Bastou o primeiro-ministro grego anunciar que
consultará o povo, através de referendo, sobre as novas e gravosas medidas de
austeridade e perda total da soberania orçamental impostas ao país pelos
"mercados" e seus comissários políticos em Bruxelas e nos governos de
Berlim e Paris para cair a máscara democrática desta gente.
Na pátria da Democracia, o Governo decide-se
por um processo democrático básico e Sarkozy fica "consternado" e
considera a decisão "irracional" enquanto alemães e FMI se mostram
"irritados" e "furiosos" com ela. E Merkel e Sarkozy
assinam um comunicado conjunto dizendo-se "determinados" a fazer com
que a Grécia cumpra as suas imposições e lhes ceda o que ainda lhe resta de soberania;
só lhes faltou acrescentar "queiram os gregos ou não queiram" e
mobilizar a Wehrmacht e a "Force de Frappe"...
Até Paulo Portas, ministro de uma coligação
eleita com base em compromissos eleitorais imediatamente rasgados mal tomou
posse, está "apreensivo".
O medo que esta gente, que tanto fala em
Democracia, tem da Democracia é assustador. Aparentemente, o projecto de
suspensão da Democracia por 6 meses (ou por 48 anos) estará já em curso. Pinochet
aplicou no Chile as receitas de Milton Friedman suspendendo sangrentamente a
Democracia. Como é que "boys" de Chicago como Gaspar ou Santos
Pereira, que chegaram a ministros sem nunca antes terem governado sequer uma
mercearia, o fariam em Democracia?
Manuel António Pina, no JN
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