O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sonho truncado

Através de um acesso simplificado ao ensino superior, o regime ‘maiores de 23’, foram muitos os milhares que concretizaram um sonho adiado: ter uma licenciatura. Este é um tipo de aspiração que pode agora ruir e perder-se na enxurrada da crise.

Milhares de trabalhadores no ativo chegaram pela primeira vez ao ensino superior. Tendo abandonado a escolaridade no secundário há décadas, mas com uma experiência profissional rica, decidem agora complementar com conhecimentos teóricos a experiência prática da sua rica vida laboral. Louvável! Um segundo grupo de alunos ‘maiores de 23’ é constituído por reformados que pretendem enriquecer esta fase das suas vidas, valorizando a sua componente intelectual. A estes vieram ainda juntar-se, por simpatia, outros que haviam desistido das suas licenciaturas a meio do percurso. A integração destes alunos no sistema de ensino superior constituiu um desafio. Um desafio plenamente superado. Apesar de muitos não estudarem há muitos anos, o seu entusiasmo rapidamente os fez recuperar a ginástica mental. Compensaram as fraquezas com a sua férrea vontade.
A integração destes novos alunos com quarenta, cinquenta ou mais anos de idade num sistema frequentado maioritariamente por jovens de vinte foi surpreendente. A intergeracionalidade foi talvez a maior vitória deste inovador regime. Os mais jovens transmitem aos mais velhos os conhecimentos científicos mais recentes, ajudam-nos na informática. Os mais velhos comunicam aos mais novos o saber de experiência feito, ensinam-nos a superar as dificuldades da vida. Este modelo veio permitir o casamento de uma juventude hiperativa com a ponderação própria de idades mais maduras. Com as dificuldades dos últimos tempos tem-se assistido à debandada de muitos dos alunos ‘maiores de 23’. Uns porque têm de trabalhar mais tempo para defender os seus empregos, outros porque ficaram desempregados. Alguns reformados abandonam, pois o orçamento familiar já não permite o pagamento de propinas. A vida de todos fica mais pobre. Financeiramente, mas sobretudo intelectualmente.
Deste modo, falsas medidas de combate à crise chegam ao ponto de inibir o conhecimento. Assim, o subdesenvolvimento tornar-se-á irreversível.

Por:Paulo Morais, Professor Universitário, no CM

Sem comentários:

Enviar um comentário