O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A crise vai entrar em crise

Foi em 1415, o ano da conquista de Ceuta? Ou um pouco mais tarde, em 1453, quando Constantinopla caiu às mãos do Império Otomano? As opiniões dos historiadores dividem-se quanto ao acontecimento que marca o fim da Idade Média. Há até os que preferem situá-lo em 1492, quando Colombo achou a América julgando que estava a chegar à Índia.

Assinalar marcos cronológicos ajuda à compreensão do passado e facilita a exposição de conhecimentos. Mas pode ser prejudicial se a importância das datas-baliza não for contextualizada.

O assassinato em Sarajevo do arquiduque Francisco Fernando deflagrou a I Guerra Mundial porque foi a faísca que fez explodir o barril de pólvora que a Europa era em 1914. E ao contrário da versão simplex de Sócrates, o Mundo não mudou em 15 dias, após a falência da Lehman Brothers, que foi apenas a gota de água que fez transbordar um copo cheio pelas vigarices e malfeitorias cometidas por um bando de financeiros gananciosos deixados à rédea solta pelos governos.

Eu costumo indicar a compra do BPA pelo BCP, finalizada em março de 1995, como o acontecimento que marcou o início do declínio do Norte e, por arrastamento, do resto do país. Mas a transferência para Lisboa de um dos últimos centros de poder que resistiam fora da capital, bem como a sua concentração em mãos aventureiras (a história recente do BCP encarregou-se de dar razão às profecias de João Oliveira), foi apenas o ato final da tragicomédia do processo de privatizações conduzido por Cavaco.

Em vez de favorecer a consolidação dos grupos privados emergentes, que tinham despontado a Norte após o 25 de Abril, Cavaco preferiu entregar bancos, seguros e grandes companhias, nacionalizadas no calor da revolução, a capitalistas jarretas sem capital, que apenas tinham prosperado à sombra dos favores do salazarismo - e/ou encher os bolsos de comissões e mais-valias a uma corte de laranjinhas sequiosos de dinheiro e poder.

Como sou otimista e confiante no futuro, quero acreditar que a constituição do banco de fomento, prevista para o final da primavera e que coincidirá com a partida da troika, será a data que assinalará o fim do período de estagnação e sacrifício em que vivemos.

Em vez de apostar no jackpot do Euromilhões, prefiro depositar todas as fichas da minha esperança no banco que a partir do Porto vai aumentar a liquidez numa economia exangue e assim tentar compensar os efeitos perniciosos do enorme aumento de impostos, da colossal redução da despesa e da brutal crise de crédito que em três anos retirou 14 mil milhões de euros de financiamento às PME.

Para criarem emprego e aumentarem ainda mais as nossas exportações, as empresas precisam do sangue do crédito a preços competitivos e maturidades razoáveis que lhe tem sido negado pela generalidade da Banca. Religiosos ou não, todos rezamos para que o banco de fomento seja o remédio eficaz para a doença do crédito escasso e caro - e a ferramenta que nos ajude a fazer com que esta crise entre em crise e passe à História.


Jorge Fiel, no JN

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