O "Fórum das Regiões", defende uma Região Norte coincidente com a actual região-plano (CCDR-N) e um modelo de regionalização administrativa, tal como o consagrado na Constituição da República Portuguesa.

O "Fórum das Regiões", considera a Regionalização o melhor modelo para o desenvolvimento de Portugal e para ultrapassar o crescente empobrecimento com que a Região Norte se depara.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O PAÍS TEM QUE SER REPENSADO…!

Não é justo que sejam os pobres, a ter que pagar a crise! Os ricos, esses, “escapam” sempre ilesos pelo voto da Assembleia da República.

Anda o governo, patrões e sindicatos a discutir a eventual actualização do salário mínimo para 500 euros, compromisso assumido anteriormente. Ao que tudo indica, agora não chegarão a acordo e o governo não está capaz de impor esta decisão. Parece que as empresas não estão capazes de sustentar tamanha loucura!!!.
Por outro lado, cortam-se os salários dos funcionários públicos (ah, com excepção dos do mundo empresarial do estado); retira-se o abono de família aos ditos funcionários, menos 11 Euros por cada filho; aumentam-se cegamente os impostos e diminuem-se contrapartidas sociais. No outro lado da moeda, não se tocam nos ordenados e rendimentos milionários; os gastos do estado em coisas supérfluas, como deslocações para membros do governo ou gastos com acções de marketing (ex. organização de conferências!) não diminuem, antes pelo contrário; a Lei que a partir de 1 de Janeiro deveria impedir a acumulação de reformas e ordenados, parece que vai passar a ser excepção, uma vez que as excepções criadas são tantas, que passam a ser a norma. Enfim, é o País e os governantes que temos.
Este enquadramento, quer no que toca ao salário mínimo, quer quanto aos cortes implementado, são especialmente graves quando sabemos que Portugal é o país mais desigual da Europa, onde salários baixos, demasiado baixos e salários altos, demasiado altos, que convivem lado a lado, humilhando aqueles que ganham pouco, muito pouco. Segundo um estudo publicado recentemente, cerca de um milhão de trabalhadores (com emprego) vivem próximos do limiar de pobreza, mas, digo eu, não passam já de gente pobre. Esta desigualdade já não é só um problema social, é também um problema económico. Como podemos nós acrescentar algum valor ao que produzimos, se quem produz, vive no limiar da sobrevivência, ou melhor, procura sobreviver?
No mesmo momento em que se recua neste compromisso de dignidade mínima (salário mínimo de 500 euros), o Parlamento chumbou uma proposta do PCP (votos contra do bloco central – PS e PSD - e do CDS/PP), que obrigaria os accionistas da PT, dentro dos limites da lei, a pagar, como devem, impostos sobre os dividendos que recebem. E vão recebê-los ainda em Dezembro para fugir aos impostos, isto com a conivência daqueles que castigam os mais pobres com aumento de impostos e diminuição de rendimento. Ou seja, os deputados e governantes acham que a PT e todas as outras empresas que estão na mesma situação e que vão beneficiar desta votação, não devem contribuir para o esforço nacional de endireitar as contas públicas.
Que moral tem o PSD de criticar o governo dos Açores, quando tem atitudes destas na Assembleia da República? Ou quando se abstém numa proposta para suspender definitivamente as grandes obras públicas e PPP`s viabilizando a vontade do governo?
Posso eu e qualquer um de nós, concluir então que, quem recebe o salário mínimo e vive próximo da miséria, apesar de ter emprego, tem de compreender que estamos em crise e aceitar mais este sacrifício. Quem recebe os lucros de um negócio (no caos da PT a venda da VIVO no Brasil) - onde, por acaso, o Estado desempenhou um papel central - não pode ser incomodado com obrigações para com a comunidade.
Este é um País onde os seus governantes e outros actores políticos já perderam a vergonha toda. É um País que vai de vergonha em vergonha, até à vergonha final. É um País politicamente miserável.

José Henriques Soares
www.forumdasregioes.blogspot.com e forumdasregioes@gmail.com

2 comentários:

  1. Receio que esses factos, que são verdadeiros, prenunciem o fim de um tempo.
    Pressinto o fim da política como confronto de ideias, resultado do desaparecimento das ideologias.
    Antevejo as políticas sociais, moribundas e a Europa, estereotipo do continente civilizado, rico e culto, agonizante como tal.
    O valor que prevalece é o económico, tudo o resto são futilidades e minudências.
    Um exemplo paradigmático é a China.
    A China, há trinta anos, era vista por todos, como o Império do Meio/Império do Mal, dado o regime politico ditatorial e sangrento que detinha, hoje, é tida como um "exemplo a seguir", um "case study" fruto do crescimento económico que o país tem tido e que leva já alguns governantes europeus a "baixarem a cabeça" aos seus lideres, tendo em vista algumas contrapartidas económicas interessantes.
    O que mudou na China?
    A China criou um regime político designado por “ Um país - dois sistemas” e que em traços gerais é isto: Na economia a filosofia é o capitalismo selvagem ( tipo escravatura no sul dos EUA , antes da guerra civil americana; meados do sec XIX), no restante ( direitos humanos, politica social, educação, saúde, justiça, segurança, etc.) o regime é comunista, ao nível dos tempos aureos de Estaline, Mao-Tse-Tung, ou Fidel Castro.
    Tenho pena, que assim seja e por isso, não posso deixar de concordar com a ideia de que “O país ( o mundo ) tem de ser repensado”.

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  2. Governo propõe aos sindicatos que as minutas dos contratos de trabalho explicitem que o salário de uma pessoa está directamente ligado à sua produtividade ou à qualidade do trabalho.»

    Aditamentos à proposta:

    a) Com excepção do senhor primeiro-ministro, dos ministros, e restantes membros do Governo.

    b) Com excepção do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Depósitos

    c) Com excepção das administrações dos hospitais públicos EPE

    d) Com excepção dos funcionários públicos da Região Autónoma dos Açores (e da Madeira, que também são filhos de Deus)

    e) Com excepção dos professores, quer sejam ou não afectos à Fenprof.

    f) Todos os casos omissos nas alíneas anteriores (funcionalismo público e sector empresarial do Estado) serão tratados consoante a filiação partidária ou simpatia política, por esta ordem.

    Por ser precisamente o que já acontece no sector privado (salário vs. produtividade), José Sócrates e a ministra Helena André têm a noção do ridículo da proposta, ou perderam definitivamente o contacto com o dia-a-dia do país que governam e vivem numa espécie de realidade paralela, uma Twilight Zone?

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