Nunca o euro esteve tão perto do desastre. Enquanto o cenário de falência de Atenas ganha cada vez mais força, a gravidade das palavras da comissária grega Maria Damanaki, responsável pelas Pescas e Assuntos Marítimos na Comissão liderada por Durão Barroso, provocou ontem um terramoto em Atenas e na confiança dos agentes dos mercados atentos à evolução da crise da dívida soberana na Europa. "O maior feito da Grécia no pós-guerra, o euro e a integração europeia do país, estão em perigo. O cenário de a Grécia se distanciar do euro está em cima da mesa. Ou acordamos com os nossos credores [UE e FMI] um programa de duros sacrifícios que produza resultados e assumimos a responsabilidade pelo nosso passado, ou regressamos ao dracma [antiga moeda grega]", escreveu ontem Maria Damanaki na sua página na internet.
Foi a primeira vez que um membro do executivo comunitário assumiu oficialmente que um dos 17 países do euro pode abandonar a moeda única para lidar com a crise da dívida que dilacera a Europa há 18 meses.
As palavras da socialista grega Maria Damanaki destinavam-se sobretudo aos líderes políticos da Grécia, e surgiram um dia depois de os partidos da oposição gregos recusarem apoiar as propostas do actual governo de George Papandreou: um novo programa de austeridade de seis mil milhões de euros e um programa de privatizações de 50 mil milhões (até 2015). Esta é, aliás, uma imposição da União Europeia e do Fundo Monetário (UE/FMI) para libertar a quinta tranche do empréstimo de 110 mil milhões de euros. A Grécia espera receber em Junho 12 mil milhões de euros da UE/FMI, caso contrário entrará em incumprimento, como avisou na terça-feira o ministro das Finanças George Papaconstantinou.
Jornal de Negócios
Jornal de Negócios
Sem comentários:
Enviar um comentário