A União Europeia observou a fome das piranhas num rio brasileiro e gostou do que viu. Passou a acreditar que basta sacrificar um voluntário à força para que os interesses dos outros se salvem. O problema é que, na Europa, as piranhas actuam de maneira diferente: ainda estão a saborear a Grécia e já estão a salivar com Portugal, a Espanha e a Itália.
A União Europeia observou a fome das piranhas num rio brasileiro e gostou do que viu. Passou a acreditar que basta sacrificar um voluntário à força para que os interesses dos outros se salvem. O problema é que, na Europa, as piranhas actuam de maneira diferente: ainda estão a saborear a Grécia e já estão a salivar com Portugal, a Espanha e a Itália.
É a União Europeia que alimenta o gosto de sangue das piranhas com pedaços das suas gorduras. Mas agora as piranhas estão a chegar ao naco mais saboroso: Itália e Espanha são parte do lombo da Europa. Se se concretizar a abordagem às suas dívidas ao estilo do pirata Barba Ruiva, o BCE não conseguirá passar um cheque para que tudo fique resolvido: seria demasiado volumoso.
Se Espanha e Itália entrassem em incumprimento, a credibilidade do euro ficaria destruída e seriam anunciadas as exéquias fúnebres da moeda. A banda sonora manter-se-ia o "Hino à Alegria" de Beethoven, para não destoar. O euro não foi desenhado para naufragar em incumprimentos. Queria ser a nova moeda de referência mundial, como contraponto ao dólar. Sonhou-se que, um dia, os petrodólares seriam substituídos pelos petroeuros. O problema é que com líderes tão politicamente escanzelados como a senhora Merkel, van Rompuy, Sarkozy ou Durão Barroso, o sonho transformou-se em pesadelo.
A Europa vive a sua bancarrota moral. E deixou de pensar. A UE e o euro não são apenas a soma das suas partes. São um conceito. Quando este desaparecer, a UE implodirá. A Europa entrou em incumprimento. Moral e político. Não é preciso uma agência de "rating" para provar isso.
20 Julho2011
12:05
Fernando Sobral - fsobral@negocios.pt
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