Uma empresa com dias
de vida ganha um ajuste directo. 74 mil euros. Um dos sócios trabalhou durante
anos com quem adjudicou o trabalho. A outra sócia nega que a criação da empresa
tenha tido por fim “esta específica contratação de serviços”. De qualquer modo,
já se demitiu da chefia do Ministério da Administração Interna, onde
trabalhava.
2
de Janeiro. A Autoridade Regional
de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) decidiu que iria contratar, sem
concurso e por ajuste directo, uma empresa para "apoiar a reorganização da
urgência metropolitana da Grande Lisboa e a reforma hospitalar".
3
de Janeiro. Data da publicação da
criação POP Saúde, segundo aponta o “Diário de Notícias”, que cita informação
no Portal de Justiça.
8
de Janeiro. Há luz verde para
seguir com a adjudicação, conforme decide a ARSLVT. A POP Saúde, criada cinco
dias antes, é a escolhida.
10
de Janeiro. O contrato entre a
ARSLVT e a POP Saúde é assinado. São 74.390,40 euros ao longo do ano, com IVA.
5.040 euros por mês.
O
início da história conta-se com estas datas, avançadas nos últimos dias pela imprensa.
A empresa POP Saúde, criada no início de 2014, tem como sócios Miguel Soares de
Oliveira e Rita Abreu de Lima, casados.
Soares
de Oliveira foi presidente do INEM entre 2010 e Outubro de 2013. Rita Abreu de
Lima era chefe de gabinete do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.
A
ARSLVT tem reiterado aos vários órgãos de comunicação social que o processo faz
todo o sentido. “A formação académica do consultor contratado, nomeadamente as
suas três licenciaturas em medicina, gestão e economia, a par com o mestrado em
medicina de emergência, bem como o percurso profissional como médico e
dirigente no âmbito do Ministério da Saúde, fazem dele um elemento único no
país e de inegável valor para a ARSLVT”, indicou a assessoria da entidade ao
“Diário de Notícias”.
“A sua
disponibilidade no mercado, associado à necessidade da sua contratação, foram
decisivos para a sua imediata contratação”, acrescentou ainda a mesma fonte.
Ao
“Público”, também o presidente da ARSLVT, Luís Cunha Ribeiro, tinha declarado
que “é difícil encontrar alguém com a formação e a experiência” de Miguel
Oliveira. Cunha Ribeiro e Oliveira trabalharam juntos no INEM entre 2003 e
2008.
Entretanto,
a 15 de Janeiro, depois de perguntas feitas pelo jornal “i” sobre o ajuste directo,
noticiada em primeira-mão pelo “Correio da Manhã”, Rita Abreu de Lima
apresentou a demissão. Apesar disso, a antiga chefe de gabinete de Macedo
garantiu que “a criação da empresa não teve por fim esta específica contratação
de serviços” e rejeitou ter tido qualquer envolvimento neste processo. Miguel
Oliveira tem remetido declarações para a ARSLVT.
O
"i" escreveu quinta-feira que não era possível saber ainda se o
contrato poderia ser anulado
Fonte: Jornal de Negócios
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