Mais de 14% dos 4,6 milhões de famílias que têm dívidas à banca já estavam em incumprimento em Março. No que respeita às empresas, esse número sobe para 22%, segundo os últimos dados do Banco de Portugal.
A maior parte do incumprimento dos empréstimos pelas famílias junto das instituições de crédito diz respeito a créditos ao consumo (15,7%), enquanto na habitação a percentagem de famílias devedoras com crédito malparado era de 5,5%.
De acordo com a pesquisa, conduzido nos dias 2 e 3 de Abril (ainda antes do anúncio do pedido de ajuda de Portugal ao fundo da UE e do FMI), 23% dos 1288 inquiridos confirmou que teve dificuldades em pagar no prazo acordado. No mesmo inquérito conduzido em Outubro do ano passado, a proporção estava em 20%. Da mesma forma, a percentagem de pessoas que garantiram não ter sentido problemas com o custo da sua habitação desceu de 77% para 66% entre Outubro de 2010 e Abril deste ano. De sublinhar também que este era o ponto da situação antes de o BCE subir juros, decisão tomada no passado dia 7 de Abril. O banco central aumentou a taxa de juro directora para 1,25%. Desde Julho de 2008 que a instituição mantinha a sua taxa, o principal indexante das Euribor, num mínimo histórico de 1%.
O barómetro do CESOP/UCP mostra ainda que os portugueses ouvidos estão mais aflitos do que há seis meses no que toca ao pagamento atempado das contas da água, gá e luz: 28% confirmou isso mesmo (23% em Outubro) e 65% garantiu que estava tudo controlado (75% há seis meses). Questionados sobre o stress financeiro nos gastos com alimentação e outras mensalidades (escola, creche, lares de idosos), a tendência foi similar: este tipo de despesas também está cada vez mais difícil de cumprir
por Luís Reis Ribeiro
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