Fórum das Regiões: Diz o que pensa e não aquilo que alguém quer ele diga e isso já é muito importante. Quanto ao conteúdo em causa ... se calhar tem razão, dizemos nós.
Rui Rio quebrou o silêncio, mas não o tabu. Em
entrevista à RTP, atacou Menezes, mas não apoiou Moreira. Não rejeitou disputar
a liderança do PSD, mas afirmou que, se depender só de si, não volta à
política.
Dois meses antes de abandonar a Câmara do
Porto, onde chegou há 12 anos após uma inesperada vitória eleitoral, mas
posteriormente consolidada com duas maiorias absolutas, Rui Rio confirmou
ontem, pela primeira vez, a zanga com o PSD, e declarou guerra a Luís Filipe
Menezes, seu putativo sucessor.
"Não posso aceitar que o meu partido peça
sacrifícios aos portugueses porque o anterior Governo endividou o país e que
depois escolha para me suceder uma pessoa que, em termos relativos, ainda fez
pior a Gaia do que o PS fez ao país", criticou, em entrevista à estação
pública.
Rio acentuou o ataque a Menezes, que acusou de
lhe ter feito "mais oposição do que o próprio PS", e disse sentir
"obrigação ética" de se demarcar dele. "Se o apoiasse, era
hipócrita. Se me calasse, era oportunista. Dizendo o que deve ser dito,
demarcando-me das suas promessas, que conduziram Gaia a um endividamento
brutal, estou a defender a coerência e a frontalidade". O ainda autarca
não perdoa ao PSD a escolha do candidato para o Porto. "É lamentável que o
meu partido tenha pedido aos portuenses durante 12 anos para votarem em mim, e
agora já está a pedir para votar num candidato diametralmente oposto". É
este tipo de comportamento, insistiu, "que descredibiliza a
política".
Se o ataque a Menezes foi claro, o apoio a Rui
Moreira ficou por oficializar. Ficou implícito. "Candidaturas
independentes não nascem por milagre", afirmou. "Há um movimento de
topo na sociedade portuense que o apoia". Não foi mais longe, mas lançou
um desafio ao eleitorado: "Olhem para as opções e perceberão qual se
aproxima mais de mim".
O segundo tabu que tem perseguido Rui Rio
prende-se com a disponibilidade para disputar a liderança do PSD. Mas, também
aí, o economista foi evasivo. "Acusavam-me de usar o Porto como trampolim
para chegar ao Governo. Sempre disse que estava com os dois pés no Porto e
cumpri. É com a autoridade de quem cumpriu que digo que só se houvesse alguma
coisa transcendente no país alteraria o meu plano de vida, que passa por voltar
à minha vida profissional, fora da política". A afirmação não vale para
sempre. "Se acontecer alguma coisa que me coloque entre a espada e a
parede, destruiria a minha credibilidade se fugisse".
Fonte: Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário