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O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Baixar salários. Militantes do PSD e CDS contra proposta de António Borges

Fórum das Regiões: Talvez fosse oportuno perguntar ao cavalheiro quanto ganha, para "acompanhar" o processo de privatizações em Portugal, seja isso lá o que fôr, e saber quanto estaria disponível para baixar o seu salário. Querem baixar quanto a quem ganha 600 ou 700 euros?



Silva Peneda e António Pires de Lima dizem ao i que reduzir os salários não é o caminho para tornar a economia mais competitiva

“Diminuir salários não é uma política, é uma urgência.” A polémica frase de António Borges, conselheiro do governo, já levantou críticas dentro do PSD e CDS. Silva Peneda e António Pires de Lima são peremptórios ao afirmar que a competitividade da economia não se ganha com ordenados baixos.

“Pensar na competitividade da economia à custa da redução salarial é empurrar-nos para uma economia de terceiro ou quarto mundo”, afirma ao i o presidente do Conselho Económico e Social (CES), José Silva Peneda. Também o presidente do Conselho Nacional do CDS, António Pires de Lima, diz não partilhar da tese de que “os salários dos trabalhadores são o principal problema das empresas”. Opiniões a que se junta a do ex-dirigente do PSD, António Capucho, que classifica as declarações de Borges de “inoportunas”.

Numa entrevista à Etv, o homem forte do governo para as privatizações defendeu que não é possível escapar à moderação salarial. Uma receita que está longe de ser consensual no seio dos partidos da maioria. Na sexta-feira, o líder parlamentar centrista, Nuno Magalhães, tinha afirmado que o “silêncio é de ouro” sobretudo em “momento de dificuldade” em comentário às declarações de Borges. Agora Pires de Lima insiste que existem outras receitas que podem ser utilizadas para as empresas crescerem em vez da redução salarial. “Não alinho na tese de que se uma empresa tem sucesso é porque tem um bom gestor mas se tem problemas então a culpa é dos trabalhadores”, refere ao i o presidente da Unicer, lembrando que os ordenados em Portugal “não são altos” e que o salário mínimo é, aliás, dos mais baixos da Europa. “O problema das empresas não está aí”, reforça.

Também António Capucho afirma que “insistir” numa nova baixa generalizada dos salários “é disparatado”, apesar de admitir que tal possa ser acordado em situações pontuais, por exemplo, uma empresa em risco de falir. “Agora essas declarações merecem a minha repulsa e são de quem não tem uma visão correcta da situação que o país atravessa”, diz ao i o ex-conselheiro de Estado.

Já o ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, Miguel Beleza, admite que baixar ordenados pode ter um impacto positivo na economia, mas “duvida que seja a prioridade”. Então qual a solução? Beleza arrisca dar algumas ideias: redução da taxa social única – “apesar de neste momento não podermos reduzir impostos sem ter de aumentar outro imposto para compensar” – e a flexibilização laboral, como o banco de horas, uma medida já adoptada pelo governo.

Certo é que o problema de financiamento às empresas é um dos “principais bloqueios” na economia, considera Pires de Lima. Também o ex-ministro de Cavaco Silva, Silva Peneda, afirma que o acesso ao crédito é o “problema número um” das empresas. E para libertar o financiamento necessário ajudava que Estado e empresas públicas pagassem as dívidas aos bancos, refere o dirigente do CDS.

Já o presidente do CES acredita que os problemas da economia “não se resolvem com simples legislação laboral” porque “há factores muito mais importantes”. Por exemplo, reduzir os custos de contexto, como a energia, um acesso ao crédito mais facilitado e “ainda outros factores como a motivação dos trabalhadores que são mais determinantes”.

Além dos problemas estruturais da economia já enumerados, acrescem outros: “A capacidade de gestão e liderança de um empresário tem, na maior parte das vezes, a maior quota de responsabilidade no sucesso de uma empresa”, afirma Pires de Lima.

Sónia Cerdeira, Jornal I

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