O governo português
entregou a gestão dos aeroportos portugueses ao grupo francês Vinci, através do
obscuro processo de privatização da ANA, Aeroportos de Portugal.
Como a Vinci é também o
acionista de referência da Ponte Vasco da Gama, adivinha-se já que não deixará
de construir um novo aeroporto em Alcochete, a que apenas se pode aceder pela
ponte. Assim, dentro de pouco tempo, todos quantos viajem de avião de e a
partir de Lisboa terão de remunerar duplamente a Vinci. Pagarão não só as taxas
de aeroporto, como até o acesso a Alcochete.
Com a construção do
novo aeroporto de Lisboa (NAL) na margem sul, o tráfego da ponte aumentará
previsivelmente em mais de 40%. Também se multiplicarão os lucros da Lusoponte,
da Vinci e dos seus parceiros.
Além disso, o
desmantelamento do aeroporto da Portela irá permitir a disponibilização de
terrenos no centro de Lisboa que, uma vez libertos, irão servir a especulação
imobiliária. Já se antevê a construção de empreendimentos imobiliários para
classe média-alta europeia na zona da Portela. Quem lucrará com isso? A Vinci,
que assim financia a construção do NAL e, claro, os favorecidos de sempre,
promotores imobiliários e banca.
A pressão para que este
negócio se concretize é de tal ordem que até veio desembrulhar um problema
insolúvel durante décadas, que opunha governo e Câmara de Lisboa: o da
transferência para a ANA dos terrenos da Portela que pertenciam à autarquia
lisboeta.
Com toda esta operação,
privatização da ANA associada à alienação dos terrenos pelo município lisboeta,
os novos donos dos aeroportos portugueses estão de mãos livres (que não limpas)
para fazerem o que muito bem entenderem.
É óbvio que vão
desmantelar o aeroporto da Portela e construir o NAL em Alcochete. E assim,
no futuro, quem viajar até Lisboa de qualquer parte do mundo e todos aqueles
que a partir de Lisboa rumem a qualquer paragem, terão de pagar a portagem da
Ponte Vasco da Gama. Esta portagem será a versão pós-moderna e equivalente aos
direitos de passagem que eram devidos aos senhores dos feudos da Idade Média.
Com a conivência de governantes portugueses, o presidente do grupo Vinci terá
poderes feudais em Portugal.
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