O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Gaspar, o PS e Portas

A demissão de Vítor Gaspar é o resultado direto de os deputados da maioria não terem acatado o catálogo de argumentos que o ministro das Finanças lhes enviou com o objetivo de que votassem contra as dez medidas de apoio às empresas e criação de emprego que o PS apresentou na Assembleia da República, das quais nada menos de oito foram generosamente acolhidas pela maioria de apoio ao Governo.
Através da rejeição de duas das dez proposta socialistas - a da redução do IVA de 23 para 13 por cento e a da revisão da lei geral tributária para viabilizar os processos especiais de revitalização das empresas - poderia parecer que os deputados do PSD e do CDS estariam apenas a encontrar os consensos políticos minimamente aceitáveis como abrangentes, que ainda caberiam na espartana folha de cálculo de Gaspar.
Acontece que entre as oito medidas aprovadas, uma delas era certamente intolerável para o então ministro das Finanças: acossado pelos números do desempenho orçamental, Gaspar talvez não pudesse aceitar que a CGD se tornasse na fiel depositária das dívidas do Estado às empresas pagando-as prontamente e dessa missão resultassem custos de médio e longo prazos que tornassem o banco do Estado menos apetecível. E logo no momento em que o tema dessa privatização emergiu como uma das possíveis tábuas de salvação para o cumprimento das sacrossantas metas acordadas com a troika.
Ninguém saberá ao certo o que ocorreu e a história está cheia de momentos em que circunstâncias diversas, ditadas por razões muito diferentes, acabam por convergir num resultado que verdadeiramente ninguém podia antever. Por exemplo: o facto do PS ter etiquetado as suas dez medidas como de "custo zero" tornou muito difícil a vida aos deputados da maioria.
Mas o que talvez valha a pena reter é que Gaspar tinha dado todos os sinais de que não seria homem para patrocinar a redução da carga fiscal necessária para as famílias e as empresas poderem respirar. O seu modelo de contas com o exterior era alheio às consequências, por assim dizer. Ao mais puro estilo da economia de guerra, as perdas estavam destinadas a ser catalogadas como danos colaterais ou males menores: os empobrecidos, os falidos, enfim o país das pequenas e médias empresas, dos pequenos e médios aforradores, dos pequenos e médios consumidores.
Haverá outras interpretações para esta demissão e a mais óbvia será a que obedece ao ditame de que em política o que parece é: Portas! Porque no plano mediático foi o grande opositor de Gaspar. Basta recordar os episódios da TSU e dos reformados para apoiar essa visão das coisas.
Não tardaremos em saber: a reforma do Estado, que está nas mãos de Portas, dir-nos-á se era o social que o separava de Gaspar. Ou não.


Manuel Tavares, no JN

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