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O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Governo precisa de um polígrafo

A mais recente polémica que se abateu sobre o Executivo de Pedro Passos Coelho (ou será de Paulo Portas?) arrisca-se a errar os alvos. Que Joaquim Pais Jorge, recém-nomeado secretário de Estado do Tesouro e antigo quadro do Citigroup, andou a meter os pés pelas mãos em matéria de responsabilidade na venda de contratos swap ao Governo de José Sócrates parece hoje óbvio para todos. Já lá vamos.

Convém lembrar, antes de formularmos qualquer juízo de valor sobre Pais Jorge, que o agora secretário de Estado foi nomeado pela ministra das Finanças e é uma pessoa de inteira confiança da também acossada, curiosamente em matéria de swaps - e de Paulo Portas -, Maria Luís Albuquerque. Não é decente, por isso, o silêncio da ministra que permite deixar cozer em lume brando um homem da sua equipa trazido para o Governo, numa altura que ela própria era o foco da polémica em volta dos contratos de risco.

Outro caso sério em torno de Pais Jorge é o do seu colega de Governo Pedro Lomba. O secretário de Estado-adjunto do Ministro adjunto (é assim mesmo a designação, acredite) disse ontem no peculiar, chamemos-lhe assim, 'briefing' governamental que "foram detetadas inconsistências, que nesta fase merecem análise e cuidado" sobre a presença do secretário de Estado do Tesouro "nas reuniões sobre a venda, a suposta venda, de swaps". Assim, sem hesitação, Lomba anunciava ao país, em direto nas televisões, que um governante em funções estava a ser alvo de uma inquirição do Governo para avaliar se se trata, ou não, de um mentiroso. Lomba foi mais longe ao anunciar que o resultado desta investigação seria tornado público ainda nesta terça-feira. Perto da meia-noite, nenhuma explicação tinha sido dada. E, se assim tiver continuado nos minutos seguintes, o que dirá Pedro Lomba hoje? O que fará o secretário de Estado do ministro Poiares Maduro, arrojado inventor destes inconsequentes encontros com a imprensa?

Voltemos então a Pais Jorge. Confrontado na passada sexta-feira num dos já referidos 'briefings' - ainda com Lomba a seu lado - o secretário de Estado do Tesouro disse nada ter a ver com os swaps que o Citigroup tentou vender e isto apesar de ser seu alto quadro em Portugal. Tropeçou nas explicações sobre o seu papel na instituição financeira, mas insistiu que "não tinha responsabilidades diretas na venda de produtos derivados" que teriam como objetivo ocultar dívida nacional perante os parceiros europeus. Além de garantir não ser responsável, Pais Jorge afirmou categoricamente não ter ideia de ter participado em reuniões em São Bento.

A investigação dos jornalistas da SIC e da "Visão" deu uma ajuda ao desmemoriado governante. De facto, Pais Jorge não participou num, mas sim em três encontros com os assessores económicos de Sócrates.

Não sabemos se a peculiar investigação que Lomba prometeu tornar pública ontem vai chegar a esta conclusão. Será por isso prematuro especular sobre o futuro previsível de Pais Jorge. E, já agora, de Lomba e de Maria Luís Albuquerque. O que sabemos é que ficaria bem ao duo Passos/Portas investir num polígrafo e sujeitar ao detetor de mentiras, a partir de agora, os mais que certos candidatos a tapar as inevitáveis brechas que se avizinham num executivo que não para de nos surpreender pelas suas trapalhadas.


Alfredo Leite, no JN

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