O Governo quer cortar os salários dos dirigentes da Administração Pública através da extinção de cargos e da alteração de níveis hierárquicos. A medida é boa? A parte positiva é que responde a uma preocupação imediata, de corte de despesa corrente. A parte negativa é que a medida arrisca ser um tiro no pé. E não tinha de ser assim: o Governo podia aproveitar a situação de necessidade em que o País está para proceder a uma verdadeira reestruturação da Administração Pública, tornando-a mais eficiente. Desde logo introduzindo um sistema eficaz de avaliação de desempenho dos quadros que a dirigem. De que serve reduzir a remuneração dos dirigentes sem olhar para a sua produtividade (a não ser para degradar a qualidade de serviço das "ilhas de excelência" que ainda existem nos serviços do Estado)?
Para surfar a "onda populista", que defende frugalidade nas remunerações do Estado, o Governo quer mostrar serviço. Pelo caminho mostra que não aprendeu nada com a passagem de Paulo Macedo pela DGCI: o sucesso da sua "comissão de serviço" foi a confirmação de que um salário não se mede pelo seu valor absoluto, mas pelo retorno que quem o aufere "entrega" a quem o contrata. É difícil explicar isso a uma opinião pública cada vez mais consciente de que há filhos (os que não sentem a austeridade) e enteados (os mais afectados pela crise)? É. Mas a melhor forma de resolver o problema não é cortar no músculo (salário dos dirigentes competentes), mas sim na gordura (os "boys" que auferem salários pornográficos e custam milhões ao contribuinte).
Para surfar a "onda populista", que defende frugalidade nas remunerações do Estado, o Governo quer mostrar serviço. Pelo caminho mostra que não aprendeu nada com a passagem de Paulo Macedo pela DGCI: o sucesso da sua "comissão de serviço" foi a confirmação de que um salário não se mede pelo seu valor absoluto, mas pelo retorno que quem o aufere "entrega" a quem o contrata. É difícil explicar isso a uma opinião pública cada vez mais consciente de que há filhos (os que não sentem a austeridade) e enteados (os mais afectados pela crise)? É. Mas a melhor forma de resolver o problema não é cortar no músculo (salário dos dirigentes competentes), mas sim na gordura (os "boys" que auferem salários pornográficos e custam milhões ao contribuinte).
08 Fevereiro2011 Camilo Lourenço
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