O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Atirar o Governo ao mar

A entrevista que a ministra da Justiça concedeu ao JN pode ser ilustrativa dos trunfos que o Governo já descartou e dos que ainda têm entre mãos para usar, agora que inicia o segundo ano de exercício. Entre várias respostas assertivas dessa entrevista, na nossa edição de sábado passado, Paula Teixeira da Cruz declarou que "a impunidade acabou". E, para sinalizar esta constatação da maior importância, acrescentou: "Tem-se visto prender e sentar no banco dos réus pessoas que até agora não se via: Banqueiros, políticos...".

A referência a um novo ambiente da vida pública, capaz de repelir amiguismos, em que o Estado recuperasse a sua posição de neutralidade perante os conflitos de interesses privados e reganhasse o estatuto de redistribuidor mor da riqueza, é um dos trunfos que o atual Governo pode usar com evidente dose de eficácia, farta que estava a gente de ver os dias sucederem-se marcados por escândalos em que algum organismo, órgão, ou figura do aparelho de Estado aparecia aos nossos olhos como autor moral de crimes lesivos do interesse público.

Neste primeiro ano de governação, a maioria dos portugueses aceitou as agruras com um grau de resiliência notável e apenas sustentável com a crença de que o regabofe terminaria. Seja porque alguns votaram precisamente no fim da impunidade de que se reivindica a ministra Paula Teixeira da Cruz, seja porque outros, entre os quais me incluo, pensassem que a falta de dinheiro acabaria por ditar uma certa forma de estar na vida -- austera. Que não a vida feita da austeridade que empobrece os já pobres e sim do auocontrolo dos gastos. Que reneguasse o consumismo produto de um novo-riquismo baseado na profunda ignorância do seu semelhante algures no mundo da fome e indiferente ao curso de uma Humanidade que não para de cavar o fosso entre ricos e pobres e que também vai cavando a sepultura do Planeta, escrava de fatores de crescimento alheios à própria finitude dos recursos naturais. E, finalmete, egoísta ao ponto de retardar a aplicação de avanços tecnológicos para explorar até ao limite filões centrais de comércio mundial. De preferência garantindo a maximização do lucro pelo permanente ajustamento da relação entre o preço do dinheiro e o preço do trabalho.

A crise europeia, inadequadamente batizada das dívidas soberanas, que é apenas uma parte da crise global, não vai permitir que o ano II do Governo possa ser ministrado segundo o evangelho da purificação que marcou o ano I. Vai ser preciso estancar as falências, o desemprego, os crimes e retomar a produção nacional porque as exportações não esticam ao infinito. E sobretudo encontrar um foco que, pela sua enorme natureza e abandonada exploração, nos dê a esperança enquanto nação de ter encontrado o nosso petróleo: o mar, é claro.

Manuel Tavares, no JN

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