O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Elas não matam, mas moem

O povo, na sua infinita e comprovada sabedoria, costuma colocar na gaveta dos provérbios as adversidades que, de forma mais ou menos contínua, vão atrapalhando a vida dos indígenas. A fórmula alcançada é curiosa: quando dizemos "elas não matam, mas moem", estamos, simultaneamente, a carregar no peso das contrariedades e a garantir que, ainda assim, na medida em que elas não "matam", há caminho a fazer para ultrapassar os desgostos e os entraves. Tomemos dois exemplos da atualidade para entender melhor a acuidade do provérbio.
O candidato do PSD à Câmara do Porto ficou a saber, na passada sexta-feira, que o Tribunal Constitucional (TC) não aceitou o recurso que visava retirar legitimidade ao Movimento Revolução Branca para travar a candidatura do autarca de Gaia ao município portuense. Como o TC decidiu "não tomar conhecimento" da ação interposta por Luís Filipe Menezes, mantém-se, para já, a decisão do Tribunal de 1.ª Instância: não pode ser candidato, por ter feito três mandatos em Gaia.
Bem vistas as coisas, continua tudo como estava, depois deste incidente meramente processual. A decisão final e irrevogável há de conhecer-se um dia destes, quando o TC decidir pronunciar-se sobre a matéria principal: pode, ou não, Menezes candidatar-se ao Porto? Mas, lá está, este incidente processual trouxe novamente à tona o tema que, porventura, mais desgaste político tem provocado na candidatura do autarca de Gaia. E isso é bem visível no tom de crispação cada vez mais agudo usado por Menezes para responder às perguntas que lhe são colocadas sobre a matéria.
Desta vez, Menezes chegou mesmo a sugerir, por comparação com o que está a acontecer com Fernando Seara em Lisboa, que o eventual chumbo do TC à sua candidatura será resultado de uma espécie de estratégia concertada na capital contra o Norte. Ou, mais concretamente, contra quem quer afirmar o Norte a partir do Porto. É um erro crasso reagir deste modo. Menezes não pode atirar pedras contra fantasmas, porque os fantasmas não existem (até prova em contrário). Menezes não pode soçobrar ao nervosismo quando a calma e a paciência são o remédio. Menezes anda nisto há demasiado tempo para saber que os pormenores contam. E numa campanha tão apertada como a do Porto, contam mesmo muito. Elas não matam, mas moem.
Segundo exemplo. O PSD e o CDS aprovaram 8 das 10 medidas apresentadas no Parlamento pelo PS tendo em vista a criação de emprego e a melhoria das depauperadas condições de vida das empresas. Na manhã da votação, o Ministério das Finanças fez chegar aos deputados da maioria um extenso argumentário contra cada uma das medidas em causa. Para nada. Eis uma demonstração cabal da acentuada perda de poder político de Vítor Gaspar dentro do Governo. Há uns meses, os deputados teriam lido e memorizado a cartilha das Finanças sem pestanejar. Agora, em nome de um consenso pífio que procura amenizar a evidente degradação das condições do exercício do poder pelo Governo, a opinião de Gaspar foi simplesmente obliterada. É o mais forte sinal de que o tempo do ministro está a chegar ao fim. Lá está: elas não matam, mas moem.


Paulo Ferreira, no JN

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