Governo causam no povo eleitor. Trata-se, contudo, de uma tentação que arrasta consigo três problemas.
Primeiro: é uma tentação inaceitável do ponto de vista dos princípios, na medida em que tais críticas, mais ou menos grossas na intensidade, devem ser feitas nos locais próprios, e não nos locais mais convenientes para os candidatos.
Segundo: é uma tentação errada do ponto de vista estratégico, na medida em que, para lá de inconsequente, tem o mérito de lançar gasolina sobre uma fogueira que aumenta de tamanho a cada dia que passa.
Terceiro: é, sobretudo, uma tentação errada do ponto de vista eleitoral, na medida em que a cacetada em Gaspar não rende nem mais um voto a Carlos Abreu Amorim. Antes pelo contrário: a esta altura, os eleitores de Gaia estarão legitimamente a pensar: "Quanto há de oportunismo numa declaração destas, feita por um deputado que defende o Governo quando está na primeira linha da bancada parlamentar do PSD e se atira a um dos seus ministros mais decisivos quando está em campanha eleitoral? É confiável votar num candidato que precisa de berrar contra um ministro para se fazer ouvir na comunicação social?".
Carlos Abreu Amorim, homem culto, esqueceu o velho ensinamento de Shakespeare. "É melhor ser rei do teu silêncio do que escravo das tuas palavras". Arrisca-se a morrer pela boca. E pelas bocas.

Paulo Ferreira, no JN

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