Fórum das Regiões: Digam isso ao Sr. Coelho e ao Sr. Gaspar, pode ser que eles aprendam alguma coisa sobre como governar o país...
"As políticas sociais e o Estado social
são condição para lançar o crescimento económico", sem o qual não será
possível vencer a crise, disse o diretor da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, José Reis, durante um debate sobre "A segurança
social pública".
Para José Reis, que participava num debate sobre "A
segurança social pública - Defesa do Estado social e a sua sustentabilidade
futura", promovido pela FEBASE (Federação Nacional do Setor Financeiro),
"as políticas sociais e o Estado social são condição para lançar o
crescimento económico", sem o qual não será possível vencer a crise. É
necessário "exatamente o contrário daquilo que tem vindo a ser feito, até
agora" em Portugal, sustentou o economista, considerando que "é
preciso mais Estado e investimento público, sobretudo no domínio das políticas
sociais".
A segurança social é "crucial para que vivamos com um mínimo
de dignidade", mas também para "relançar" a economia, como, de
resto, está a fazer, por exemplo, o Japão, país que tem ultrapassado
"crises complicadíssimas" porque possui "a agilidade
institucional" e "a capacidade de ação" que a "decrépita
Europa não tem".
Portugal precisa de "um imediato ajustamento
salarial, não apenas do ponto de vista social e da dignidade do trabalho",
mas também para relançar a economia, sublinhou o diretor da Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra (FEUC). O antigo secretário de Estado da
Segurança Social e deputado do PS Pedro Marques, outros dos participantes no
debate, defendeu que "Portugal tem um dos sistemas [de segurança social]
mais sustentáveis", como reconhecem a Comissão Europeia, a OCDE e
"até a agência de rating Fitch". A segurança social portuguesa
"tem uma boa reserva (cerca de dez mil milhões de euros)", que lhe
permite "aguentar nesta fase", mas o país "tem de voltar ao
crescimento económico", para poder assegurar a sustentabilidade da
segurança social, advertiu Pedro Marques, salientando que "sem crescimento
económico não há nenhuma política pública que resista".
O Estado social
"é o modo de defesa do próprio capitalismo" e "é perigoso este
afrontamento ao Estado social", afirmou o presidente do Instituto Superior
de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC), Manuel Castelo Branco, que
também participou no encontro. Assumindo-se como um
"democrata-cristão" e politicamente de "direita", Manuel
Castelo Branco, afirmou-se "confortável a defender o Estado social", lamentando
que "a direita tenha esquecido a filiação do Estado social"."Só
é legítimo ao Estado cobrar impostos, se essa cobrança se destinar ao Estado
social", disse Manuel Castelo Branco, considerando que a "carga
fiscal" em Portugal "exige um Estado social a sério e não para pagar
juros usurários a credores".
Os impostos "sempre foram a alavanca das
revoluções democráticas e pode ser que o FMI [Fundo Monetário Internacional] e
o nosso Governo estejam a brincar com o fogo", advertiu o presidente do
ISCAC. O debate de terça-feira, em Coimbra, foi no primeiro de um ciclo de
conferências sobre a segurança social que a FEBASE está a promover, naquela
cidade, no Porto e em
Lisboa. A FEBASE reúne os sindicatos dos bancários do Norte,
do Centro e do Sul e Ilhas e os sindicatos dos Profissionais de Seguros de
Portugal e dos Trabalhadores da Actividade Seguradora, todos filiados na UGT.
Fonte: Jornal de Notícias
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