Economista e ex-dirigente do PSD considera que ninguém na equipa
de Vítor Gaspar domina a máquina da administração pública. Elogia a
"maturidade democrática" de António José Seguro, mas defende que as
medidas anunciadas pelo primeiro-ministro na sexta-feira vão no sentido certo.
O actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, convidou António Nogueira Leite para ser o presidente executivo da CGD e uma semana
depois cancelou o convite sem dar qualquer justificação.
A informação é revelada pelo próprio
Nogueira Leite em entrevista ao PÚBLICO, disponível na edição impressa deste
domingo, e na qual reconhece: “Cometi um erro [ao aceitar integrar a
administração da CGD, como vice-presidente]."
O economista explica ainda as razões que
o levaram, no final de 2012, a pedir a demissão a meio do mandato, deixando
assim a equipa de José Matos, que Passos Coelho foi buscar ao
Banco de Portugal para presidir ao banco público. “Sou um profissional e não
queria ter a minha reputação profissional arruinada por estar numa situação
difícil e com um accionista [a Direcção-Geral do Tesouro/Finanças] que não
sabia o que queria.”
Na mesma entrevista [esta parte não consta da versão a publicar
no domingo], Nogueira Leite confirmou que recebeu, já depois de apresentar a
demissão, um dos directores do banco que denunciou alegadas
escutas ilícitas dentro da CGD, sustentadas em conclusões de uma inspecção
interna, e acabou suspenso das suas funções por atentar contra a
"idoneidade" de funcionários da CGD com "cargos de elevada
responsabilidade".
O economista diz que "sempre recebia toda a gente que pedia
para ser recebido", embora admita que “se fosse alguém de perfil duvidoso”
o “enviaria para o departamento jurídico ou para a segurança”. Apesar de
rejeitar pronunciar-se em profundidade sobre o tema, cujos detalhes
desconhece, “pois o processo não dependia directamente” dele, defende que
a instituição “é muito grande e há pessoas que lá estão há muitos anos e que
talvez a nível da direcção algum refrescamento não fosse mau.”
Na entrevista que pode ser lida na
edição de domingo do PÚBLICO, este economista, ex-dirigente do
PSD e professor catedrático de Economia da Universidade Nova de
Lisboa, comenta a actual situação do país: considera que o Governo tem
sido “errático”, que Vítor Gaspar não tem ninguém na equipa que domine a
máquina da administração pública – sobre a qual só Paulo Macedo tem
conhecimentos suficientes –, mas defende que as medidas anunciadas na sexta-feira por Passos Coelho vão no caminho
certo. Nogueira Leite tece ainda elogios a António José Seguro, o líder
socialista, por considerar que ele tem “ maturidade democrática” para alcançar
um consenso mínimo que dê sustentabilidade ao programa de ajustamento e culpa o
Governo pela actual falta de consenso, “pois não tem ouvido ninguém.”
Fonte: O Público
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