O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Em forma de bomba-relógio Publicado às 00.01

É quase comovente a forma como alguns dos principais dirigentes políticos europeus passaram a falar, num instantinho, sobre o drama do desemprego jovem que cresce a bom crescer na União Europeia (UE). Ontem, em Paris, um subalterno da mandona Merkel e o frouxo François Hollande lideraram a comitiva dos que entendem ser necessário "dar aos jovens confiança e esperança no futuro" (esta frase cabe em qualquer rasco boletim de campanha autárquica). E essa coisa da "esperança" resolve-se com a criação de "um plano urgente que resolva o desemprego dos jovens na UE". Por isso, a 3 de julho, os ministros da Economia e do Emprego dos estados membros darão as mãos, em Berlim, num encontro presidido por Angela Merkel (claro!), para rezar pelos jovens desempregados.
Olhando para os números desta tragédia pode, desde já, dizer-se que a reza será longa. Em março deste ano, havia mais de 5,6 milhões de jovens com menos de 25 anos de idade desempregados na UE, dos quais 3,6 milhões são referentes a países da Zona Euro, o que corresponde a uma taxa de desemprego jovem de 23,5% na UE e de 24% na Zona Euro.Em Portugal, a taxa atingiu os 38,3%, no mesmo mês, o que confirma a atávica tendência para estarmos sempre à frente dos nossos companheiros europeus quando o tema, como agora se diz, é o descalabro.
É absolutamente confrangedor olhar para este cenário. As causas e as consequências deste flagelo, uma verdadeira bomba-relógio encravada nas goelas das chamadas sociedades modernas, são há muito conhecidas. Há quem tenha maior controlo sobre o problema (caso da Alemanha, cujo sistema de ensino dual permite uma aproximação eficaz entre a oferta e a procura no mercado de trabalho); e há quem não tenha qualquer controlo sobre o problema (caso de Portugal, cujo sistema de ensino permite um terrível afastamento entre a oferta e a procura no mercado de trabalho, ou de Espanha, onde os níveis tamanhos de desemprego estrutural tendem a inflacionar o drama do desemprego jovem).
É absolutamente confrangedor tomar devida nota da importância tardia que os líderes da UE dão ao fenómeno do desemprego jovem, que, basicamente, ameaça destruir a expetativa de vida de toda uma geração (no caso português, a mais qualificada de sempre). Primeiro, por incúria e incapacidade política, mandaram os jovens para o olho do furacão, para o meio de uma tempestade perfeita. Depois, arrependidos e tementes aos deuses, tiram 60 mil milhões de euros dos cofres da UE para (tentar) resgatar a multidão em desespero. Quando Hollande e companhia gritarem aos náufragos pedindo-lhes "esperança no futuro", usando para isso uma caterva de medidas, pode acontecer que recebam silêncio e só silêncio na volta. Esse"é o perigo.


Paulo Ferreira, no JN

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