O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

A função pública das TV às 20h


O desígnio do ajustamento das contas públicas devia implicar a proibição dos telejornais às 20 horas. O Estado esbanja milhões de euros a pedir estudos e pareceres sem rei nem roque a escritórios de advogados e afins, mas nunca ninguém se lembrou de requisitar algo de muito útil: a aferição dos prejuízos decorrentes das más notícias transmitidas quando os portugueses se sentam à mesa para jantar.
A regra (e a técnica) instituída é perniciosa. Governos, oposições, presidentes da República - até o Tribunal Constitucional, como ainda recentemente se viu... - aproveitam a entrada do horário nobre para anunciar ao povo decisões austeras para as suas vidas, ou desentendimentos demagógicos. Umas e outros resultam em más digestões, neuroses, insónias, enfim, são nocivas e implicam despesas de saúde ou perdas de produtividade. Ora, de tão flagrantes consequências, é até difícil perceber como o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ainda não equacionou uma solução drástica....
Sendo incontornável - até ver... - a nossa condenação às más notícias à entrada dos telejornais, preparemo-nos todos para mais uma sexta-feira aziaga, não obstante não ser dia 13.
Para as 20 horas de hoje, mais coisa menos coisa, entre dois telepontos e uma bandeira nacional, está prevista mais uma das tais comunicações ao país. Autor: o primeiro-ministro. Cuidado!...
Tudo aponta para que Passos Coelho anuncie ao país um conjunto de decisões destinadas à continuidade do emagrecimento do Estado - do défice, segundo uns, dos portugueses no geral, segundo outros. Nada de animador, em qualquer caso.
Por onde vai passar, então, o aprofundamento da política draconiana em curso?
Algumas das alíneas da continuidade da austeridade já transpiraram - e o substancial do conhecido tem como alvo a Função Pública.
A confirmar-se, o programa é apocalíptico para os funcionários públicos e respetivas famílias, mas simultaneamente para a economia nacional.
A sobrecarga de descontos para a ADSE, passando dos 1,5 para os 2,25, a redução do período de férias, o aumento das horas semanais de trabalho e, já agora, o corte numa série de suplementos remuneratórios serão já de si geradores de angústias. Some-se-lhes as reduções de verbas a atribuir durante o período em que muitos deles estarão no chamado limbo da mobilidade e o panorama tornar-se-á negríssimo.
Não sendo nenhum dos atuais funcionários públicos responsável pelo estatuto agora em processo de destruição, para todos os efeitos a nocividade dos anúncios previstos será proporcional a um nivelamento tendencial aos pressupostos do setor privado. É o chamado aprofundamento da equiparação e equidade defendida pelo Tribunal Constitucional entre os setores público e privado.
As análises à chaga do desemprego, até agora, faziam-se segundo regiões, sexos, idades. Mas sempre no pressuposto exclusivo e verdadeiro do mercado de trabalho dos privados. Mas, por este caminho, em nome da igualdade, mais cedo do que tarde ter-se-á de acrescentar outra alínea: a de ex-funcionários públicos.

Fernando Santos, no JN

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