Inconsciente, um atrasado mental pode provocar danos irreparáveis
à sociedade se não se lhe resistir, primeiro, e ajudar, depois. Se o atrasado
mental estiver rodeado de rapaziada servil e ainda por cima encarnar o papel
dos antigos régulos, tanto pior.
No passado, a Europa viveu fases nas quais esteve entregue a
atrasados mentais - como Hitler. Pagou então um elevado preço, mas foi capaz de
se lhe opor, embora tarde. Sobrou dessas épocas algo de preocupante: não
aprendeu a lição. E daí ao surgimento de novos loucos de rédea à solta foi uma
curta distância.
Há hoje uns senhores na Europa a ensaiar uma escalada de
prepotência a que urge pôr cobro. A estratégia da criação de necessidades a
determinadas zonas da Europa alimenta um quero, posso e mando intolerável.
Fugindo dos referendos como o Diabo da cruz, sob a capa de uma
democracia fatiada, o poder dos eurocratas é o indício de maior preocupação.
Aos múltiplos exemplos de excrescências já conhecidos, o
Eurogrupo, uma espécie de messe de sargentos, teve agora mais uma decisão
abjeta. Aceitou um plano de resgate para o Chipre sob uma condição: a taxação
dos depósitos bancários dos cidadãos! Sim, recuaram ontem na ideia de aplicar
um imposto para contas abaixo dos cem mil euros, mas o princípio geral
mantém-se: o confisco das poupanças de uma vida!
Uma Europa assim, capaz de adotar todas as políticas e o seu
contrário, jamais inspirará confiança nos mercados financeiros - ou, mais
importante, nos seus simples cidadãos.
Meter o dinheiro debaixo do colchão e arriscar ficar sem ele por
via da ladroagem comum fez parte, achava-se, de um tempo reservado aos
incautos. Julgava-se ser apenas um risco terceiro-mundista ficar-se sem o
dinheiro depositado numa entidade bancária mas, pelos vistos, já por cá existem
os primeiros laivos de que não é bem assim...
Sabe-se, o confisco no Chipre não está, por agora, replicado em
nenhum outro país. Mas para lá se caminha se, à falta de reações enérgicas,
continuar uma parte dos europeus a entender não correrem o risco de ser
afetados.
Entrar em pânico não é o melhor receituário - antes piora as
situações.
Impõe-se, por isso, confiar na Banca - e das caixas multibanco, à
hora a que se escrevem estas linhas, ainda saem notas de euro. E amanhã,
também?
O governador do Banco de Portugal, pessoa acima de qualquer
suspeita, garante não estar o país, nem outros da Zona Euro, em risco de copiar
o Chipre. Mas ainda que assim não fosse, alguém acha que Carlos Costa faria
figura de tanso, muito tanso, e anunciaria por antecedência a decisão de taxar
ou cativar as contas bancárias?
Ora, ora...
Fernando Santos, no JN
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