O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Tanto sacrifício para quê?

Ninguém me levará a mal que pense com alguma lógica o que aconteceu na vida política nacional em apenas 24 horas e que parece ter fugido a toda e qualquer lógica. Que é disso mesmo que se trata quando alinhamos o relógio dos factos políticos: demissão do ministro de Estado e das Finanças e número dois do Governo, pedido do líder do PS ao presidente da República para uma reunião de emergência com o objetivo de debater um cenário de eleições antecipadas, designação da nova ministra das Finanças, até então secretária de Estado na equipa do ministro demissionário, anunciada ascensão do ministro dos Negócios Estrangeiros de número três a número dois do Governo, demissão do ministro que era presumido ser o novo número dois do Governo, tomada de posse da nova ministra das Finanças dada pelo presidente da República. Uf!
Finalmente, à hora dos telejornais, o primeiro-ministro anunciou ao país que não tinha aceite a demissão do seu novo número dois e que continuava no cargo.
Qual a lógica disto?
Desde logo, pode ter acontecido que o ministro das Finanças Vítor Gaspar se tenha demitido por concluir que, para além de ter falhado sucessivas previsões, também não conseguiria atingir a meta final do défice, apesar de negociada por várias vezes com a troika, muito menos nas condições enunciadas pelo presidente da República e toda a Oposição e até parte do Governo e dos deputados que o apoiam, ou seja, dando alguma folga aos portugueses e aliviando-os da insuportável carga fiscal que mata o consumo ou ajudando as empresas a retomar a produção e a criar emprego.
Na mesma lógica, também pode ter acontecido que, munido do conhecimento do contexto internacional, fruto das suas inúmeras viagens como embaixador da nossa economia, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, tenha antevisto o falhanço de Vítor Gaspar no plano em que o ministro das Finanças mais precisava para satisfazer os compromissos com a troika: o do indispensável caudal de investimento estrangeiro e o da descoberta de mercados disponíveis para comprar os nossos serviços e produtos, sendo que qualquer destes desígnios teria de ser muito mais do que promissor de modo a garantir que o pós-troika pudesse vir a existir fora dos termos atuais em que governar Portugal significa exclusivamente cortar, cortar e cortar... despesa.
Mas se as políticas e os seus resultados explicam estas demissões, resta encontrar explicação para Passos Coelho se manter no cargo.
E só parece haver esta: o primeiro-ministro, o homem, acha que a sua circunstância é mais do domínio do religioso que do político.
Porém, é certo que um dia terá de responder aos portugueses: tanto sacrifício para quê?


Manuel Tavares, no JN

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